Cadastros da BBom são bloqueados pela Justiça por suspeita de pirâmide financeira
Vítor Sorano - iG São Paulo
A BBom, empresa que na semana passada
teve as contas congeladas por suspeita de ser uma pirâmide financeira ,
agora está impedida de cadastrar novos distribuidores, conhecidos como
associados. Hoje, eles somam cerca de 300 mil. A liminar – decisão
temporária — foi concedida na terça-feira (16) pela 4ª Vara Federal de
Goiânia, a pedido do MInistério Público Federal em Goiás (MPF-GO).
É a segunda vez quase 30 dias a Justiça
bloqueia a expansão de uma rede apresentada como marketing multinível,
mas que é considerada uma pirâmide financeira pela força-tarefa de
promotores e procuradores da República que analisa a atuação de 18
empresas com modelos de negócios semelhantes. A primeira empresa
impedida de cadastrar novos representantes foi a Telexfree.
Procurada, a BBom não tinha ninguém
imediatamente disponível para comentar a nova decisão, mas prometeu um
posicionamento. Seus responsáveis sempre negaram irregularidades, assim
como os da Telexfree.
A BBom é apresentada como o braço de
marketing multinível da Embrasystem, que atua no mercado de
rastraeamento de veículos.O MPF-GO, entretanto, acusa a BBom de ser uma
pirâmide financeira, que depende das taxas de adesão pagas pelos
associados – de R$ 600 a R$ 3 mil – e não dos produtos e serviços da
Embrasystem.
O MPF-GO argumenta também que a
Embrasystem não tem autorização da Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) para oferecer os serviços de rastramento e monitoramento. Além
disso, alega que o faturamento da empresa disparou de cerca de R$ 300
mil ao longo de 2012 para R$ 100 milhões em março de 2013.
A BBom foi lançada em fevereiro e, desde
então, atraiu quase 300 mil associados com campanhas que exaltam os
ganhos expressivos de seus melhores revendedores.
Só dinheiro estava bloqueado
No dia 10 de junho, a pedido dos
procuradores da República em Goiás, a juíza substituta da 4ª Vara
Federal de Goiânia, Luciana Laurenti Gheller, determinou bloqueio das
contas da Embrasystem e de seus sócios administradores. Segundo o
MPF-GO, foram congelados R$ 300 milhões, além da transferência de mais
de cem veículos – entre eles, quatro Lamborghinis e um Rolls Royce.
A decisão, porém, não impedia que a BBom
continuasse a cadastrar associados. Ou seja, o que o MPF-GO entende
como pirâmide financeira poderia continuar a se expandir. Por isso,
entrou com um pedido de aditamento de liminar, que foi julgado nesta
terça-feira (16).
Em entrevista ao iG no dia 10 de junho, o
dono da Embrasystem, José Francisco de Paulo, acusou pessoas “mal
intencionadas” de plantarem informações falsas contra a empresa, mas
disse respeitar as investigações. Ele também argumentou que a Anatel não
possui um tipo de autorização específica a ser concedida a empresas de
rastreamento e monitoramento e disse que no “ganhar muito dinheiro é
crime no Brasil”.
Febre das pirâmides
Membros do governo federal e dos
ministérios públicos estaduais e federal têm considerado que o País vive
uma febre de empresas com características de pirâmides financeiras,
decorrente em parte da popularização da internet.
Atualmente, ao menos 18 empresas estão
na mira de uma força-tarefa de promotores e procuradores da República.
BBom e Telexfree foram as primeiras a terem suas atividades suspensa por
decisões judiciais, mas o Ministério Público do Rio Grande do Norte
(MP-RN) já anunciou investigações contra Cidiz, Nnex, Multiclick e
Priples .
A Cidiz nega irregularidades. Os
porta-vozes da Multiclick e da Priples, procurados quando a investigação
foi anunciada, não foram localizados. A Nnex não retornou os contatos
feitos na tarde do dia 2 de julho.
BBom e Telexfree, assim como outras
empresas suspeitas, apresentam-se como redes de marketing multinível –
um modelo de varejo legal em que os vendedores são incentivados a atrair
outros membros para o negócio, pois ganham bônus pelas vendas desses
últimos.
A suspeita da força-tarefa, porém, é que
essas redes sejam usadas apenas como fachada para pirâmides
financeiras, em que o faturamento depende das taxas de adesão paga pelos
vendedores para aderirem às redes e não de produtos ou serviços. Como a
população é finita, esses sistemas são insustentáveis.
Fonte: www.ac24horas.com