sábado, 1 de junho de 2013

Direito e Cidadania

Problemas coletivos à parte, políticos se anunciam pré-candidatos

Como no Brasil há eleições a cada dois anos, e como isto de certa forma alimenta as pautas de jornais, rádios, televisões e mídia em geral, constata-se, desde o início do corrente ano, um enorme zum zum zum em torno de nomes que possivelmente disputarão cargos eletivos em outubro de 2014.

De deputado estadual a governador, muitos querem uma vaga em algum cargo público. A imprensa, ávida por especulações eleitoreiras, passa a divulgar nomes. Fulano será candidato a governador, Beltrano será candidato ao Senado Federal, outro concorrerá para o cargo de deputado, e por aí vai.

De fato, alguns até já fazem incursões por todo o Estado, em visitas a prefeitos, vereadores e outras "lideranças". Até se arriscam em meio à legislação eleitoral. Se não fazem propaganda eleitoral antecipada, fora do período legalmente permitido, ficam no limite do proibido.

O problema é que, apesar de tantos pré-candidatos já anunciados, não se ouve deles ou da imprensa que os incensa o principal: metas, planos de trabalho, propostas, ideias para solucionar os muitos e agudos problemas que atingem a sociedade como um todo, principalmente a sua camada mais sofrida.

Caminhadas, almoços, presenças em eventos sociais, discursos inflamados e imagens bem reproduzidas em fotografias estampadas em jornais e portais de notícia são o que se vê agora dos pré-candidatos. Propostas, soluções, pautas de trabalho: nada disso aparece.

Com raríssimas exceções (raras, mesmo!), a ideia que acaba povoando o imaginário popular é que seis que substituir meia dúzia.

O mais grave é que muitos dos pré-candidatos já são detentores de mandatos populares e cargos públicos relevantes, e, ao invés de perderem tempo em peregrinações eleitoreiras, poderiam estar usando o mandato ou o cargo para conseguir (ou ao menos tentar conseguir) benefícios à coletividade.

Outro dia a mídia estampou que o atual vice-governador Robinson Faria (PSD) disse que pretende ser candidato a governador para cobrar da atual governadora Rosalba Ciarlini Rosado (DEM) as "promessas não cumpridas". Isto é muito pouco para quem pretende ocupar o posto mais elevado do Poder Público estadual. É preciso mais.

Num Estado que sofre com problemas graves de (falta de) segurança pública, saúde, políticas voltadas para o campo e tantos outras enfermidades sociais, nunca foi tão fácil elaborar uma pauta, com propostas claras e objetivas para a solução desses problemas. Ao invés disso, os pré-candidatos esbanjam-se em aparições públicas, com fotografias ao lado de outras lideranças, com sorriso de orelha e orelha.

Se não há ações, pelo menos um debate em torno de projetos deveria ser estabelecido, afinal as ideias precedem as realidades. No entanto, não existe qualquer debate, qualquer discussão de propostas, qualquer estabelecimento de um amplo e proveitoso diálogo.

Quem já tem mandato ou ocupa cargo público relevante, com poder de gestão, que vá trabalhar! Institucionalmente, há várias formas de se colaborar para a melhoria de vida do povo, independentemente de estar com a caneta que ordena despesas. Se não é possível realizar, pelo menos há meios de se apontar e cobrar soluções adequadas. Ações como a da deputada federal Fátima Bezerra (PT), que conseguiu veículos e equipamentos para os Conselhos Tutelares de mais de sessenta Municípios potiguares, são elogiáveis. Infelizmente, porém, são escassas.

O que o povo não aguenta mais é o discurso de laboratório, com palavras de efeito, de pura enrolação.

No atual momento político norte-riograndense, o que se vê é um governo que até agora não funciona e vários pré-candidatos (muitos dos quais com passagem pelo governo, ex-aliados seu) que não apresentam propostas transparentes para os muitos problemas que assolam o sofrido povo do Rio Grande do Norte.

E, até 2014, infelizmente, a tônica será esta.

Alcimar Antônio de Souza
Editor do Blog O MESSIENSE.

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