quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Comissão da Verdade

Viúva de militar pede perdão a ex-preso por tortura no DOI-Codi, no Rio


Maria Helena Souza, viúva do médico psicanalista Amilcar Lobo --morto em em 1997--, que servia ao DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) durante o regime militar, pediu perdão ao ex-preso político Cid Benjamin durante audiência da CEV (Comissão Estadual da Verdade), nesta quarta-feira (2), no auditório da Caarj (Caixa de Advogados Aposentados do Rio), no centro do capital fluminense.

Emocionada, Maria Helena foi a única depoente que aceitou responder aos questionamentos feitos pelos membros da Comissão da Verdade no decorrer da sessão. Antes dela, os militares da reserva Luiz Mário Correia Lima e Dulene Garcez, suspeitos de terem participado das sessões de tortura que levaram à morte o jornalista e dirigente do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário) Mário Alves, em janeiro de 1970, se mantiveram em silêncio.


Maria Helena Souza fala aos membros da Comissão Estadual da Verdade em nome do marido, Amilcar Lobo, morto em 1997. Lobo era o médico-psicanalista do DOI-Codi


A testemunha disse que o marido participou "involuntariamente" das sessões de tortura. Sua função era analisar as condições físicas e psicológicas dos presos políticos submetidos às agressões dos torturadores, e atestar se eles poderiam ou não continuar no DOI-Codi. "Eu não o inocento. Ele teve sua participação involuntária, mas teve", afirmou a viúva em referência a Lobo.

Ao se dirigir a Cid Benjamin, que hoje trabalha no setor de comunicação da CEV, Maria Helena disse que o marido era obrigado a lidar com ameças de represália, principalmente em relação aos filhos e à família. "A vida do Amilcar foi marcada por muitas coisas que não batem uma com a outra. Descrever essa história é extremamente importante para mim e para o Brasil", disse ela.

Texto e foto: UOL

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