terça-feira, 28 de julho de 2015

Para refletir

Sobrevive a utopia de um mundo melhor

Num País em que José Luiz Datena, Marcelo Rezende e outros famigerados sensacionalistas da imprensa se transformam em estrelas da mídia, é fácil concluir que as pessoas se amam e se respeitam cada vez menos. A violência, de facetas diversas e cruéis, anda solta.

Os governantes de certa forma assistem a tudo, como se a solução do problema não fosse principalmente deles.

No dia a dia, pessoas se afobam e se digladiam por qualquer coisa, até mesmo no trânsito das grandes cidades, cenário reiterado da prática de atos de violência, entre eles o homicídio.

Por outro lado, o capitalismo, em sua marcha desenfreada, continua acentuando o número de excluídos, criando ao redor de uma casta tida à conta de civilizada uma legião de famintos. E são famintos de tudo: de comida, de respeito, de atenção, de lazer, de diversão e, principalmente, de conhecimento.

Houve avanços sociais nessas últimas décadas, é verdade, mas o fosso que separa pobres de ricos ainda é muito extenso e muito profundo.

Como consequência desse fosso social gigantesco, muitas mazelas advêm. A mais aguda delas parece ser a da dependência química. O número de pessoas - principalmente jovens - que se tornam viciadas em drogas e entorpecentes é assustador. E para se chegar a essa conclusão nem é necessária uma análise criteriosa das estatísticas. A dura realidade bate à nossa porta quase que diariamente.

Na voracidade das relações de consumo e de atendimento às convocações e imposições de uma mídia que nos vende tudo de todo jeito, buscamos sempre encher a medida do ter, em detrimento da medida do ser. E aí nos lembramos da lição de Dalai Lama, de que passamos uma parte da vida gastando saúde para tentar juntar dinheiro, e depois passamos a outra parte da vida gastando dinheiro para tentarmos ter saúde.

Esse cenário todo nos torna menos humanos e mais máquinas. Parar para ouvir atentamente um irmão é coisa rara. Dar ou receber um carinho, idem. Estamos preocupados apenas em produzir, para buscar ganhar mais, para poder consumir mais.

Em meio a isso, temos a preocupação coletiva com a segurança, porque a criminalidade, de raízes sociais profundas, age abertamente num Estado Democrático de Direito que, embora mais ou menos democrático, ainda precisa ser realmente de Direito.

De fato, amamo-nos e respeitamo-nos cada vez menos. Somos o retrato fiel de uma sociedade que parece sem rumo. Os valores agora são outros. Exigir ou tentar a manutenção de tradições, costumes e valores sociais e morais antigos pode nos levar à taxação de velhos, obsoletos, ultrapassados.

Mas há uma chama acesa no coração das pessoas de bem, que graças a Deus ainda são maioria nessa sociedade que mais se assemelha aos povos dos tempos das barbáries. A bondade humana não foi completamente destruída. O amor, a ternura, o bem-querer, a honestidade, a prudência, o respeito, a fraternidade e a solidariedade ainda não foram absolutamente extintos.

No mais, sou daqueles poucos que ainda acreditam que, na vida real, assim como na ficção, o bem sempre vence o mal.

A raça humana, que produziu tantos benfeitores como Jesus Cristo (o maior de todos), Gandhi, Martin Luther King, Dalai Lama e mais recentemente Jorge Bergioglio, que chegou ao posto maior da Igreja Católica com o nome simbólico e bonito de Francisco, com certeza não destruiu em seu seio os sentimentos mais nobres da pessoa humana.

Inicialmente, precisamos que cada um de nós busque a sua própria harmonia, para que possamos transmitir esse estado de espírito aos que nos rodeiam, e assim fazermos essa enorme corrente do bem. Novamente repetindo Dalai Lama, lembramos o que ele disse: "Ame profunda e passionalmente. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver o amor completamente."

Tudo isso parece utopia? É claro que parece! Mas pode ser visto também como um bom convite a uma reflexão para, quem sabe, iniciarmos a mudança que tanto necessitamos para nós e para os nossos pares sociais, a quem podemos chamar naturalmente de irmãos.

Alcimar Antônio de Souza

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