sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Política

Mossoró tem novos representantes no cenário político local e estadual e o Estado também experimenta o "novo"

Historicamente, o Rio Grande do Norte elegia, em média, dois deputados federais e dois deputados estaduais oriundos de Mossoró, nascidos nesta cidade ou que tinham base política em Mossoró. Geralmente eram políticos dos principais grupos do Município, todos do clã Rosado ou diretamente ligados a este.

O ápice mais recente dos políticos mossoroenses no cenário estadual se deu justamente com a médica e ex-prefeita da Terra de Santa Luzia, Rosalba Ciarlini Rosado, que foi eleita para o cargo de Senadora da República nas eleições gerais realizadas em 2006 e depois foi eleita para o cargo de governadora do Estado nas eleições gerais seguintes, acontecidas em 2010.

Mas a gestão da governadora Rosalba Ciarlini, iniciada em 1º de janeiro de 2011 e terminada neste dia 31 de dezembro de 2014, foi um verdadeiro fiasco. Seus aliados políticos mais graduados a abandonaram na metade do mandato, os serviços públicos essenciais foram prestados em sua maioria com péssima qualidade e agora se fala abertamente numa dívida de 610 milhões de reais, que teria sido deixada pela gestão da "Rosa" (clique aqui).

Com elevado índice de reprovação popular e se mantendo elegível por força de uma decisão judicial provisória (liminar), Rosalba Ciarlini sequer conseguiu o apoio e a legenda do seu partido, o Democratas (DEM), para uma tentativa de reeleição.

Preocupado unicamente com o projeto de reeleição do seu filho, o deputado federal Felipe Maia, o presidente estadual e nacional do DEM, senador José Agripino Maia, preferiu levar o seu partido a uma coligação com o PMDB, cujo candidato a governador em 2014, deputado federal Henrique Eduardo Alves, foi derrotado nas urnas pelo atual governador Robinson Faria (PSD), que por sinal era o vice-governador de Rosalba Ciarlini até 31 de dezembro de 2014.

Na peleja local do segundo maior Município potiguar, os grupos mais tradicionais da política mossoroense, liderados por membros da família Rosado Maia (que a partir da segunda geração da descendência de Jerônimo Rosado Maia adotaram apenas o sobrenome Rosado), viram seus candidatos a prefeito serem derrotados, em eleição municipal suplementar, para o vereador e prefeito interino do Município, Francisco José Silveira Júnior (PSD) (clique aqui).

No ritmo do dito popular "depois da queda, coice", os principais grupamentos políticos mossoroenses também foram derrotados nas eleições estaduais de 2014: a então governadora Rosalba Cialini Rosado não pode sequer ser candidata à reeleição, rejeitada pelo povo e pelo próprio partido; a deputada federal Sandra Rosado (PSB) não conseguiu ser reeleita; a deputada estadual e filha de Sandra, Larissa Rosado (PSB), também não obteve êxito no seu projeto de reeleição; a ex-prefeita Fafá Rosado (PMDB) não conseguiu ser eleita para o cargo de deputada federal e o seu marido, deputado estadual e médico Leonardo Nogueira, também naufragou no seu intento de reeleição.

Apesar do desgaste popular em todo o Estado, Rosalba Ciarlini mostrou sua força dentro dos limites territoriais de Mossoró e foi fundamental para a eleição do seu candidato a deputado federal, o jovem agrônomo Betinho Rosado Segundo, ou Beto Rosado (PP), que vem a ser filho do atual deputado federal Betinho Rosado, cunhado da "Rosa", que não pode ser candidato à reeleição por ter ficado inelegível.

A partir de 1º de fevereiro de 2015, a cidade de Mossoró terá apenas, como filho da terra, um deputado federal, no caso Betinho Rosado Segundo, ou Beto Rosado (PP), e nenhum deputado estadual (já chegou a ter três por legislatura). Os demais candidatos, ligados a Henrique Alves na última campanha eleitoral, perderam-se no caminho junto com este, que mais uma vez comprovou não ter "sorte" quando disputa um cargo majoritário, mesmo sendo ele o atual presidente da Câmara dos Deputados.

Os principais grupos políticos de Mossoró ficaram a um só tempo sem muitos representantes nos Parlamentos (só terá um, no âmbito federal) e sem perspectiva de muito espaço no Governo estadual, situação que não se via há décadas.

Nesse cenário, surgiu a presença do atual prefeito mossoroense, Francisco José Silveira Júnior (PSD), ungido como o "novo" na política local, apesar dos seus muitos mandatos de vereador, em que também foi presidente do Poder Legislativo mossoroense.

Contando com uma boa pitada de sorte e também muito de articulação política, Silveira Júnior, depois de estar sentado com tranquilidade na cadeira de prefeito do segundo maior Município potiguar, abraçou com força a candidatura de Robinson Faria, do seu partido (PSD), ao governo do Estado, e agora colhe os frutos dessa parceria.

Durante a campanha eleitoral passada, Francisco José Júnior atuou como uma espécie de coordenador regional no Oeste do Estado do estafe de campanha do então candidato Robinson Faria, juntamente com seu pai, o ex-deputado estadual Francisco José Silveira.

Nem mesmo a retirada da candidatura do pai Francisco José ao cargo de deputado estadual, por falta de condições de elegibilidade, nem mesmo isto retirou do novo prefeito o prestígio que adquiriu junto ao comando estadual da campanha de Robinson Faria.

E, sem o pai para apoiar para deputado estadual, Silveira Júnior descartou apoiar o deputado estadual candidato à reeleição Leonardo Nogueira (DEM), que, juntamente com a ex-prefeita Fafá Rosado (PMDB) havia lhe dado apoio na eleição suplementar municipal para prefeito. Apostando em carreira solo, Francisco José Júnior emprestou seu apoio a Galeno Torquato, ex-prefeito de São Miguel e que foi eleito para o cargo de deputado estadual com expressiva votação no Município de Mossoró, o segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Norte.

O mesmo ele fez para o caso de deputado federal, em que ignorou as candidaturas nascidas em Mossoró e resolveu apoiar Fábio Faria, que disputou a reeleição. Neste caso, havia dois fortes "atrativos": Fábio é do mesmo partido de Silveira Júnior e filho do então candidato a governador, Robinson Faria.

Empossado o governador Robinson Faria em 1º de janeiro, coube a Francisco José Júnior indicar um secretário de Estado e vários outros nomes para outros cargos importantes do Governo norte-rio-grandense. Semelhante espaço foi dado também ao deputado federal Betinho Rosado e ao seu filho, deputado federal eleito e diplomado, Beto Rosado.

Conduzindo Mossoró de volta a um lugar de destaque no cenário estadual, o que se acreditava ser impossível para data tão próxima em virtude da péssima avaliação à administração da governadora Rosalba Ciarlini Rosado e em razão dos fracassos eleitorais dos grupos políticos mossoroenses mais tradicionais, Francisco José Júnior foi eleito agora, mais recentemente, para o cargo de presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte - FEMURN, derrotando o então presidente, candidato à reeleição, Benes Leocádio, que é prefeito de Lajes, Município localizado na região Central do Estado (clique aqui).

A eleição para a presidência da FEMURN, a propósito, foi uma espécie de terceiro turno das eleições estaduais de outubro de 2014. Francisco José Júnior tinha o apoio do governador Robinson Faria e Benes contava com a força do candidato derrotado por Robinson, deputado Federal Henrique Alves. Assim como no último pleito eleitoral estadual, a disputa pela presidência da Federação de Municípios foi apertada.

Dias antes, o presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Jório Nogueira, agora ligado ao prefeito Francisco José Júnior, havia vencido a disputa para o cargo de presidente da Federação das Câmaras Municipais do Rio Grande do Norte - FECAM/RN (clique aqui).

E é assim que, por intermédio dos deputados Betinho Rosado (com mandato a terminar em 31 de janeiro de 2015) e Betinho Rosado Segundo (diplomado) e do grupo liderado por Francisco José Silveira Júnior, Mossoró, mesmo sem os deputados que sempre elegia até pouco tempo e sem a governadora Rosalba Ciarlini Rosado, voltou a ter generoso espaço no âmbito da política estadual.

Há quem diga que a eleição de Silveira Júnior para o cargo de presidente da FEMURN servirá como trampolim para projetos eleitorais futuros dele e do próprio governador Robinson Faria. Os dois têm em comum o fato de serem chamados de "novos" na política potiguar (e nem são tão novos assim na vida pública) e, ainda, o fato de terem se aliado ao Partido dos Trabalhadores - PT e a outras siglas de menor representatividade no Estado para conseguirem suas eleições.

Novos, novos, mesmos, são o fato de o Estado do Rio Grande do Norte sair do controle que, em rodízio, era feito pelas famílias Maia e Alves (que se juntaram na última eleição estadual e perderam unidas) e o fato de Mossoró não ter, após décadas, um prefeito que seja da linhagem Rosado ou do estreito controle de um dos seus grupos, que já foram dois, três e, quem sabe, de repente pode voltar a ser apenas um, como se tinha lá atrás no tempo, antes do "racha" familiar, que por décadas foi usado como estratégia do tipo "é preciso separar para se manter no poder".

Saúde

No Rio Grande do Norte, 32 municípios poderão solicitar novas vagas no Mais Médicos
O Ministério da Saúde vai expandir o Programa Mais Médicos para assegurar profissionais em municípios com dificuldade de contração na Atenção Básica.
O novo edital abre uma nova oportunidade para 1.500 prefeituras e garante a incorporação de 100% das vagas do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab).
A seleção, aberta nesta sexta-feira (16), integra 424 cidades que ainda não participam do Mais Médicos. No estado do Rio Grande do Norte, 32 municípios poderão solicitar novas vagas pelo Programa.
Municípios e médicos terão até os dias 28 e 29 de janeiro, respectivamente, para confirmar sua participação e efetuar a inscrição no sistema do Programa (http://maismedicos.saude.gov.br/). Estão aptas a aderir as prefeituras do Provab 2014, que encerra em fevereiro, e aquelas de maior vulnerabilidade econômica e social.
Foram priorizadas, por exemplo, as cidades com 20% de sua população em extrema pobreza, com IDH baixo e muito baixo, localizadas no semiárido, Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Ribeira e nas periferias de capitais e regiões metropolitanas. Também foi garantida expansão para os distritos indígenas.
Os médicos brasileiros continuam tendo prioridade na seleção. Só que agora, ao invés de uma, eles terão três oportunidades para escolher o município em que irão atuar. Na inscrição, cada profissional definirá até quatro cidades de diferentes perfis, conforme a sua prioridade. Os candidatos concorrem somente com aqueles que optarem pelos mesmos municípios e, quem não conseguir alocação, terá acesso às vagas remanescentes.
Fonte: Ministério da Saúde via www.gazetadooeste.com.br.