sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Política

Cunha fica mais "sereno" depois de denúncia e manifestações

Se até pouco tempo o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se sentia quase dono do Brasil, aos poucos sua postura vai cedendo a fatos que lhe incomodam.

Cunha entrou em rota de colisão com o Palácio do Planalto, apesar de seu partido, o PMDB, formalmente integrar a base de apoio da presidente Dilma Roussef (PT), e também passou a se desentender com "cardeais" do PMDB, como Michel Temer (vice-presidente da República) e Renan Calheiros (presidente do Senado Federal).

Noutra frente, Eduardo Cunha se tornou pensona non grata do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.

Ocorre que, quando se atira pedras para todos os lados, mais das vezes acontece de elas começarem a fazer o caminho de volta e atingirem justamente quem as jogou. E foi o que houve com Eduardo Cunha.

Indicado em lista tríplice para mais um mandado de Procurador Geral da República, lista essa encaminhada à presidente Dilma, Rodrigo Janot viu seu nome ser indicado pela presidente da República ao Senado Federal, que fará a sabatina de praxe, para a nomeação ou não de Rodrigo Janot no cargo de Procurador Geral da República. A tendência é que o seu mandado seja renovado.

Outro revés para Eduardo Cunha foi o ajuizamento, justamente por Rodrigo Janot, de uma ação penal contra Cunha junto ao Supremo Tribunal Federal - STF. O deputado carioca é acusado de integrar a quadrilha investigada dentro da chamada Operação Lava Jato, que apura o desvio de verbas da empresa Petrobrás - Petróleo Brasileiro S/A.

Segundo a denúncia apresentada por Janot junto ao STF, Cunha teria recebido propina oriunda de dinheiro da Petrobrás.

Nas ruas, os protestos também eclodiram contra Eduardo Cunha, que se vê ameaçado assim, também, junto à opinião pública.

Neste dia 20 de agosto, por exemplo, manifestações populares foram realizadas em todo o País. Nas ruas, as manifestantes gritavam palavras de ordem e exibiam faixas e cartazes que defendiam a democracia e protestavam contra o impedimento da presidente Dilma, a política econômica do Governo Federal e, de modo particular, contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Mas, mesmo antes de 20 de agosto, o nome de Cunha já tinha sido alvo de protestos em manifestações realizadas em frente à Câmara Federal.

Depois de tudo isso, Cunha já não fala com a mesma arrogância de antes, nem também está agora ladeado de tantos "amigos". Numa das suas aparições à imprensa, o deputado saiu do local praticamente sozinho, sem aquele batalhão de assessores e correligionários que lhe cercavam durante as entrevistas e que com ele saíam após as entrevistas.

Não será surpresa se Eduardo Cunha terminar o mandato de presidente da Câmara dos Deputados mais desgastado do que Severino Cavalcante, deputado pernambucano que num passado recente foi eleito presidente da Câmara pelo chamado "baixo clero" da Casa.