domingo, 19 de julho de 2015

Janduís

Estado não mantém policiais permanentes no Município

O Governo do Estado continua agindo de forma negligente quando o assunto é segurança pública. No Município de Janduís, localizado no Médio Oeste potiguar, a situação continua alarmante e também perigosa.

Depois de passar muito tempo sem policiais militares permanentes no Destacamento Policial Militar local, recebendo apoio de policiais militares oriundos de Campo Grande, o Município de Janduís festejou quando o Governo do Estado, depois de esforço do vereador Jozenildo Morais, novamente destinou uma equipe de policiais para servir no Município,o que aconteceu na primeira quinzena de maio de 2015 (clique aqui).

No entanto, passados dois meses do retorno de policiais militares ao Destacamento de Janduís, eis que a situação praticamente voltou ao que era antes, pelo menos segundo informações chegadas de fontes confiáveis.

Novamente o Município de Janduís ficou sem um efetivo permanente de policiais militares, e diariamente algumas rondas são realizadas no Município através do efetivo policial militar de Campo Grande, que é sede de uma Companhia de Polícia Militar que na verdade quase funciona como um Destacamento Policial Militar, por também não dispor de efetivo próprio de uma Companhia.

Esse quadro mostra que o atual governo do Estado do Rio Grande do Norte, repetindo gestões administrativas passadas, ainda não voltou a sua atenção para além da Reta Tabajara, esquecendo em matéria de segurança pública os potiguares que habitam por essas terras mais distantes da capital do Estado.

E assim, segue o povo no apego único à fé em Deus, como costumeiramente o faz o sertanejo potiguar.

Talvez seja hora de a classe política de Janduís se dar as mãos e buscar conjuntamente as melhorias que o Município tanto necessita na área de segurança pública. Se o povo de Janduís for esperar pela vontade própria do Governo do Estado, essas melhorias demorarão muito para chegar, ou talvez nem venham.

Município perde instituições relevantes

Do jeito que as coisas acontecem, o Município de Janduís corre o sério risco de ficar como "a terra do já teve".

Antes, o Município de Santa Terezinha, de uma população formada em sua imensa maioria por pessoas ordeiras e trabalhadoras, era sede da 58ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Norte. Mas, por determinação do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, a Zona Eleitoral de Janduís foi extinta e todo o serviço eleitoral do Município foi transferido para a 37ª Zona Eleitoral, sediada em Patu, da qual também faz parte o Município de Messias Targino.

O prédio do Fórum Eleitoral de Janduís, moderno e bastante funcional, ficou sem uso e, se não receber destinação específica, sucumbirá naturalmente pela ação devastadora do tempo e da falta de cuidados.

Em Janduís também existiu, por longo período, uma equipe de policiais civis, com um delegado titular e agentes. Essa equipe foi remanejada para outros lugares e atualmente, se um cidadão janduiense necessitar registrar um simples boletim de ocorrência, terá que se dirigir à sede da Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande ou à sede da Sétima Delegacia Regional de Polícia Civil, em Patu.

A propósito, em Campo Grande há uma equipe de policiais civis mas não existe um delegado titular para a unidade. O delegado regional de Polícia Civil, de Patu, é quem responde pela Delegacia de Campo Grande e também pela Delegacia de Janduís, que há tempos não recebe qualquer melhoria nem dispõe de policiais civis.

Município sede de Comarca, comentários correntes dão conta que este status também pode ser perdido, embora não haja, felizmente, qualquer declaração oficial do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte nesse sentido.

Vale ainda também que Janduís já teve agências bancárias próprias, como uma do Banco Banorte, no final do século passado, e mais recentemente uma do Banco Bradesco.

O Banorte fechou as suas portas em Janduís há muitos anos, por razões desconhecidas.

A agência janduiense do Banco Bradesco foi destroçada por uma quadrilha especializada em explosão de bancos não faz muito tempo (clique aqui) e o Blog não sabe realmente se a referida agência voltou a funcionar, pois, onde existiam agências do Bradesco e estas foram explodidas, como Messias Targino, o funcionamento nunca mais foi normalizado, salvo um outra exceção.

De cães, gatos e crianças

No mercado, sobram serviços para animais e faltam médicos pediatras

Certamente uma das áreas da Medicina que menos empolgam os profissionais do jaleco branco tem sido a pediatria. Encontrar médicos pediatras em Municípios do interior do Estado não é tarefa tão fácil, nem mesmo em centros urbanos maiores, como Mossoró, por exemplo.

Dizem alguns entendidos do assunto que os médicos pediatras reclamariam de uma falta de maior reconhecimento profissional, da exigência de muitas horas de trabalho e da necessidade de praticamente viverem em regime de sobreaviso, já que os pais dos pacientes desses profissionais costumam buscar socorro muitas vezes fora do chamado horário comercial de atividade.

De fato, passando-se a vista por Mossoró, percebe-se que nem mesmo as clínicas do setor privado resistiram a tantos efeitos negativos de tão bela atividade que é a pediatria. Se antes existiam muitas unidades de saúde da iniciativa privada dedicadas precipuamente ao atendimento a crianças, em dias de hoje essas unidades de saúde são poucas, e são até algo raro de se encontrar na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte.

No serviço público de saúde ainda existem alguns médicos pediatras, mas eles estão cada vez mais em menor quantidade. Para os Municípios mais longínquos, então, os poucos médicos pediatras não querem se dirigir, preferindo permanecer na capital ou noutras poucas cidades maiores do Estado. 

No caminho inverso, aumentou significativamente em Mossoró e em vários outros Municípios do interior do Rio Grande do Norte o número de médicos veterinários e de empresas especializadas no cuidado de animais, principalmente animais de estimação, com ênfase para cães e gatos.

De fato, farmácias veterinárias e os chamados pet shops estão presentes por toda a parte, seja num Município maior, seja num Município menor.

Isso, de fato, é bom. Significa dizer que o mercado está aberto a esses profissionais de carreiras tão nobres - os médicos veterinários - e a empreendedores que enxergaram nas farmácias veterinárias e nos pet shops duas formas viáveis e lucraticas de negócios, que também fomentam as combalidas economias da imensa maioria dos Municípios localizados na região do semiárido nordestino.

Lázaro, declarado santo pela Igreja Católica e Apostólica Romana, tinha como uma de suas virtudes o cuidado dedicado aos animais. Trata-se, pois, de atitude nobre, relevante.

O que parece triste é o fato de existirem cada vez menos médicos pediatras nas áreas pública e privada do serviço de saúde e de serem cada vez mais raras as unidades de saúde - públicas e privadas - especializadas no atendimento a crianças.

Essa dura realidade, de situações bem distintas, até força a um grosseiro questionamento, que mais parece uma ilação: Afinal, houve uma inversão de valores, em que cães e gatos recebem maior preocupação que crianças, ou isso não passa de mais uma faceta mercadológica do capitalismo neoliberal, que estimula o surgimento de profissionais e empresas voltadas para animais em detrimento da diminuição de profissionais e unidades direcionadas aos cuidados do ser humano ainda em formação?