sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Poesia popular


ZOLIMPÍADAS DO SERTÃO

Sonhei com as Zolimpíadas
Chegando no meu sertão
Foi o maior espetáculo
Que se viu na região
Tinha gente que só a peste
Lá das brenhas do nordeste
Chegando de caminhão

No desfile de abertura
A bandeira nordestina
Toda feita de retalhos
Pelas mãos de Severina
E eu ali, de camarote
O bode virou mascote
A tocha era a lamparina

A nossa delegação
Para conquistar os louros
Desfilou de guarda-peito
Gibão e chapéu de couro
E enfrentando a batalha
Conquistou muitas medalhas
de bronze, de prata e ouro

Quem carregou a bandeira
Foi Ritinha de Zé Bento
 Já a pira foi acesa
Por Tonin de Livramento
Nosso atleta principal
E recordista mundial
Do hipismo de jumento

Antes das competições
Um lanche bem reforçado
Com buchada, cajuína
Rapadura e milho assado
Fava verde com galinha
Sarapatel com farinha
Angu com bode guisado

Nas águas do Velho Chico
As provas de natação
Os pulos ornamentais
De cima de um paredão
Ginástica num terreiro
Remo e vela num barreiro
E judô num palhoção

A maratona, seu moço
Era por nossas estradas
Atravessando os riachos
Nas veredas, nas quebradas
Da paisagem nordestina
Ao som do galo-campina
E da patativa golada

Na competição de tiro
Os velhos de bacamarte
Pé-de-bode, granadeira
Vestimenta de zuarte
E davam cada pipoco
Do sujeito ficar môco
De se ouvir em toda parte

A prova de atletismo
Conhecida por carreira
De cem e duzentas léguas
Com barreira e sem barreira
Foi por dentro do cercado
Atravessando um roçado
Pelo meio das capoeira

Os saltos, lá no sertão
Eram provas de “pinote”
De riba de uma barreira
Num pedaço de caixote
O cabra de lá pulava
Num açude tibungava
Caindo feito um caçote

O jogo de futebol
Se jogava sem chuteira
Num campo de chão batido
No alto de uma ribanceira
As traves de barandão
O campo sem marcação
No calor e na poeira

Levantamento de peso
Quem ganhou foi Sebastião
Cinco sacos de Farinha
Três arrobas de algodão
Com esse peso todinho
Ele se ajudou sozinho
E se sagrou campeão

O arremesso de pedra
Quem ganhou foi Expedito
No tiro com baladeira
Carmelita fez bonito
E Já na queda de braço
O ouro foi pra Inaço
E a prata pra Benedito

Fizeram de três batentes
Pódio pra premiação
Com uns ramos de onze-horas
Era a coroação
E numa latada de lona
Asa branca na sanfona
Completava a emoção

E assim eu me acordei
Com orgulho do sertão
Desse povo vencedor
De tão grande coração
De história tão sofrida
Que nas batalhas da vida
Nasceu pra ser campeão.

Autor não divulgado.

Texto recebido via email. 

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