domingo, 9 de abril de 2017

Migração esportiva

Futebol e basquete têm movimentos inversos de atletas

Os últimos resultados da seleção brasileira de futebol, sob o comando do treinador Tite, trazem euforia aos amantes do esporte mais praticado no Brasil. São oito jogos na fase classificatória para a Copa do Mundo de 2018 com oito vitórias do escrete canarinho, duas das quais sobre Argentina e Uruguai, países que são bicampões mundiais de futebol.

E ainda tem a vitória no Amistoso da Paz, realizado entre Brasil e Colômbia, quando o selecionado brasileiro já vindo sendo treinado por Tite, totalizando-se assim nove vitórias em nove partidas sob a direção do novo treinador, que substituiu o neófito Dunga à frente da seleção brasileira, após seguidos fracassos e pouco futebol.

Quem assiste aos jogos recentes da seleção brasileira de futebol e olha para a sua história, de cinco títulos mundiais e várias conquistas continentais e intercontinentais, talvez não compreenda por que os campeonatos de futebol realizados no Brasil não têm o mesmo brilho que vem sendo apresentado em campo pelos comandados de Tite.

De fato, os times em atividade no Brasil, com uma ou outra exceção, jogam um futebol sem muito brilho. Mas a explicação é simples: os melhores jogadores brasileiros são exportados ainda cedo para diversos clubes da Europa, muitos deles sem sequer atuarem profissionalmente pelos clubes que os formaram.

Além da Europa, outros mercados se abrem para jogadores brasileiros, como a Ásia e o Oriente Médio, onde se paga muitíssimo bem a quem tenha algum talento no futebol.

E ainda existe o tráfico de pessoas, que atinge também os meninos que sonham em ser jogadores de futebol, quando falsos empresários levam daqui para outros países, sob a promessa de bons contratos, meninos que pensam ir jogar lá fora.

E assim, o Brasil segue reforçando os torneios de futebol mundo afora, e mais das vezes reforçando até outras seleções, pois vários atletas brasileiros adquirem outras nacionalidades para poderem defender outras pátrias.

Enquanto o futebol brasileiro não consegue segurar aqui os seus jovens talentos, o basquete dos Estados Unidos da América - EUA, certamente o mais importante do mundo, mantém em seu território todos os seus grandes atletas, tornando os jogos da sua principal liga de basquete, a NBA, espetáculos vistos e aplaudidos em praticamente todo o planeta.

Fazendo o caminho inverso do que ocorre no futebol, o Brasil tem importado cada vez mais jogadores de basquete de outros países, principalmente dos Estados Unidos da América - EUA. É bem verdade que alguns poucos atletas brasileiros vão jogar basquete na NBA. Porém, os casos realmente são raros.

Todavia, diferentemente do que acontece com o futebol, os atletas do basquete que trocam a NBA, dos Estados Unidos, pelo NBB, do Brasil, são em geral os que têm menos talento. Vêm para esta terra situada entre as linhas dos trópicos apenas os jogadores de basquete que não interessam muito à maior liga de basquete do mundo, a NBA.

Houve caso até de jogador norte-americano que se naturalizou brasileiro e serviu à seleção brasileira de basquete, mas sem nunca ter sido o grande destaque do Brasil dentro das quadras.

Além disso, as cifras que se pagam nos dois movimentos migratórios são bastante diferentes: quando o jogador de futebol brasileiro vai para o exterior, principalmente para a China, o mercado em maior ascensão para esse esporte, geralmente ele vai para ganhar um salário gigantesco.

Já no basquete, quem não encontra mais espaço na NBA e vem se arriscar no NBB, não recebe tanto dinheiro assim. Mesmo organizado numa liga própria, o basquete brasileiro ainda engatinha para se firmar como um dos mais respeitados do mundo, do que ainda está longe, mesmo tendo por aqui, num passado recente, atletas do talante de Oscar, Hortência e Paula.

O que os dois esportes têm em comum por aqui é que, os poucos jogadores mais talentosos de basquete do Brasil, deixam sua terra e vão jogar lá fora, principalmente nos Estados Unidos da América.

Tudo isso certamente explica por que o Brasil segue sem se firmar no basquete e por que passou a ter jogos de futebol tão feios, com exceção para o recente histórico da seleção nacional comandada por Tite.

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