quinta-feira, 30 de junho de 2016

Opinião

Vamos deixar de heim heim heim. Dilma sofreu um golpe sim!

Por Carlos Alberto Barbosa

Seria bom que certas pessoas incautas lessem mais sobre política e deixassem de heim heim dizendo que a ex-presidenta Dilma não sofreu um golpe e foi afastada do poder por ter cometido "pedaladas fiscais". Ora,ora,ora. Perícia do corpo técnico do Senado informou que Dilma Rousseff não deixou suas digitais nas “pedaladas fiscais” que formam a espinha dorsal do processo de impeachment.

Me utilizo das palavras do conceituado jornalista Elio Gaspari em artigo publicado nesta quarta-feira (29) nos jornais O Globo Folha de S. Paulo para dizer que "paralisia, falta de rumo e incapacidade administrativa podem ser motivos para se desejar a deposição de um governo, e milhões de pessoas foram para a rua pedindo isso, mas são insuficientes para instruir um processo de impedimento. Como diria o presidente Temer: não “está no livrinho”".

Pois mito bem: não resta dúvidas, caro leitor, que houve um golpe sim contra a presidenta Dilma. As gravações tornadas públicas e as delações do ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado, que dizem claramente que foi tramado um golpe por caciques do PMDB, José Sarney, Romero Jucá e Renan Calheiros, seu padrinho na Transpetro, quando disse que eles, os caciques peemedebistas, só viam um jeito de abafar a Lava Jato, que era o impedimento de Dilma, não deixam dúvidas.

Agora o encontro de Temer e Cunha num domingo à noite, sem sequer constar da agenda presidencial. A própria assessoria da Presidência da República informou na segunda-feira (27) que o presidente em exercício Michel Temer se reuniu na noite deste domingo (26) em Brasília com o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A informação, a bem da verdade, foi antecipada pela repórter Andreia Sadi, da GloboNews. De acordo com a assessoria do Planalto, o objetivo da reunião foi avaliar o atual cenário político.

E mais:

A abertura do processo de impeachment de Dilma, todos  estão careca de saber, foi uma retaliação de Eduardo Cunha ao PT. Na tarde de quarta-feira 2 de dezembro, por volta das 14h, os três deputados petistas que integravam o Conselho de Ética – Zé Geraldo (PA), Leo de Brito (AC ) e Valmir Prascidelli (SP) – confirmaram voto contrário a Cunha na comissão. Cerca de cinco horas depois, ciente da derrota no conselho, que poderia abrir contra ele investigação por uma suposta mentira na CPI da Petrobras a respeito de contas na Suíça, Cunha acatou o processo de impeachment.

E aí pergunta-se: por que o presidente interino Michel Temer se encontraria de forma clandestina no Palácio do Jaburu, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, afastado e investigado pelo Supremo Tribunal Federal? Isso é o tipo de ação nada republicana e só engana aos incautos.

Aliás a imprensa internacional já fala nas tramas do presidente interino para permanecer no Planalto. Hoje mesmo o jornal espanhol El País relata em sua edição que "perto de ser cassado do cargo de deputado federal, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda tenta interferir nas decisões da Casa por intermédio de seu aliado que está no principal posto da República, o presidente interino Michel Temer.

Na noite de domingo, os dois se encontraram na residência oficial da vice-Presidência, o Palácio do Jaburu, em Brasília. O encontro, confirmado pelo governo, mas negado pelo deputado, foi para tratar da sucessão no comando do Legislativo. O parlamentar quer emplacar um membro do seu grupo político, o centrão, na presidência da Câmara.

E por que tanto interesse nisso de Cunha? Por que tanto interesse nisso, da mesma forma, de Temer? Não precisa ser nenhum vidente para responder isso, obviamente.

Por isso vamos deixar de heim heim heim. Dilma sofreu um golpe sim.

Tenho dito!

Fonte: Coluna do Barbosa, do Portal No Minuto.

Do Blog da Cidadania

Perícia do Senado sofre forte descrédito e pode ser investigada
O fato mais importante sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff é, sem dúvida, a polêmica que se produziu após perícia do Senado concluir que (1) a presidente não teve participação em atraso de repasse de recursos a bancos públicos que financiaram o plano Safra – ou seja, Dilma “não pedalou” –, mas (2) seria responsável por três decretos de crédito suplementar que teriam estourado a meta fiscal do país.
Adversários de Dilma dizem que esses três decretos bastam para autorizar o impeachment, os aliados dizem que não bastam porque a lei não exige que decretos como aqueles sejam autorizados pelo Congresso.
As interpretações sobre o resultado dessa perícia variam ao gosto do freguês. Como o processo no Senado não encerra tecnicidade alguma, sendo conduzido pelos inimigos políticos da presidente, chega a ser ingenuidade cobrar sinceridade deles no sentido de admitirem que uma perícia que derruba uma das duas acusações do processo de impeachment e coloca a outra sob dúvida deveria bastar para que a acusação de crime contra o Orçamento seja rejeitada, mesmo que uma acusação reformulada seja feita mais adiante.
Contudo, os esforços da direita para derrubar Dilma tentam, de todas as formas, ser contemplados com o rótulo de “processo legal”, de maneira que pode haver alguma ambição de que essa controvérsia gerada pela perícia senatorial seja dirimida, isto é, seja esclarecida.
Muitos dos que têm ambições quanto às próprias biografias estão tratando de deixar claro que não compactuam com a farsa que está se desenhando no Senado.
Um dos colunistas mais festejados da grande mídia e que nunca poderá ser acusado de ser “petista” acaba de reconhecer que o processo de impeachment contra Dilma é um “ardil” proveniente de uma “trama”. Para que se possa mensurar a condenação de Gaspari da farsa no Senado, ele compara a condução do processo de impeachment com julgamentos do Conselho de Segurança Nacional da ditadura militar.
Um dos autores do impeachment, o jurista Miguel Reale Jr., diz que a acusação de Dilma não pretende questionar a perícia do Senado após esta negar que a presidente teria “pedalado”. “Nada temos a questionar. A perícia fixou a materialidade. Diz que foi desrespeitada a meta fiscal. E que houve operações de crédito”, declarou o jurista.
Reale considera “tola e bisonha” a questão de haver ou não carta de Dilma autorizando isto ou aquilo. “Trata-se de uma decisão de política oficial dela com seus ministros e pronto. Além do mais, não é tarefa da perícia tratar desse tema”, opinou o jurista.
Por outro lado, deve ser total a exigibilidade de provas de crime de responsabilidade para cassar mandato de um presidente da República.
Essa importância do voto popular não é reconhecida pela direita brasileira, sobretudo pela imprensa corporativa. Abaixo do Equador, eleições nunca foram tão sagradas quanto nas democracias estáveis do Norte do planeta, razão pela qual o dito Terceiro Mundo é tão pródigo em golpes de Estado.
Porém, como cresce cada vez mais a tese de que há um golpe em curso no país, sem o esclarecimento pericial das acusações contra Dilma de ter cometido crime contra a ordem orçamentária, se ela cair o Brasil será governado por dois anos e meio por um governo suspeito de golpe.
Todos podem imaginar as consequências disso. Ninguém investe a sério em países que sofrem golpes de Estado. Mesmo que seja um golpe pró capitalismo, golpes costumam ser sucedidos por contragolpes e geram instabilidade política, ou seja, o governo que assume o poder por meio de um golpe pode cair de repente.
Golpe é sinônimo de instabilidade política, e quando a política de um país é instável as regras do jogo não valem nada, de modo que ninguém vai querer fazer investimentos de longo prazo. No máximo, o capital virá para cá para desfrutar de nossas altas taxas de juro enquanto permanecerem altas. Se a relação custo-benefício cair, o capital pula fora com o apertar de um botão…
O Brasil já viveu isso antes, quando PMDB e PSDB governaram.
Por essas e outras razões é que a perícia sobre se Dilma cometeu ou não algum crime contra a ordem orçamentária precisa ser indubitável para ao menos revestir o golpe de uma fina camada de seriedade, já que, mesmo que alguma perícia mostre que houve alguma irregularidade, como diz o colunista Elio Gaspari, “No caso dos três decretos assinados pela presidente, houve crime. Isso é o que basta para um impedimento, mas deve-se admitir que esse critério derrubaria todos os governantes, de Michel Temer a Tomé de Sousa”.
Ou seja: mesmo que Dilma tivesse “pedalado” e que fosse impositiva uma “autorização do Congresso” para ela emitir os tais “três decretos de créditos suplementares”, a presidente não teria feito nada mais do que todos os outros governantes fizeram.
Bem, está eliminada a tese da “pedalada”. O que sobra aos inimigos da presidente são os três decretos que ela teria assinado sem autorização do Congresso. Porém, fica cada vez mais claro que essa autorização seria desnecessária.
Nem o relator da comissão de impeachment, o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), afirma que Dilma precisaria de autorização do Congresso para assinar os decretos de crédito suplementar.
Detalhe: Anastasia fez três questionamentos ao resultado da perícia, enquanto a presidente Dilma apresentou 12.
O principal questionamento de Anastasia é se os decretos de crédito suplementar que embasam a acusação contra Dilma poderiam ter tido outro tipo de tramitação, como projeto de lei, por exemplo, que garantisse um efeito neutro sobre a meta fiscal.
Isso ocorreu porque não está escrito em lugar nenhum que Dilma precisava dessa autorização do Congresso para emitir aqueles decretos, já que estavam embasados por medidas paralelas de contenção de gastos que autorizariam o governo a remanejar recursos.
Trocando em miúdos a alegação da defesa de Dilma: ela economizou de um lado (ajuste fiscal) para gastar de outro (créditos suplementares).
De acordo com o laudo pericial, os decretos de crédito suplementar tiveram impacto negativo no cumprimento da meta fiscal aprovada em janeiro de 2015 e que se encontrava vigente no momento da assinatura dos atos, em julho e agosto.
O advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, porém, refuta essa tese e pede à junta pericial – composta pelos servidores João Henrique Pederiva, Diego Prandino Alves e Fernando Álvaro Leão Rincon, que gastam seu tempo livre fazendo ataques a Dilma no Facebook –  que esclareça os fundamentos legais que levaram à conclusão de que os decretos de crédito suplementar tiveram impacto negativo na meta fiscal.
Entre outras perguntas, Cardozo destacou trechos do laudo pericial informando que decretos de contingenciamento de gastos editados pelo governo garantiram o cumprimento da meta fiscal de 2015. Ele pediu que os peritos confirmem as alegações.
Temos, assim, a seguinte situação: a Comissão do Impeachment tentou impedir a perícia, mas foi obrigada pelo presidente do processo, o ministro Ricardo Lewandowski, a aceitar. Contudo, a defesa requeria perícia internacional, mas a Comissão nomeou três antipetistas notórios para periciar provas contra a petista Dilma Rousseff. Feita a perícia, as conclusões são contraditórias e nebulosas, pois negam existência de um dos “crimes” orçamentários dos quais ela é acusada e afirmam a existência de outro, mas há dúvida de que esse outro seja mesmo crime.
Uma perícia correta precisa provar ou negar cabalmente que Dilma precisaria de autorização do Congresso para ter emitido os tais três decretos de crédito suplementar. A presidente só precisaria dessa autorização se os decretos não tiverem sido amparados por medidas de contenção de gastos que compensariam os gastos autorizados.
A perícia do Senado é suspeita para dar essa resposta. Em primeiro lugar, porque o Senado tentou impedir que as provas contra Dilma fossem periciadas. Em segundo lugar, porque os servidores escolhidos para levar a perícia a cabo são desafetos assumidos da presidente da República e de seu partido.
O Brasil não pode tirar o mandato de Dilma Rousseff sem que exista um mínimo de seriedade no processo. Já corre o mundo a informação de que os peritos que emitiram as conclusões supracitadas atuam na internet como militantes contra a presidente afastada e seu grupo político. E que o que eles consideraram “crime”, na verdade não seria crime nenhum.
Quem pode evitar que o Brasil fique internacionalmente marcado por um golpe de Estado disfarçado é o presidente do processo de impeachment, o ministro Ricardo Lewandowski.
Lewandowski não substitui o presidente da comissão especial do Senado, Raimundo Lira (PMDB-PB). O presidente do Supremo é responsável por decidir sobre recursos durante o período de instrução do processo, de maneira individual e sem precisar consultar outros ministros do STF.
Cabe a ele aceitar o pedido da defesa de Dilma para que as supostas “provas” de um seu crime orçamentário sejam submetidas a perícia internacional. O problema para os golpistas, porém, é que dificilmente tal perícia deixaria de mostrar que o golpe é golpe.
Fonte: www.blogdacidadania.com.br

Do Blogue de Robson Pires

Complexo Eólico Vamcruz é inaugurado no município de Serra do Mel
O Complexo Eólico Vamcruz foi inaugurado nessa quarta-feira (29), no município de Serra do Mel, sendo o terceiro complexo eólico da empresa francesa Voltalia a entrar em operação no Brasil. Os outros dois são: São Miguel do Gostoso (RN-108 MW) e Areia Branca (RN-90 MW). A cerimônia contou com a presença das equipes da Coordenadoria de Meio Ambiente e Núcleo de Parques Eólicos (NUPE) do Idema, do diretor-geral da Voltalia Brasil, Robert Klein, do presidente da Chesf, José Carlos de Miranda Faria, do diretor-executivo do Grupo Encalso, Márcio Damha, além de autoridades locais.
Na ocasião, o diretor-geral da Voltalia, Robert Klein, agradeceu ao Idema pelo desempenho, celeridade e compromisso na liberação dos processos de licenciamento, como também ao Governador Robinson Faria pela receptividade ao grupo Eólico. O empreendimento foi construído em 16 meses sob a responsabilidade dos investidores Voltalia/Encalso e Chesf.
Fonte: www.robsonpiresxerife.com

O adeus à ex-prefeita

Família convida para as cerimônias de despedida de Socorro Ferreira Targino

A família de Maria do Socorro Ferreira Targino, ex-prefeita do Município de Messias Targino, falecida neste dia 30 de junho de 2016 na cidade de Natal, definiu os horários e locais das cerimônias fúnebres e de homenagens à ex-prefeita.

Nesta quinta-feira, 30, a partir das 19 horas, o corpo de Socorro Ferreira Targino estará sendo velado na Fazenda Cangaíra, onde residiu por décadas ao lado do esposo Paulo de Freitas Targino e dos filhos.

Nesta sexta-feira, 1º de julho, será celebrada uma missa na Fazenda Cangaíra, e às 9 horas haverá uma sessão solene da Câmara Municipal, que acontecerá na sede do Centro de Cultura e Eventos.

Depois da sessão, o corpo será levado para sepultamento no Cemitério Público de Messias Targino.

Tristeza

Messias Targino perde a ex-prefeita Socorro Ferreira Targino





Morreu nesta quinta-feira, 30 de junho, na cidade de Natal, a ex-prefeita do Município de Messias Targino, Maria do Socorro Ferreira Targino.

Há algum tempo Socorro Targino vinha enfrentando o câncer, e nos últimos dias se encontrava internada em hospital da Capital do Estado.

Além da quimioterapia e de outras medidas de combate à doença, ela havia se submetido a um procedimento de transplante de medula óssea e sua recuperação parecia lenta, com melhoras pontuais mas sem avanços progressivos.

Seu corpo é aguardado em Messias Targino ainda nesta quinta-feira, e o sepultamento provavelmente acontecerá nesta sexta-feira, 1º de julho.

Missa e sessão solene na Câmara Municipal certamente farão parte das homenagens, justas para quem tanto contribuiu para o desenvolvimento de Messias Targino.

Quem foi Maria do Socorro Ferreira Targino

Maria do Socorro era filha de Francisco Etelvino de Oliveira, popularmente conhecido por Grosso, e Marivi Ferreira de Oliveira.

Além de Socorro, o casal Grosso e Marivi teve ainda os filhos João, Antônio, Carlito, Carlos Lacerda, Lúcia e Nélio.

Socorro era casada com Paulo de Freitas Targino e teve com este os filhos Francisca Shirley Ferreira Targino, Paulo Harriman Ferreira Targino, Messias Targino da Cruz Neto, Paulo Henrique Ferreira Targino e Caio César Ferreira Targino.

Maria do Socorro também adotou como filha a sua sobrinha Mônica de Andrade Ferreira, que chegou ainda recém nascida à sua companhia.

Ao se casar com Paulo de Freitas Targino, Socorro se casou também com a política. Paulo é filho do fundador do Município, Messias Targino da Cruz e irmão de Valmir Targino, ex-deputado estadual, e Osnildo de Freitas Targino, ex-prefeito de Messias Targino, sendo estes dois últimos já falecidos.

Socorro foi prefeita do Município no período de 1978 a 1982, quando elegeu seu sucessor, Edmilson Fernandes Jales, com o qual tinha um parentesco não tão distante.

Com o rompimento politico imposto por aquele em favor de quem ela foi decisiva para eleger prefeito, ela e a sua família esperaram vinte e dois anos para novamente vencerem uma campanha eleitoral municipal. Em outubro de 2004, a sua filha Francisca Shirley Ferreira Targino foi eleita prefeita de Messias Targino, sendo reeleita em outubro de 2008.

Depois de dois mandatos seguidos de Shirley Ferreira Targino como prefeita do Município, o grupo elegeu como prefeito o neto de Socorro, Arthur de Oliveira Targino, o que ocorreu em outubro de 2012. Shirley foi também secretária de Estado de Trabalho, Habitação e Ação Social durante parte do governo de Rosalba Ciarlini, de quem as duas - Socorro e Shirley - sempre foram muita amigas.

Mesmo sem mandato, Socorro sempre teve uma atuação politica muito forte. Ela sempre esteve no dia a dia messiense, mesmo quando seu grupo político não estava no poder.

Durante o período de gestão de Maria do Socorro à frente do Município, grandes conquistas chegaram a Messias Targino, tais como o serviço de água ofertado pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte - CAERN, um posto telefônico comunitário da agora extinta Telecomunicações do Rio Grande do Norte - TELERN, uma unidade do Projeto Casulo (atual Creche Infantil Elza Jales) e a Escola Municipal Professor Júlio Benedito.

Sem mandato, ela atuou pessoalmente ou através da Fundação Valmir Targino para conseguir benefícios em prol de Messias Targino.

Agora, o povo messiense se despede de quem teve uma vida voltada a lhe servir como agente política.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Opinião

Academias de Mossoró criaram um Apartheid desnecessário

Por Erasmo Carlos (Tio Colorau)

Em Algumas academias de nossa cidade há uma área VIP, onde ficam os equipamentos mais modernos e um maior número de instrutores. Para ter acesso ao local o aluno paga uma quantia a mais. Para os outros alunos, os “não VIPs”, resta o maquinário mais antigo e um número bem reduzido de instrutores.

Eu só queria saber o que justifica esta segregação, que, ao que parece, é uma criação nossa. Um amigo que reside em Natal me disse que já frequentou quatro grandes academias da capital e em nenhuma delas há esta divisão de castas.

No período colonial, os escravos não podiam ter acesso livre à Casa Grande, nem compartilhar das mesmas iguarias dos patrões, tínhamos assim uma segregação social.

Nos EUA, até pouco tempo, negros e brancos não podiam dividir os mesmos espaços, o que mudou em razão da atuação de ativistas como Luther King e Rosa Parks. Tínhamos uma segregação racial.

Hoje, algumas academias reproduzem em seus ambientes uma nova modalidade de segregação, a financeira. E elas não estão só, trata-se do processo de CAMAROTIZAÇÃO que divide o mundo. Hoje em dia todos os eventos têm que ter um camarote, onde ficam os mais abastados, de onde observam os “comuns”.

Não entendo esta necessidade do ser humano de querer se diferenciar dos demais. “Somos todos iguais, braços dados ou não”.

A segregação deve ser evitada ao máximo, mas algumas academias, sem ter nem pra quê, a persistem, criando uma divisão totalmente desnecessária, que, no meu sentir, ainda tem repercussão negativa nas finanças. Nem todos aceitam este ambiente de “casa grande” e “senzala”.

Fonte: www.tiocolorau.com.br

sábado, 25 de junho de 2016

Atividade parlamentar

Fátima defende ampla discussão de projeto que altera a Lei Maria da Penha

A senadora Fátima Bezerra defendeu, nesta quinta-feira, uma discussão mais profunda sobre o PLC 7, de 2016, que altera a Lei Maria da Penha no Congresso Nacional, antes de a matéria ser votada. O projeto aumenta as medidas protetivas às mulheres, mas artigo que permite que a autoridade policial determine medidas protetivas de urgência, como o afastamento do agressor de sua residência sem autorização do juiz, está sendo criticado, especialmente por promotores e magistrados. A senadora leu, em Plenário, artigo da ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, com críticas ao projeto.

“Qualquer alteração na Lei Maria da Penha, obrigatoriamente, tem que passar também por um amplo, sério e profundo debate; jamais ser aprovada no calor da emoção, até porque isso, em vez de significar um passo a mais na luta, no combate à violência contra as mulheres, pode significar um passo atrás”, declarou.

Menicucci destaca, por exemplo, que as Delegacias de Defesa das Mulheres do País encontram-se completamente abandonadas e sem profissionais suficientes para o atendimento eficaz e célere das mulheres. Portanto, ampliar as atribuições da autoridade policial precisa ser melhor discutida.

Fátima solicitou ainda maior empenho dos estados e dos municípios no cumprimento da Lei Maria da Penha. “O que une a todos e todas, das delegadas às defensoras, promotoras, militantes, mulheres em geral, é a causa de avançarmos cada vez mais no que diz respeito ao combate a essa chaga que é a violência contra as mulheres, inclusive cobrando do Estado brasileiro, dos Municípios, dos Estados e do Governo Federal o cumprimento integral da Lei Maria da Penha”, disse.

Atualmente, a proposta está em análise na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania. Na terça-feira, as senadoras Fátima Bezerra, Vanessa Grazziotin e Angela Portela solicitaram que o projeto seja apreciado também pela Comissão de Direitos Humanos (CDH). Esse requerimento deve ser analisado ainda pelo Plenário do Senado.

Fonte: Blogue Robson Pires via Blog A Folha Patuense (Aluísio Dutra)

Artesanato e decoração

Feira Internacional vai chegando ao fim

Iniciada no dia 3 de junho, encerra-se neste domingo, 26 de junho, a Feira Internacional de Artesanato e Declaração realizada em Mossoró, no ambiente interno do Partage Shopping.

Com produtos e representações do Brasil, da China, do Japão e de outros países, a Feira é um local ideal para quem busca novidades nos ramos de artesanato e decoração de ambientes. São muitos produtos de muita beleza em exposição e à venda.

Da cultura brasileira, destacam-se os produtos da cultura nordestina e a arte feita a partir do capim dourado, da região do Araguaia, no Estado do Tocantis.

Em todos esses dias de exposição, o público teve entrada gratuita.

Opinião

Que safadeza!

No mês de junho o Nordeste acende suas fogueiras, saúda os santos Antônio, João Batista e Pedro, e transforma-se num grande arraial, que tem – ou tinha, até pouco tempo – como carro-chefe o autêntico ritmo musical nordestino, representado pelo forró, pelo xote e pelo baião.

Dentre as maiores festas de junho, o São João de Caruaru, em Pernambuco, e o São João de Campina Grande, na Paraíba, disputam há décadas o título de Maior São João do Mundo.

Por essas bandas das terras potiguares, o Mossoró Cidade Junina, da segunda maior cidade do Estado, e o São João de Assu, considerado o mais antigo do Nordeste, são também festas grandiosas, que reúnem multidões.

Porém, nesse ano de 2016, o evento que mais chama a atenção é o São João de Caruaru, no agreste pernambucano. A polêmica gira em torno da contratação do cantor Wesley Safadão, que, sem cantar forró, foi contratado pela Prefeitura de Caruaru para apresentação na noite de sábado (25 de junho) pelo cachê de R$ 575.000,00 (quinhentos e setenta e cinco mil reais), ou seja, por mais de meio milhão de reais.

Respeitando aqueles que não querem discutir o quesito estilo musical, em que se verifica que Wesley Safadão nada tem de ritmo nordestino autêntico, então vamos discutir apenas os aspectos legais, morais e sociais da contratação.
Na Constituição Federal, o direito ao lazer é tratado no mesmo dispositivo em que também se garante outros direitos sociais importantes, coma educação, saúde, trabalho, moradia e outros.

É o que se vê da redação do artigo 6º da Lei Maior, assim vazado: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

Na cabeça do artigo 215, a mesma Constituição da República preceitua que: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.
Interessa sublinhar que esse dispositivo está inserido no mesmo Título VIII da Carta Magna, que trata da Ordem Social, onde também estão previstos os direitos à seguridade social (Capítulo II, com distinção entre saúde, previdência social e assistência social), à educação e ao desporto (Capítulo III).

Tudo isso significa dizer que a Administração Pública não só pode como também deve realizar eventos que garantam ao povo lazer e promoção ou manutenção das tradições culturais.

Porém, é nesse ponto que o aspecto legal do tema se choca justamente com o quesito estilo musical, pois não se pode entender como promoção ou manutenção da cultura do povo nordestino, principalmente durante o período dos festejos juninos, um estilo musical que não seja forró, xote ou baião, e que nada tenha de conteúdo relevante ligado às nossas tradições, mas, do contrário, é um incentivo ao consumo desenfreado do álcool,   repetidamente estimula farras intermináveis e tem na sua execução o acompanhamento de danças visivelmente pornográficas.

Hoje em dia, levamos nossas famílias, com crianças e adolescentes, para a praça dos festejos juninos – como se fazia desde sempre – e temos que ficar assistindo a um cantor ficar perguntando entre uma música e outra, quando não pergunta na própria letra da música: “Tem corno aí?”, “Tem raparigueiro aí?”, “Tem cabra desmantelado aí?”, apenas para relatar os termos mais suaves dessas apresentações.

E, em pleno São João, quase não se ouve o som inimitável e único da sanfona, o símbolo maior de nossa essência cultural sertaneja.

Então, quando se paga 575 mil reais a Wesley Safadão para uma apresentação em pleno São João promovido pelo Poder Público, não se está garantindo a ninguém a promoção das manifestações culturais do povo nordestino. Elas são outras.

Sob análise das condições morais e sociais, não se pode entender como correto o pagamento de mais de meio milhão de reais a apenas um artista – independentemente de quem seja – por uma Prefeitura de um Município nordestino, num momento em que tanto se fala de crise financeira, de retração na economia, de caos na saúde pública, de falta de segurança para os cidadãos... Ou Caruaru não está inserida nesse cenário de dificuldades?

Com 575 mil reais, contrata-se uma multidão de artistas e bandas para apresentações num São João, sendo certamente o valor global para pagamento de todos esses artistas e bandas.

Com 575 mil reais, muito pode ser feito pela saúde, pela educação, por melhorias urbanas, pela segurança pública.

O Poder Público não pode nem deve deixar de realizar eventos de lazer e de promoção às manifestações culturais do povo, mas não pode pagar cifras absurdas por certos cachês de artistas, principalmente num Município do Nordeste, onde as dificuldades são sempre maiores.

Foi por tudo isso que três advogados pernambucanos ingressaram com uma Ação Popular para que o Município de Caruaru fosse impedido de pagar 575 mil reais por uma única apresentação de Wesley Safadão. O feito foi distribuído à Primeira Vara da Fazenda Pública da Comarca de Caruaru, que de pronto concedeu a liminar postulada e mandou suspender a realização da aludida apresentação.

No entanto, o Município recorreu da decisão e ela foi reformada, permitindo o Poder Judiciário pernambucano que a apresentação de Safadão fosse realizada e que fosse paga a quantia gigantesca de 575 mil reais.

Enquanto isso, nomes consagrados da cultura musical nordestina, de cachês bem mais modestos, ficaram de fora do São João de Caruaru. O forrozeiro Alcymar Monteiro, por exemplo, há três anos não é convidado para se apresentar no evento, no qual esteve presente por vários anos seguidos.

No Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, em Caruaru, as tradições da música nordestina deveriam ser mantidas, porém jamais deixadas de lado. Nesse momento, com atitudes como essa, repetida noutros eventos públicos do mês de junho, o que se faz às tradições nordestinas e aos combalidos cofres do Poder Público é uma grande safadeza.

Alcimar Antônio de Souza

domingo, 19 de junho de 2016

Política nacional

Um cidadão duplo

Por Janio de Freitas
 
A esquecida ou ignorada cidadania italiana de Eduardo Cosentino da Cunha, brasileiro descendente de imigrantes de Castellucio Inferiore, passa a ter uma importância judicial não prevista, contra uma utilidade previsível por seu detentor. É o primeiro efeito da iminente decisão do ministro Teori Zavascki sobre as restrições à liberdade de Cunha, da prisão à tornozeleira eletrônica, a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot.
 
Em princípio, amanhã começa o prazo de cinco dias dado pelo ministro para apresentação de defesa por Eduardo Cunha. Na Câmara, seu tempo disponível para manobras é ainda razoável. Mas no Supremo Tribunal Federal, entre sua defesa e a decisão sobre o pedido de Janot, é questão de dias. E, como o pedido incluiu a "apreensão do passaporte", mesmo se referindo apenas ao brasileiro, isso indica, é claro, preocupação com possibilidade de fuga. Para a qual, a ocorrer, o uso provável seria o do documento italiano, não do brasileiro. Mas não consta indício de intenção fugitiva de Cunha, a não ser o estreitamento do círculo que o ameaça.
 
Ao contrariar, por insuficiência de motivação, as prisões de José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá, o ministro Zavascki expôs um conceito quase como um recado: "A prisão preventiva representa simplesmente uma antecipação da pena, o que tem merecido censura pela jurisprudência desta Suprema Corte, sobretudo porque antecipa a pena para acusado que sequer exerceu o seu direito constitucional de se defender". Daí, além da lembrança a certos praticantes de prisão como prioridade, o novo prazo dado à defesa de Eduardo Cunha.
 
A dupla cidadania é uma condição que Eduardo Cunha sempre evitou mencionar. Compreende-se. Apesar de suas sucessivas façanhas, é uma figura pouco desvendada. Quando se lançou candidato à presidência da Câmara e publiquei, aqui mesmo, o problema e os riscos que sua eleição traria, muitos me fizeram perguntas porque o ignoravam de todo. O jornal mesmo não se interessou pela importância do tema. E pode-se supor que não tem sido muito diferente com a Lava Jato. Como uma das pessoas mais informadas há muitos anos e ainda hoje, para isso valendo-se de qualquer meio, não será surpreendente que Eduardo Cunha saiba mais sobre cada integrante da Lava Jato do que os integrantes, somados, saibam dele.
 
Corroboram tal hipótese uma suposição e uma constatação. A primeira: seria estranhável que Eduardo Cunha, dispondo de segunda cidadania pouco ou nada conhecida, não a utilizasse para artifícios em operações financeiras no exterior. A outra: não consta ação alguma da Lava Jato direcionada para a verificação de contas, investimentos e transações por meio da cidadania italiana de Eduardo Cunha. Bem, não consta nem sequer menção da Lava Jato à segunda cidadania. Se não houve quem dela falasse em troca de benefícios, lá ela inexiste. O que é ainda mais exótico por outro motivo.
 
A batida na moradia de Eduardo Cunha esmiuçou até as peças de roupa dele e de sua mulher nos armários, como provou o papel recolhido em bolso, sobre um deputado. Outro achado foi uma cópia parcial de passaporte italiano do deputado. Indicação suficiente para muita investigação posterior. Disso, porém, não há notícia. O cidadão italiano tem a paz que o cidadão brasileiro perdeu.

Fonte: www.jornalggn.com.br

Opinião

Dunga, apenas um dos culpados

Um novo vexame foi protagonizado pela seleção brasileira de futebol, que foi desclassificada na fase de grupos da Copa América Centenário, realizada nos Estados Unidos da América.

Ainda na fase de grupos do torneio, o Brasil empatou sem gols com o Equador (embora tenha sofrido um gol legal, anulado pela arbitragem), iludiu-se com uma vitória por sete a um contra a inexpressiva seleção do Haiti e perdeu de um a zero para o frágil selecionado do Peru.

Há décadas o Brasil nem perdia para o Peru nem era eliminado na fase de grupos de uma Copa América, realizada em 2016 em edição extraordinária em razão do  aniversário de cem anos da Confederação Sul-Americana de Futebol – Conmebol.

A eliminação precoce do mais importante torneio de futebol da América fez cair o enfadonho técnico Dunga do comando do escrete canarinho, caindo com ele toda a sua equipe de trabalho, inclusive Gilmar Rinaldi, que deixou de ser o coordenador de seleções da Confederação Brasileira de Futebol – CBF.

Dunga, certamente, pode ser apontado como o principal culpado por mais esse fracasso brasileiro dentro das quatro linhas. Nunca deu padrão de jogo ao time, deixou de fora dele jogadores de maior habilidade técnica (como o lateral esquerdo Marcelo, do Real Madrid, por exemplo), não fazia em jogo oficial as tempestivas e necessárias substituições quando a equipe jogava mal, parecia não ter comando absoluto sobre os jogadores, somente vencia amistosos contra adversários fracos e raramente vencia jogos oficiais, deixou o Brasil no sexto lugar de classificação das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. Enfim, como técnico de futebol ainda é uma lástima.

No entanto, Dunga não pode ser apontado como o único culpado por esse desastroso enredo da seleção brasileira. Há mais pessoas e instituições com induvidosa culpa por tudo isso, e talvez até mais grave do que o raivoso Dunga.

O erro para que o nosso futebol tenha caído em descrédito mundo afora vem de longe. Começa fora do campo.

Primeiramente, há de se ter em mente que a Confederação Brasileira de Futebol  - CBF é um clube fechado de um grupo que manda e desmanda há décadas, desde os tempos em que ela era a Confederação Brasileira do Desporto – CBD.

Responsável por gerir o futebol brasileiro e a nossa seleção, a CBF vive envolta numa cortina de ferro, somente vazada quando por outros meios se tem notícia dos escândalos de corrupção que marcam a entidade. Isso é tão sério que um ex-presidente da entidade foi preso pela Polícia na Suíça, juntamente com outros cartolas do futebol mundial, e o seu atual presidente nem viaja ao exterior, por medo de também ser preso, porque também é citado em escândalos de corrupção que envolvem não apenas a CBF, mas também a própria Federação Internacional de Futebol Associação – FIFA.

Essa estrutura arcaica, conservadora e nada transparente da CBF é a mesma das Federações estaduais internas que lhe dão corpo, comandadas por grupos tradicionais, formados por pessoas que, na sua quase totalidade, nunca jogaram uma partida de futebol na vida, mas que não largam o osso de forma alguma.

São os dirigentes dessas Federações estaduais que elegem os diretores da CBF, e nesse convívio de troca de interesses, o que mais interessa são o poder pelo poder, o lucro das competições e a manutenção de tudo exatamente como está hoje. Futebol de qualidade, isso não interessa nem à CBF nem às suas filiadas Federações estaduais.

Os clubes de futebol também são culpados por nosso momento ruim no maior esporte do País. Eles são filiados às Federações estaduais e nunca se rebelaram contra estas, exceto um caso aqui e outro acolá ao longo de décadas. São os representantes dos clubes que elegem os dirigentes das Federações, que por sua vez elegem os dirigentes da CBF.

Os clubes não se entendem nem entre si, pois às vezes seus dirigentes – muitos extremamente amadores – agem como torcedores e deixam que a rivalidade do campo – própria das torcidas – motive suas decisões, que deveriam ter como escopo principal o bem do futebol brasileiro, pois, melhorando este, todos sairão ganhando.

Além disso, os clubes de futebol do Brasil são, em regra, mal gerenciados, mais das vezes dirigidos por políticos que querem apenas promoção para suas carreiras, outras vezes comandados por pessoas que não têm a mínima noção de administração de uma entidade, outras vezes conduzidos por quem realmente só quer tirar proveito da situação.

Com raríssimas exceções, os clubes de futebol brasileiro atrasam o pagamento de salário de seus atletas e funcionários, têm dívidas com o INSS e a com Receita Federal e não cumprem várias outras obrigações.

Na ânsia de mostrarem resultados imediatos às suas exigentes torcidas, fazem verdadeiras loucuras financeiras, contratando jogadores já rodados mundo afora por valores astronômicos, absolutamente fora da realidade desses clubes.

Vejamos o caso exemplificativo do Botafogo, que se afundou em dívidas após pagar por um ano salários mensais de cerca de setecentos mil reais ao holandês Clarence Seedorf, e que desde então não dispõe de recursos para montar um time competitivo.

Outros exemplos atuais mostram o desperdício de dinheiro que se paga a alguns medalhões do futebol, que nem produzem mais tanto assim dentro de campo. São salários mensais de quinhentos mil reais, setecentos mil reais, e por aí segue.

Nos clubes, também não se tem uma continuidade de trabalho. Os treinadores são mudados a cada sequência de maus resultados e os times são diferentes a cada temporada. Não dá nem tempo de a torcida se acostumar com um plantel, e no ano seguinte já se tem outro.

Outro culpado pelo fracasso do nosso futebol e da nossa seleção é o calendário anual elaborado pela CBF juntamente com as Federações e, de certa forma, com a cumplicidade silenciosa dos clubes. Como sempre se tem em andamento várias competições oficiais, aqui se joga invariavelmente duas vezes por semana, muitas vezes havendo a necessidade de grandes deslocamentos num País que tem dimensões continentais.

O mesmo calendário privilegia alguns clubes, dando-lhe a oportunidade de jogar o ano inteiro, em detrimento de uma enorme maioria, que só tem compromissos oficiais em praticamente metade do ano.

Esse calendário, de certa forma, também é imposto pela televisão que compra os direitos de transmissão das partidas de futebol, principalmente a Rede Globo de Televisão, que induvidosamente dita as regras do nosso calendário de futebol.

Para atendimento às exigências da Rede Globo, estádios ficam vazios em jogos realizados perto das dez horas da noite das quartas-feiras, porque a torcida, composta em sua imensa maioria por trabalhadores mais simples que acordam cedo para trabalhar – excetuando-se aí os bandidos que compõem as organizadas -, não tem como fazer deslocamentos de meia hora ou uma hora, ou até mais, para ir de casa ao estádio em plena quarta-feira à noite, para depois chegar em casa já na quinta-feira de madrugada para logo depois ter que sair para trabalhar.

Estádios vazios significa prejuízo aos clubes, o que contribui para o estado de insolvência de todos eles.

Os culpados pelo fracasso do nosso futebol não estão apenas fora das quatro linhas, no campo burocrático. Dentro de campo ou à beira dele também temos fatos e situações que nos ajudam a compreender o porquê de  o nosso selecionado nacional ter se tornado um grande fracasso.

Nossos treinadores ou técnicos de futebol, chamados pelos atletas de professores, não seguem os exemplos dos professores da sala de aula e não se reciclam. Acham que, por serem técnicos do futebol brasileiro, não precisam mais renovarem suas lições e seu pensamento sobre o futebol.

Pedantes, nossos técnicos de futebol assistem aos vizinhos treinadores argentinos se consolidarem como grandes treinadores mundo afora. Na última Copa América realizada no Chile, em 2015, das oito seleções classificadas às quartas-de-final, cinco tinham argentinos em seus comandos. Na Copa América Centenário, realizada nos Estados Unidos da América, os argentinos também se fizeram presentes em grande número no comando de seleções de países diversos, além do seu, logicamente.

Na Europa, até o ex-volante argentino Simeone, de estilo retranqueiro, tem conseguido sucesso dirigindo o Atlético de Madrid. Tem levado este clube relativamente pequeno da Europa – se comparado aos grandes nomes – a posições importantíssimas, tendo inclusive participado recentemente de duas finais da Liga dos Campeões da Europa, certamente o mais importante torneio de futebol de clubes do Velho Continente.

Levados pelas cifras surreais do futebol chinês, nossos treinadores foram trabalhar no continente asiático, num País em que o futebol ainda está longe de ser praticado num nível ao menos razoável. O homem do sete a um para a Alemanha, Luiz Felipe Scolari, o multi-campeão brasileiro Wanderley Luxemburgo e o também destacado Mano Menezes foram dirigir clubes chineses. O detalhe importante é que os três já dirigiram a seleção brasileira de futebol.

Mas, como resultado do nosso fracasso técnico no futebol, ao menos dois deles já foram mandados embora pelos chineses, no caso Mano Menezes e o “pofessor” (assim mesmo, como ele fala) Wanderley Luxemburgo, que dirigia um time da segunda divisão do futebol chinês.

Isso significa dizer que o nível técnico dos treinadores brasileiros está tão ruim que nem a China quer mais.

Ainda como causa do nosso fraco desempenho nas quatro linhas temos a falta de investimentos e de aperfeiçoamento das nossas categorias de base. Nossos clubes já não formam tantos talentos. As estruturas físicas dos clubes são precárias para os jogadores da base. O nível técnico, de seu turno, também fica a desejar, pois muitas vezes vemos jogadores recém-saídos da base que não sabem executar fundamentos simples do futebol, não havendo mais tempo para um aprendizado consistente depois que eles se tornam profissionais.

Juntando a falta de investimentos na base com a crise financeira dos clubes e a desorganização destes, nos últimos anos o que temos assistido é uma revoada de jogadores brasileiros para o exterior sem mesmo passarem pelos times profissionais de seus clubes.

Esses atletas são vendidos antes de atingirem a maioridade civil e, tão logo completam dezoito anos vão embora para começarem as suas carreiras profissionais fora do Brasil. E então são moldados a jogarem um futebol diferente, que não é o nosso. Quando são convocados para a seleção brasileira, são brasileiros apenas em razão do nascimento nesse torrão, mas não jogam como jogavam nossos brasileiros de outrora.

Até o final dos anos oitenta e início dos anos noventa do século passado, nossos atletas do futebol somente eram vendidos para a Europa e para outros continentes depois dos vinte e tantos anos, quando já haviam passado pelas equipes profissionais de seus clubes e quando já haviam dado a estes muitas alegrias, com vitórias e títulos. Agora, porém, a força do capital estrangeiro compra nossos atletas ainda na base. Por sinal, muitos brasileiros dentre os que jogam lá foram são até desconhecidos do povo brasileiro que gosta de futebol.

A maioria desses jogadores emigrantes tem como destino a Europa, que tem um futebol muito competitivo. Outra parcela importante, porém, vai jogar na China, nos Emirados Árabes e noutros mercados onde o futebol ainda principia e não tem qualquer competitividade. O pior é que, mesmo assim, muitos dos jogadores que atuam nesses mercados periféricos são convocados para vestir a camisa da seleção brasileira, onde o nível técnico exigido deve sempre ser o maior possível. Vêm por indicação de quem?

Por outro lado, se antes éramos respeitados por nosso estilo próprio de futebol, de muita arte, muito talento e muita ofensividade, atualmente nossos técnicos fazem questão de querer copiar o estilo lá de fora.

Houve uma inversão de valores, e há quem, noutras terras, queira aplicar um estilo de jogo que antes nós víamos por aqui. Tomemos como exemplo Josep Guardiola, ou Pep Guardiola, espanhol que fez sucesso como jogador e que agora brilha como técnico de futebol. Várias vezes campeão como técnico do Barcelona, da Espanha, e do Bayern de Munique, da Alemanha, ele agora irá dirigir o Manchester City, da Inglaterra.

Às suas equipes, Pep Guardiola, que se rende em elogios ao futebol que o Brasil jogava em décadas passadas, do século passado, aplica esquemas táticos e estilos de jogo nada convencionais, sempre inovadores, mas com muito talento, com muita variedade de jogadas e principalmente com muita ofensividade. Foi assim no Barcelona, foi assim no Bayern e provavelmente será assim no City.

Se é verdade que Pep Guardiola muito se inspirou no estilo de jogo implantado por Johan Cruyff, jogador que comandou o famoso Carrossel Holandês nos anos 70 do século passado e que também foi vitorioso como treinador do Barcelona, também é verdade que ele se utiliza de lições do futebol brasileiro do século passado. Essa sua admiração pelo futebol brasileiro de antigamente já foi declarada publicamente por Guardiola em várias entrevistas.

Enfim, perdemos a identidade no futebol. Nosso selecionado nacional é um bando de jogadores desarrumados em campo sem qualquer brilho, sem qualquer vontade, sem qualquer comando, sem qualquer referência. Estão ali só por estarem, e nem fazem muita questão por isso.

Nossos jogadores estão mais preocupados com as fortunas que lhes pagam os clubes lá de fora, e até mesmo com a imagem de cada um, e menos preocupados – ou com nenhuma preocupação – com a seleção brasileira. Já não existe aquele entusiasmo ou aquele orgulho de ser chamado a vestir a camisa amarelinha.

Riquinhos de vida feita, nossos atletas do futebol que são chamados à seleção nacional desconhecem o que um dia foi o futebol brasileiro. Carregam dentro de campo muito estilo nos cabelos, muitas tatuagens – nada contra quem as usa -, muita pose, chuteiras coloridas, porém pouco futebol, ou pelo menos pouca vontade de demonstrarem um bom futebol.

Nosso maior nome na atualidade, Neymar Júnior, tem muita bossa, arrogância, vaidade excessiva e pouco futebol pela seleção brasileira. É um craque, sem dúvidas, mas seus maiores e melhores atributos de jogador estão apenas a serviço do Barcelona, onde ganha tubos de dinheiro e para quem parece sempre se preservar.

Na verdade, parecem existir dois Neymar: um do Barcelona, autor de lances e jogadas incríveis, jogador solidário na marcação e taticamente comprometido; e outro da seleção, que aparece só para ostentar para o mundo a sua condição de melhor jogador do Brasil e, sempre que lhe deixam à vontade, para falar asneiras e coisas sem nexo.

Neymar não faz nem tanta questão de jogar pela seleção brasileira. Na Copa América do Chile, em 2015, fez de tudo para ser expulso e assim ficar de fora da competição, pois vinha de final de temporada na Europa e desejava aproveitar as suas férias. Que se danasse a seleção nacional.

Noutros jogos oficiais, Neymar toma cartão com facilidade, até ser suspenso ao menos por um jogo, para mais uma folga. Agora, na Copa América Centenário, não fez qualquer gestão junto ao Barcelona para que fosse liberado pelo clube catalão para participar do torneio.

Em suma, para Neymar, tanto faz como tanto fez estar ou não jogando pelo Brasil.

Enquanto isso, uma mídia alucinada, à procura de um ícone, brada aos quatro cantos que Neymar é o cara, que será o próximo ganhador do prêmio Bola de Ouro da FIFA, que é um talento excepcional, etc. etc. etc. E isso faz desbordar o ego do jogador, ainda rotulado por alguns de “menino”, quando já não o é há muito tempo.

Pretenso intocável – a ideia de intocabilidade pessoal é própria dos arrogantes -, Neymar quis estender essa “imunidade” aos seus colegas de seleção brasileira. Após a eliminação vergonhosa na Copa América Centenário, chamou de babacas jornalistas, cronistas esportivos e os brasileiros que emitissem críticas ao grupo de jogadores que foi eliminado nos Estados Unidos da América. Ainda bem que o craque Rivelino respondeu à altura: “Neymar, o babaca é você”.

Esses jogadores atuais do Brasil devem olhar para o passado, mais distante e mais próximo, para compreenderem que o selecionado nacional precisa de jogadores com a garra e o empenho de Pelé, Garrincha, Marinho Chagas, Rivelino, Sócrates, Zico, Falcão, Romário, Bebeto, Ronaldo Gaúcho, Ronaldo Nazário, Rivaldo, Cafu, Roberto Carlos e outros, para poderem jogar pelo escrete canarinho.

Se nem todos terão o talento dos craques do passado, e jamais terão o talento de Pelé e Garrincha, que pelo menos se doem à seleção brasileira como aqueles fizeram. Não raramente, jogadores como Romário e Ronaldo Nazário andavam em baixa em seus clubes mas jogavam muitíssimo bem quando estavam na seleção nacional. Isso já faz a diferença.

Como se vê, o erro pelos últimos fracassos da seleção brasileira de futebol não foi só de Dunga. Muitos erraram, inclusive a CBF errou duas vezes quando primeiro ofereceu o maior cargo do futebol brasileiro para que ele, Dunga, tentasse aprender ali o ofício de treinador, dando mais uma oportunidade quatro anos depois para que ele, Dunga, continuasse seu “estágio” de técnico de futebol justamente à frente da seleção.

Dunga também errou, duas vezes, ao aceitar um encargo para o qual não estava preparado.

A CBF também errou ao nomear Gilmar Rinaldi no cargo de coordenador de seleções. Gilmar, depois que deixou de ser jogador, passou a agenciar jogadores, ganhando muito dinheiro como empresário de atletas. A sua nomeação para o cargo não foi bem vista por ninguém em sã consciência. Foi ato no mínimo imprudente, para não se dizer outras coisas.

Para que o Brasil volte a ter um futebol de alto nível, respeitado, muito precisa ser feito. A nomeação de Tite para o cargo de técnico da seleção é apenas um ponto benéfico dentro do que precisa ser mudado. Mas ela anda longe de ser a solução para os muitos problemas do nosso futebol e do futebol da nossa seleção.

Embora nossos clubes não tenham nem onde treinar, por não terem centros de treinamento em sua maioria, hoje temos uma estrutura de estádios de causar inveja. Mas estádios modernos não ganham jogos. O Chile não os tem, mas anda jogando um futebol de alto nível, sendo inclusive o campeão da Copa América de 2015 e o representante da América do Sul na Copa das Confederações de 2017, que acontecerá na Rússia.

Infelizmente, a mais eficaz das medidas para que se possa melhorar o futebol brasileiro não acontecerá, pois, para que tenhamos empenho nas quatro linhas, precisaríamos ter moralidade absoluta fora dela. Mas isso exige a saída imediata de todos os cartolas da CBF e das Federações estaduais, todos envolto numa grande nuvem de escândalos e de manutenção do poder a qualquer custo. Isso não acontecerá!

Sem essa limpeza geral dentro dos postos de quem comanda nosso futebol, continuaremos com paliativos para a melhora dele, e já será um lucro enorme se a seleção nacional conseguir uma vaga para a Copa do Mundo que acontecerá na Rússia em 2018.

Ah, mas não somos uma vergonha no futebol mundial sozinhos. Nesta Copa América Centenário, o Chile derrotou o México por sete a zero nas quartas de final. Dois pontos, porém, merecem destaque: o técnico da equipe, Juan Carlos Osorio, assumiu de pronto a responsabilidade pelo fracasso e não ficou com evasivas; e, diferentemente do México, que nunca ganhou uma Copa do Mundo e sequer foi a todas elas, o Brasil é pentacampeão mundial e é o único país a participar de todas as Copas do Mundo de futebol.

Alcimar Antônio de Souza