A Senzala e a Casa Grande, de ontem e de hoje
Alcimar Antônio de Souza
Aboliram-se as senzalas há mais de cem anos, mas ainda há
quem se comporte como se elas existissem, infelizmente. Os senhores da Casa
Grande mudaram de nomes, mas continuam, no geral, com o mesmo perfil de antes:
arrogantes, prepotentes, indiferentes à dura realidade social de uma parcela
significativa da sociedade.
Os senhores da Casa Grande, de ontem e de hoje,
continuam raivosos quando constatam que alguém resolveu dividir melhor o
"bolo" da riqueza desse imenso País. Preferiam os tempos em que só
eles desfrutavam da nossa riqueza. Preferiam os tempos da chibata que levava à
opressão e à submissão.
Hoje, ficam raivosos quando constatam que não há mais
espaço para discriminações motivadas por etnia, cor da pele, razão social ou
outro critério igualmente repugnante. Torcem o nariz, por exemplo, quando o
filho do pobre chega a uma universidade, ou adquire uma profissão por um curso
técnico que lhe garantirá dignidade e respeito.
O pior é quando enxergamos que
existem aqueles que há mais de um século atrás habitariam ou a senzala (pela
cor da pele, o que seria o meu caso) ou algum grotão de miséria (pelo critério
de renda social), mas que ignoram a História e passam a se comportar como se
fossem também da Casa Grande, e, assim como os herdeiros da Casa Grande, também
torcem o nariz para as conquistas das camadas sociais menos favorecidas, agora
melhor lembradas.