sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Crônica

Soldado José Gurgel, nosso herói de verdade
Carlos Santos
Eis que surge um herói de verdade nesse pindorama potiguar: soldado José Gurgel Pinto.
Mesmo de folga, saiu em defesa do Apodi na madrugada da última terça-feira (12), sob cerrado tiroteio desencadeado por assaltantes de um banco.
Foi baleado e durante longas horas não tinha um leito de UTI para receber a devida assistência hospitalar.
É a antítese daquele servidor público que não dá expediente, e ainda recebe por hora-extra e plantão sem trabalhar.
Viva o soldado Gurgel!
Mas estranhamente, quase ninguém influente sai em defesa do nosso herói. Não ouço discursos eloquentes, vozes veementes e  louvações ao seu destemor.
Alguém procurou saber como está sua família material, psicológica e fisicamente?
Cadê twittaço desse ou daquele lado político para exaltá-lo e em mobilização por seu restabelecimento?
Ao sair do hospital, com saúde (amém!), o soldado Gurgel precisa ser condecorado por bravura.
Melhor ainda é respeitá-lo e à tropa, tão vilipendiada.
Confesso minha particular afeição por esses heróis anônimos, da coxia. São peças secundárias e invisíveis no enredo da história da humanidade.
Gente que tece a vida real com sangue, suor e lágrimas.
Quero conhecer esse herói. Espero ladeá-lo para fotografia; pedir seu autógrafo.
Soldado Gurgel dignifica o humano, lustra a própria farda.
Carlos Santos é jornalista e blogueiro.
Fonte: www.blogdocarlossantos.com.br

Messias Targino

Prefeitura realizará blitz educativa

O mês de luta contra o câncer de próstata (o chamado Novembro Azul), a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e a educação no trânsito são os temas que motivaram a Prefeitura de Messias Targino a anunciar para este domingo, 17 de novembro, a realização de uma blitz educativa.

A partir das 7 horas e 30 minutos, equipes da Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento estarão postadas nos acessos da cidade, orientando os homens e os motoristas sobre os três temas (prevenção e combate ao câncer de próstata, prevenção de AIDS e DST´s e orientações sobre o trânsito).

Segundo a secretária municipal de Saúde, Érik Alany Barbosa, duas equipes do Programa Saúde na Família - PSF estarão na Praça Central João Jales Dantas, trabalhando na campanha.

Durante toda a movimentação, serão distribuídos panfletos de orientação, fitas adesivas na cor azul (em referência ao mês "Novembro Azul") e também preservativos, para o combate a doenças sexuais, como AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis (as chamadas  DST´s).

A saúde pública em Messias Targino continua recebendo atenção especial na gestão do prefeito Arthur Targino (PMDB), tanto na realização de campanhas educativas e preventivas, como na prestação dos serviços básicos de saúde em si, que funcionam regularmente.

Além disso, o prefeito Arthur tem buscado valorizar os profissionais da saúde municipal, inclusive no quesito remuneração.

Opinião

Vida virtual

Alcimar Antônio de Souza

Houve um tempo em que as pessoas que se conheciam numa comunidade gostavam de falar pessoalmente umas com as outras. As comadres dividiam entre si os mais elementares fatos do cotidiano. As crianças tinham prazer de fazer travessuras juntas, de brincarem juntas, de compartilharem muitas coisas que aconteciam no dia a dia desses pequeninos. Os campinhos improvisados de futebol, de terra batida, estavam sempre cheios no meio das tardes, e havia até brigas na formação dos times. Moças e rapazes tinham suas próprias confrarias. Os amigos se encontravam sempre para uma prosa animada, sincera e sobretudo real.

Houve um tempo em que telefone só servia para assuntos mais urgentes, mais relevantes. Tínhamos na mente – e não numa lista de contatos – os nomes e os endereços dos nossos amigos e das pessoas que mais gostávamos. Conversávamos presencialmente, na calçada da casa de algum dos amigos, ou em rodas de conversas geralmente animadas.

Quando tínhamos que chorar a nossa própria dor, a solidariedade recebida era real. Vinha num abraço de conforto, num gesto sincero e presente de consolação. Não se mandava uma mensagem qualquer, via telefone ou computador, com frases de efeito muitas vezes copiadas de alguém.

Nos momentos de alegria, estávamos realmente juntos, de fato. Nesse tempo, encontrar amigos e pessoas do nosso bem-querer para festejarmos algum fato especial chegava a ser uma obrigação. Hoje essas reuniões festivas ainda acontecem, mas com menor intensidade. Geralmente preferimos usar a tecnologia para enviarmos “parabéns”, ou para desejarmos um “feliz aniversário”, ou para dizermos “que seja feliz”. Ir pessoalmente até um amigo, mesmo que a uma curta distância, para expressarmos algo assim, de repente ficou mais difícil, quase impossível. Bom mesmo, mais prático, mais cômodo, mais chique, é enviarmos uma mensagem por meio de um recurso tecnológico qualquer. E ainda tem a vantagem de que outras pessoas – milhares, por sinal – poderão ver que estamos “participando” da vida daquele nosso amigo.

Amigos, quanto temos? No Twitter, temos centenas (alguns têm até milhões). No Facebook, temos outra enorme quantidade. Na lista de contatos do email, perdemos a conta. E nem sempre os amigos de determinada rede social virtual são os mesmos da outra. Mas geralmente os amigos das redes sociais só são nossos amigos no mundo imaginário dos recursos tecnológicos. São amigos tão irreais, tão imaginários, que se os encontramos na rua, na vida real, somos capazes de não nos reconhecermos, e efetivamente não nos cumprimentamos.

Amigos, na vida real, quantos temos? Contamos nos dedos das mãos, de tão pouco que ficaram. Ainda são os que realmente dispensam os atalhos tecnológicos para nos cumprimentarem presencialmente, para nos contarem algum fato engraçado, para nos relatarem alguma situação de vida, para nos pedirem ou nos emprestarem algum apoio diante de uma circunstância adversa da vida real.

Romantismo, agora, só virtual. Ninguém mais tem o prazer de escrever uma carta de amor. É que, nos moldes convencionais, destinada e vista só pela pessoa amada, a missiva de amor ficou até sem graça. Bom mesmo é postar uma declaração de amor na grande rede mundial de computadores. Assim, além da pessoa amada, milhares de pessoas mundo afora tomarão conhecimento daquele sentimento, expresso com maior amplitude.

Depois da dependência química, os estudiosos já se deparam, para objeto de estudos, com a dependência da internet. Ou seria a web dependência? É aquela “necessidade” que têm as pessoas de estarem, diariamente, todas as horas, ligadas a alguma rede social virtual, conversando com pessoas diversas, compartilhando fotos e mensagens de toda ordem, mandando recados geralmente sem qualquer utilidade prática.

E, assim como novos tipos de entorpecentes vão surgindo e causando maior dependência, a internet também propicia o surgimento de novas ferramentas que aumentam a dependência dos seus navegadores. O Instagram e o Whatsapp são, por ora, as novidades mais recentes, que logo viraram febre de acesso.

Nos bares e restaurantes, aonde as pessoas antigamente iam para se divertirem e conversarem amenidades, a moda agora é cada um com seu tablet ou celular à mão, acessando a internet. Comem, bebem, mas não conversam entre si. E podem até conversarem uns com os outros, mas via internet, mesmo que a uma distância de um metro de um para outro.

Nas famílias, a conversa vai diminuindo mais e mais. Em muitos lares, pais e filhos preferem o acesso à rede mundial de computadores a uma boa conversa. Os problemas de toda família acontecem, mas a busca por soluções ou vai sendo adiada ou vai sendo simplesmente esquecida. O mundo virtual vai, assim, sobrepondo-se ao mundo real.

Pela internet já compramos quase tudo, e em breve chegará o dia em que até a compra dos itens básicos de sobrevivência (a chamada feira) será pedida via internet. Perdemos o prazer de ver e analisar pessoalmente as coisas das quais possamos precisar no dia a dia. De frente a uma tela de computador, de tablet ou de celular, vasculhamos o mundo e encontramos nesse universo virtual aquilo que queremos.

Como toda dependência, a da internet tem suas maléficas consequências para a vida real das pessoas. Uma das mais sérias é a posição de vítima de delitos praticados por outros internautas. Estelionato, calúnia, difamação, injúria e pedofilia são alguns dos crimes mais comumente praticados na web. Essa realidade é tão grave que recentemente a Organização Não governamental Terre Des Hommes (Terra dos Homens), de Amsterdã, na Holanda, criou uma menina virtual batizada de Sweetie (Docinho, em português), para identificar pedófilos, e conseguiu pegar mais de mil deles na armadilha virtual, havendo entre eles alguns brasileiros.

Outra consequência dessa dependência virtual é a necessidade criada em algumas pessoas de estarem constantemente se exibindo na internet. E isso aumentou bastante depois do surgimento do Instagram. Para alguns, trata-se dos instachatos, que vivem se exibindo na grande rede de computadores. Para a Ciência, pode ser mais uma espécie de narcisistas, já que o narcisismo é tido pela Psiquiatria e pela Medicina Legal como um pequeno distúrbio mental que leva o narcisista ao culto do seu próprio corpo, admirado por ele próprio.

As famílias, base de qualquer organização social, vão também sendo diretamente afetadas pelo uso excessivo da internet, que traz novos – mas repugnantes – valores sociais e morais, que põe na vida de seus filhos jovens os ignóbeis pedófilos, que elimina as boas e necessárias conversas do dia a dia.

Enquanto isso, o lado bom da internet, que poderia ser melhor explorado, por muito pouco não passa despercebido. Sítios de pesquisas, páginas virtuais de bibliotecas e organismos educacionais e portais de notícias, que poderiam ser utilizados na busca do conhecimento, não têm para os navegadores da web a mesma importância que as redes sociais mais usadas, como o Facebook, o Twitter e o Whatsapp.

Infelizmente, nesse novo milênio a vida real vai cedendo mais e mais à vida virtual. E, sem perceber, a nossa sociedade vai ficando sem rosto, sem cara, sem identificação. E aí me lembro de um velho ditado popular, dos tempos da minha avó, segundo o qual “o que mata ou o que cura não é o veneno ou o remédio, mas o tamanho da dose”. Na simplicidade do povo mais humilde, o provérbio popular assim se resumia: “Tudo de mais é veneno”.