terça-feira, 11 de novembro de 2014

Opinião


E agora? Até O Globo defende o empréstimo brasileiro para o Porto de Cuba

Crispiniano Neto*
 
Não é novidade em eleições, esconderem a verdade sobre fatos e pessoas para prejudicar as candidaturas do PT. Passadas as eleições a verdade vem à tona. Agora mesmo absolveram de acusações um deputado petista no Rio Grande do Sul, que foi tema da campanha do peemedebista ganhador. Até o depoimento do doleiro Yusseff foi suspenso logo que terminou a eleição. Quem não lembra Erenice Guerra na eleição de 2010. Capa de todas as revistas semanais e jornalões do PIG. Passada a eleição, foi inocentada. Humberto Costa, que hoje é senador, perdeu o governo de Pernambuco por um escândalo do seu tempo como ministro da Saúde. Depois da eleição foi absolvido por 14 X 0.

Agora é o Porto de Cuba. A besta-fera trajada de Satanás antes da eleição, agora até o jornal O Globo defende. Se bem que um diretor da FIESP já defendia no yutube. Mas ninguém queria nem olhar. Ai de quem defendesse o empréstimo, ai de quem dissesse que quem primeiro emprestou dinheiro para Cuba foi o governo FHC. Mas, Vejamos o que diz o Globo:

É de se estranhar que o Brasil tenha se envolvido tão fortemente na modernização e ampliação do Porto Mariel, em Cuba. Com uma economia socialista, o que o Brasil tem a fazer lá, em um ambiente ainda de embargo econômico por parte dos Estados Unidos? Neste caso, o interesse estratégico do país pesou mais, à parte simpatias ideológicas, e não só de médio e longo prazos: a reconstrução do porto se tornou boa oportunidade de negócio para empresas brasileiras. Cuba não conta com variedade significante de matérias-primas e nem é um país industrializado. Mas tem uma posição geográfica privilegiada que, no futuro, será de grande importância. Mariel é o porto caribenho mais próximo da Flórida e se encontra a apenas 45 quilômetros de Havana, capital de Cuba, que concentra mais de 20% da população do país.

O investimento no porto é de quase US$ 1 bilhão e só faz sentido porque em torno dele surgirá uma zona econômica especial, voltada basicamente para exportações. Mariel é um caminho para que empresas brasileiras se instalem nessa zona econômica especial e processem produtos destinados a esses mercados, especialmente os de alta tecnologia, que utilizarão muitos insumos inexistentes em Cuba.

A proximidade com o novo Canal do Panamá também é um fator a se considerar, para chegada aos mercados situados no Pacífico. As obras no porto são basicamente financiadas pelo BNDES. Do orçamento inicial de US$ 957 milhões, US$ 802 milhões foram financiados pelo Brasil. No entanto, desse valor, o equivalente a US$ 800 milhões foram gastos na contratação de serviços e de equipamentos produzidos no Brasil, o que gerou cerca de 20 mil empregos no Brasil, sem contar com os postos de trabalho criados em Cuba. O porto responde pela maior parte do total de financiamentos, US$ 1,6 bilhão concedidos pelo Brasil a Cuba.

A pergunta é se não há risco de calote. Mesmo com todos seus problemas, Cuba permanece em dia com o Brasil, e no caso específico de Mariel, houve a preocupação de vincular os pagamentos diretamente às receitas obtidas pelo porto.

Palavra do jornal O Globo e não da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto.

Crispiniano Neto é agrônomo, jornalista, bacharel em Direito, poeta e escritor.

Fonte: www.crispinianoneto.blogspot.com.br

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