domingo, 22 de março de 2015

Direito e Cidadania

Redes sociais potencializam a divulgação de falsas informações e de difamação
O aumento do acesso à internet e o natural desenvolvimento das mídias sociais, que agora podem ser acessadas através de smartphones e até mesmo de relógios, viabilizou um gigantesco processo de inserção social à tecnologia. O uso indevido destas mídias, porém, viabilizou que "boataria", com divulgação de informações inverídicas e até mesmo a difamação se potencializassem de forma nunca antes vista.
Um bom exemplo deste novo quadro foram os recentes acontecimentos registrados no Rio Grande do Norte, onde a crise na segurança pública do Estado ganhou proporções muito maiores do que já eram, devido à propagação de uma série de informações inverídicas e desconexas, que geraram pânico na população. 
A estudante de Zootecnia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), Mariana Ribeiro, foi uma das vítimas do compartilhamento viral de informações. Ela explica que este tipo de atitude pode parecer divertida para quem viraliza, mas é muito assustadora para as pessoas que são diretamente influenciadas.
"Eu sou estudante, portanto ando muito nas imediações da Ufersa. Quando as informações sobre uma suposta invasão das universidades começou a ser compartilhada nas redes sociais,eu fiquei muito preocupada, achei que realmente aconteceria um atentado. Depois, fui percebendo que as informações estavam desencontradas e que não tinham muito fundamento", narrou.
A especialista e pesquisadora na área de redes sociais, Izaíra Thalita, explica que a forma de comunicar foi se alterando com o passar dos anos. De acordo com ela, a boataria tem ganhado cada vez mais espaço porque as pessoas buscam atenção e credibilidade através da internet, e a corrida incessante pelo "furo jornalístico", faz com que informações inverídicas se viralizem.
"Boatos são coisas sérias, e no mundo virtual infelizmente o que chama mais a atenção é o que é mais bombástico independente de ser verídico ou não. Conter isso é muito difícil, pois o 'contraboato', ou a tentativa de se desmentir uma informação inverídica que se viraliza, nunca vai ter a mesma força e o mesmo alcance", explicou a especialista.
Izaíra, que também é assessora do Partage Shopping, comenta que o estabelecimento foi uma das vítimas da onda de boataria que se alastrou por Mossoró durante a crise do sistema penitenciário. Ele afirma que durante as rebeliões a presídios foi divulgada a informação inverídica de que criminosos planejavam invadir o shopping para cometer uma série de crimes.
"A falsa informação seria muito prejudicial às lojas do shopping, se não fosse desmentida imediatamente nas redes sociais. A assessoria saiu em campo, nos grupos e chats onde a notícia era divulgada e prontamente começamos a informar que não era verdade o que estava sendo divulgado. As consequências de uma atitude irresponsável nos deram muito trabalho", explicou.
Especialistas discutem o uso das redes sociais para "boataria"
A boataria e suas consequências sociais têm sido cada vez mais analisadas e estudadas por especialistas. Os recentes acontecimentos envolvendo informações inverídicas só reaqueceram os debates acerca dos limites da rede.
O psicólogo João Valério Alves comenta que a internet é um importante veículo para troca de informações, mas que a falta de limites da sociedade em seu uso tem provocado o que ele chama de ''sintomas da contemporaneidade'', ou mudanças de comportamento que só podem ser observadas neste atual cenário. Para ele, o mundo hoje vive uma era totalmente conectada, realidade que começou a não mais do que três anos, e factoides e inverdades fazem parte da mudança que está acontecendo.
"A internet e as redes sociais oferecem o anonimato, que é uma importante ferramenta para que deseja viralizar inverdades, difamações ou crimes, tudo isso faz parte de um novo contexto, visto na contemporaneidade. Certamente temos pessoas que se divertem, que sentem prazer em divulgar mentiras, não temos como afirmar se isso é um quadro de psicopatia ou se outra disfunção psicossocial, mas podemos afirma que a grande parte das pessoas só divulga ou repassa boatos na intenção de chamar a atenção, de ser percebida em uma realidade tão fria que é a da internet", comentou.
Texto: Redação do Jornal O Mossoroense
Fonte: www.omossoroense.com.br

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