quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Tomara que chova!

Estiagem prolongada seca reservatórios, diminui a produção no campo e aumenta a presença do carro-pipa

"O sertanejo é antes de tudo um forte", nas palavras de Euclides da Cunha, na obra "Os Sertões". Sobreviver nessa região do semiárido do Nordeste brasileiro é, de fato, uma façanha, mas também uma obra de Deus, segundo a fé inabalável do homem e da mulher que habita o sertão nordestino, de clima tropical semiárido e vegetação de caatinga na maior parte do seu território.

De falta de chuvas o sertanejo até já se acostumou. No entanto, não há como se negar o enorme sofrimento dessa gente diante de longos períodos de estiagem, como se tem agora, em que não chove regularmente desde 2012.

No Rio Grande do Norte, mais de cem Municípios do interior vivem em situação de emergência, assim decretada oficialmente pelas autoridades competentes.

Investimento mesmo por essas bandas é comprar um caminhão e transformá-lo em carro-pipa para fazer o abastecimento de água. Muitos são contratados diretamente pelo Exército Brasileiro, para trabalho na Operação Pipa, e outra parte faz o abastecimento fora do programa, a um preço elevado para pessoas que em regra ganham um salário mínimo por mês. Um carro d´água completo tem preço que varia de oitenta e cento e vinte reais, dependendo da capacidade da pipa e da localidade onde a água será vendida.

Em terras potiguares, os principais reservatórios de água estão em situação crítica, como a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Itajá/Assu, a Barragem de Santa Cruz, em Apodi, o Açude Gargalheiras, em Acari, a Barragem de Umari, em Upanema, e o Açude Itans, em Caicó, além de outros.

Nas rodovias que cortam o Estado, é grande o vai-e-vem de caminhões-pipa, tanto do Rio Grande do Norte como do vizinho Estado da Paraíba.

O prejuízo para a produção agrícola é enorme, principalmente para quem produz em regime de agricultura familiar ou agricultura de subsistência.

Ao sertanejo nordestino, sempre condutor de muita fé em Deus, resta pedir a Ele que faça chover nessas terras de homens e mulheres que, apesar de sofridos, têm sempre um sorriso estampado no rosto.

Artistas já pediram a chuva em canção

"Súplica Cearense" é uma das mais belas canções que embalam os sonhos e a esperança do povo do Nordeste do Brasil.

De autoria de Gordurinha, a música foi gravada pelo próprio e também por muitos outros artistas. Talvez o cearense Raimundo Fagner, depois de Luiz Gonzaga, seja o cantor que mais deu visibilidade à Súplica.

Também pedindo chuva a Deus, o Blog reproduz aqui a letra de "Súplica Cearense" e vídeo com Fagner:

Súplica Cearense
Gordurinha

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado

Pedindo pra chuva cair sem parar

Oh! Deus, será que o senhor se zangou

E só por isso o sol arretirou

Fazendo cair toda a chuva que há

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão

Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,

Eu acho que a culpa foi

Desse pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa

Pro sol inclemente se arretirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno

Desculpe eu pedir para acabar com o inferno

Que sempre queimou o meu Ceará