sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Cumplicidade vergonhosa

EUA apoiam a ditadura instalada no Egito

Quando o governo dos Estados Unidos da América quer surrupiar a riqueza de algum pPaís, ele inventa uma guerra e invade o outro país alegando que o faz para estabelecer a democracia.

Curiosamente, o Egito vive mais um momento de tensão, com a instalação de um governo militar, mas com apoio dos Estados Unidos da América.

Os militares egípcios depuseram o único presidente eleito da História do País dos antigos faraós, e governam com mão de ferro a terra das pirâmides.

Os militares egípcios suspenderam os efeitos da Constituição do País, impuseram toque de recolher e nesta semana mataram, numa única noite de protestos, mais de quinhentos ou seiscentos egípcios.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, faz de conta que nada tem a ver com o problema e continua ajudando financeiramente aos militares que (des)governam o Egito.

Se o genocídio praticado pelo governo militar egípcio fosse cometido por algum governante de algum país desafeto dos Estados Unidos, estes, no mínimo, já teriam conseguido na Organização das Nações Unidas - ONU uma resolução punitiva exemplar, e talvez até já tivessem invadido o território alheio, principalmente se ali houvesse alguma riqueza.

Mas, como se trata de um aliado, os Estados Unidos da América mantêm o silêncio da cumplicidade.

Esse papo de democracia, que vez por outra é decantado ao mundo pelos Estados Unidos da América, só serve para tentar justificar suas guerras, que, basicamente, servem a dois propósitos: lançar mão das riquezas alheias e fomentar sua indústria bélica, certamente a maior do mundo.

A História tem demonstrado que, quando lhe é conveniente, os Estados Unidos da América apoiam e incentivam as ditaduras mundo afora. Apoiavam o governo militar de Fulgêncio Batista, em Cuba, posto abaixo pela revolução socialista liderada por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara; colocaram Saddam Hussein no poder no Iraque, instigando-o a guerrear com o Irã, inimigo histórico dos ianques; apoiaram a ditadura militar que até pouco tempo governou o Paquistão, usando o território paquistanês para combater a Al Qaeda e o Taliban, que governava o Afeganistão e foi tirado do poder por uma enorme coalização militar liderada pelos Estados Unidos da América; apoiaram a apoiam os israelenses, numa guerra injusta e desumana, em que vez por outra matam palestinos inocentes, e ainda lhe tomam seus territórios; apoiaram todas as ditaduras militares instaladas na América Latina no século passado.

Em nome da democracia e da segurança estadunidenses, o mundo inteiro é passado num grande "pente-fino" da espionagem, e os estadunidenses simplesmente sabem de tudo o que se passa em todos os cantos e recantos do planeta, sem qualquer respeito à soberania dos outros países ou à privacidade das pessoas.

Agora, se quisessem, os estadunidenses poderiam por um fim à carnificina que os militares-governantes do Egito realizam. Mas, como não lhe interessa, a democracia, no Egito, continuará sendo enterrada juntamente com as centenas - ou milhares - de corpos caídos ao chão pela força das armas dos militares egípcios.

Homenagem

Luiz Campos: O mestre de uma geração de poetas

Crispiniano Neto

Falar de Luiz Campos é tratar de um dos mais autênticos repentistas-poetas do Nordeste brasileiro. Luiz Campos tinha tudo para dar errado na vida de cantador, pois além de não ter porte artístico, não tocava bem à viola e tinha uma voz que não animava ninguém a ir à sua cantoria para ouvir-lhe a “sonora”, como se diz no idioma particular dos cantadores. Luiz se impõe pela poesia, pelo repente, pela força titânica e demolidora da sua verve improvisadora capaz de redimir uma noite de cantoria “infeliz” com uma única sextilha genial.

O grande mestre Diniz Vitorino trabalhava o conceito de cantadores-poetas que muitos colegas não gostam, por entenderem que todos aqueles que rimam e metrificam fazem poesia. Mas Diniz tinha razão, pois muitas vezes encontramos baiões de viola inteiros, perfeitamente rimados, metrificados e oracionados, mas sem uma única linha em que se possa sentir cheiro de poesia, de arrebatamento, de êxtase, de dizer poético, de poiesis, desse jeito único de dizer coisas, às vezes até as mesmas coisas que todo mundo já disse, mas de maneira tão diferente e tão especial que a sensibilidade brota de cada sílaba, fazendo a diferença e construindo a mágica da produção artística, esta magia que somente os inspirados são capazes de encontrar por entre os fluidos que residem nas veredas tortuosas dos labirintos interpostos entre o pensar e o dizer, ou, como diria o mestre Chico Buarque, “entre intenção e gesto”.

A poesia de Luiz Campos tem um poder de síntese, de objetividade e clareza na construção da mensagem que só se pode encontrar num Hai Kai. Como n’A Morte de Luiz Macedo: “Partiu ele atrás da rês/ O touro, o cavalo e ele/ E a morte atrás deles três”. Tem, quando quer, a grandiloquência do Condoreirismo: “Quis morrer de amor, faltou coragem/ quis viver para amar, faltou razão”. É humor, é amor, é cantiga de amigo e de maldizer... Tenho encontrado versos de Luis Campos registrados em antologias de repentes, como se fossem lavra de grandes nomes, como do genial Pinto do Monteiro. Um exemplo é aquela que é uma das sextilhas mais brilhantes do mundo do improviso:
 
Cantar sem ganhar dinheiro
É viajar numa pista
Num carro velho quebrado
Um chofer curto da vista
E um doido gritando em cima
Atola o pé, motorista! 
 
Garantiram-me também que esta sextilha seria de Domingos Tomás, que é um dos homens mais sérios da poesia nordestina. Fui à sua casa em Touros e tirei a dúvida. A genial estrofe é mesmo de Luiz Campos. Luiz não pode ser esquecido. Especialmente nestes tempos em que um cantador não profissional como eu, passou pela direção geral da Fundação José Augusto com status de secretário de Estado da Cultura, ao Instituto Histórico e Geográfico do Estado, à Academia Brasileira de Literatura de Cordel e ao Conselho Nacional de Políticas Culturais, em que Antonio Lisboa foi reconhecido como um dos maiores repentistas do Nordeste, Chico de Assis brilha no Planalto Central como poeta dos movimentos sociais e Antonio Francisco se projeta como o novo grande nome da poesia nordestina recitada.

É preciso lembrar que Luiz Campos em 1977, ao lado de Aldivam Honorato, foi um dos fundadores da Casa do Cantador do Oeste Potiguar, entidade que serviu de ventre para a gestação da “Escola de Mossoró”, aquela em que a poesia popular foi posta a serviço das causas populares. Quando a viola sertaneja saiu em alto estilo da letargia da alienação, do marasmo da acomodação e da vergonha da subserviência pós-ditadura militar, para cantar a libertação do povo, a criação de um novo mundo possível. Antes da “Escola de Mossoró” com a cantoria social, os cantadores chegavam ao paradoxo de até censurar os próprios improvisos, reprimindo o irreprimível, ponderando o imponderável, podando o sonho, castrando o delírio. Nada de cantar “comunismo”, era preciso respeitar os fardões dos generais e louvar “porta, porteira e portão” da casa do fazendeiro.

Luiz Campos nunca teve engajamento político-partidário nem ideológico, mas na sua consciência nata, na sua santa indignação contra o erro da iniquidade e o crime da opressão do homem pelo homem, foi quem começou cantar essas coisas de questionar o submundo dos pobres e a opressão dos ricos, como em Vítimas do Destino, Carta a Papai Noé, O Velho Deus da Fome e Sonhei, Acordei Frustrado. Patativa do Assaré cantou lá... e ele cá, dando vez aos sem voz e voz aos sem vez! Este Luiz Campos, de corpo inteiro; rindo ou sofrendo, mas sempre fazendo rir; sem nenhum engajamento político, mas fazendo todos se engajarem, sem estudos livrescos, mas chegando aos livros e fazendo ler, e refletir, e agir, merece mais que um livro. Mereceu nossa veneração e precisou do nosso apoio, quando se sentia só e doente, como na sextilha em que profetizou seus futuros/já chegados/agora passados “ais”: 
 
Esta dor que estou sentindo
Esse mal, essa moleza
Esse tremido nas pernas
Essa cólica, essa fraqueza
Trinta por cento é doença
Mas os setenta é pobreza...
 
Luiz Campos morreu anteontem à noite. Foi sepultado ontem. O velório foi na casa onde nasceu e viveu 73 anos, no bairro lagoa do Mato, o mesmo de Antonio Francisco. Nasceu quando a lagoa ainda existia. Viu-a ser criminosamente sepultada pelos alicerces da especulação imobiliária que foi deixando os pobres, seus amigos, sem ter onde fincar um arremedo de lar, os que, como ele, se também fossem poeta poderiam dizer aquela estrofe que o grande Maciel Melo empurrou no meio de uma composição num dos seus mais belos CDs:
 
O que eu tenho é esta casa
Que eu herdei do meu pai
É a chuva vem não vem,
É a casa vai não vai;
Todo dia eu boto barro,
Toda noite o barro cai!
 
Luiz é Patrimônio Vivo da Cultura Popular Potiguar, pela Lei No. 9.032, de 27.11.2007, iniciativa do deputado estadual Fernando Mineiro. Esta lei garantiu dignidade a Luiz nos seus últimos anos de vida. A casinha que herdou do pai operário e mãe rezadeira, mais a rendinha desta lei advinda, somada à aposentadoria de salário-mínimo permitiu que não ficasse, como tantos mestres da cultura popular, mendigando um vidro de remédio, um prato de comida. Visitei-o frequentemente nos últimos três meses, sozinho, juntamente ou revezadamente com Tércio Pereira, Claudete, e os poetas Antonio Francisco, Silveira e Nildo da Pedra Branca. Em momento algum, Luiz precisou nos pedir um real sequer, por ter sua mixaria sempre à mão. Luiz morreu. Viva Luiz Campos... O mestre de todos nós!

Fonte: www.defato.com.

Arrogância?

Ministro Joaquim Barbosa discute, de novo, com colega do STF

Depois que a imprensa nacional ligada à ala política mais conservadora deste País quis transformar o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal - STF, num potencial candidato ao cargo de Presidente da República, ele parece ter tomado gosto pela ideia, e desde então tem sido o epicentro de muitas discussões.

Mas, como "remédio" que mata e cura, a mesma imprensa, na outra face, tem colocado o ministro Barbosa como foco principal de notícias de fatos que ela, a imprensa, insinua serem de legalidade ou moralidade duvidosa, como foi o caso do apartamento comprado pelo ministro nos Estados Unidos da América, e como foi também o caso de um filho de Joaquim que teria sido contratado recentemente pela Rede Globo de Televisão.

Vez por outra o ministro-presidente da Suprema Corte de Justiça discute asperamente com colegas do STF. Ele também foi acusado por advogados de desrespeitar esta categoria numa sessão do Conselho Nacional de Justiça - CNJ.

O episódio mais recente envolvendo Joaquim Barbosa se deu nesta quinta-feira, 15 de agosto, quando da apreciação de recursos interpostos por acusados da Ação Penal nº 470, popularmente conhecida como "processo do mensalão".

Uma intervenção juridicamente cabível do ministro Ricardo Lewandowski foi o motivo de Joaquim Barbosa voltar a mostrar a sua face mais deselegante e, para muitos, até arrogante.

A discussão somente não ficou ainda mais acirrada porque o ministro Celso de Mello interviu, tentando apaziguar os ânimos.

Leia abaixo o diálogo entre os ministros:

Joaquim Barbosa: Vossa excelência simplesmente está querendo reabrir uma discussão.
Ricardo Lewandowski: Não, estou querendo fazer justiça.

 
Joaquim Barbosa: Vossa excelência compôs um voto e agora mudou de ideia.
Ricardo Lewandowski: Para que servem os embargos?

 
Joaquim Barbosa: Não servem para isso, para arrependimento, ministro. Não servem.
Ricardo Lewandowski: Então, é melhor não julgarmos mais nada. Se não podemos rever eventuais equívocos praticados, eu sinceramente…

 
Joaquim Barbosa: Peça vista em mesa, ministro.
Celso de Mello: Eu ponderaria ao eminente presidente que, talvez, conviesse encerrar trabalhos e vamos retomá-los na quarta-feira começando especificamente por esse ponto. Isso não vai retardar.

 
Joaquim Barbosa: Já retardou. Poderíamos ter terminado esse tópico às 15h para 17h.
Ricardo Lewandowski: Presidente, nós estamos com pressa do quê? Nós queremos fazer Justiça.

 
Joaquim Barbosa: Nós queremos fazer nosso trabalho, e não chicana, ministro.
Ricardo Lewandowski: Vossa excelência está dizendo que estou fazendo chicana? Eu peço que vossa excelência se retrate imediatamente.

 
Joaquim Barbosa: Eu não vou me retratar, ministro.
Ricardo Lewandowski: Vossa excelência tem a obrigação como presidente da Casa. Está acusando um ministro, um par de vossa excelência de fazer chicana, eu não admito isso.

 
Joaquim Barbosa: Foi uma votação unânime.
Ricardo Lewandowski: Eu estou trazendo um argumento.

 
Joaquim Barbosa: Um argumento, ministro?
Ricardo Lewandowski: Apoiado em fatos, em doutrina. Eu não estou brincando presidente, vossa excelência está dizendo que estou brincando? Eu não admito isso.

 
Joaquim Barbosa: Faça a leitura que vossa excelência quiser.
Ricardo Lewandowski: Vossa excelência preside uma casa de tradição multicentenária.

 
Joaquim Barbosa: Que vossa excelência não respeita. [...] Está encerrada a sessão. Tem vista em mesa, portanto.


A postagem tem algumas informações do blog de Thaisa Galvão.