domingo, 28 de maio de 2017

Crônicas de um sertanejo

O vento leva a esperança?

Março de 2017. Em mais um final de semana, fomos ao Sítio Jatobá, na zona rural de Patu, para a casa onde morou minha esposa Elizângela quando criança.

O lugar sempre foi de muita frequência pela família dela desde que seus avós (que lhe criaram como filha) de lá saíram para morar na cidade de Patu, mas principalmente depois que a casa passou por uma razoável reforma, credenciando-se assim a receber melhor os muitos filhos, netos e amigos de Cícero Romão de Andrade, popularmente conhecido por Ciço Arroz, e Rita Rocha de Andrade.

O período de chuvas no sertão potiguar não estava tão intenso, mas graças a Deus choveu o suficiente para se debelar uma seca terrível iniciada em 2012, se não me engano.

Com as chuvas, muitos animais do sertão se tornam mais presentes entre os humanos. No campo, muitos deixam a mata de caatinga e chegam mais perto das residências. É o que acontece, por exemplo, com o louva-a-deus, ou cavalinho-de-deus, um inseto de cor verde cujo nome se origina pela forma como ele gosta de ficar quando observa algo ou quando espreita uma presa, isto é, com as patas dianteiras unidas umas às outras como se estivessem orando ou rezando.

Mas justamente pela cor verde que marca sua pequena estrutura física, o louva-a-deus também é chamado entre nós de esperança. Talvez não apenas a cor justifique esse epíteto genuinamente sertanejo, mas também o fato de que ele é visto em maior abundância nos períodos de chuva no sertão. E como por essas bandas somos muito sofridos pelas seguidas estiagens, acreditamos que esse animalzinho também significa para nós a esperança de dias melhores.

Pois bem, ao cair da noite, a conversa, como de costume, rolou solta entre nós, naquele aprazível e rústico alpendre de casa de sítio do sertão.

Minha Maria Rita, com seis de idade, não gosta muito de pernoitar na casa do Jatobá nesse período de chuvas, justamente porque esperanças, sapos, grilos e outros animais de pequeno porte costumam se misturar à família.

Num dos quartos da casa, ela sempre dormiu com sua mãe, numa cama, e eu, pelas circunstâncias do local, sempre fiquei ali ao lado, numa velha e boa rede, inclusive para amenizar o calor.

Nessa noite, porém, Maria Rita não quis ficar na companhia da mãe, preferindo dividir comigo aquela rede surrada. Achei estranho, mas gostei, afinal não são todos os dias que um filho ou uma filha prefere o aconchego do pai à proteção da mãe, que sempre teve uma ligeira vantagem na preferência dos filhos, o que facilmente se explica pelas leis da natureza e por nossos costumes sociais.

Com os cuidados de toda mãe que se preza, a de Maria Rita direcionou o único ventilador do quarto (e um dos poucos da casa) para a nossa rede, para que a menina não sentisse tanto calor.

Do sono fácil, eu e Maria Rita dormimos logo, até que, passando da meia-noite, ela acordou. Instintivamente, mesmo sem aquele instinto das mães, também acordei de imediato. Antes de qualquer palavra minha, ela me olhou com aqueles lindos olhões – único traço físico mais forte da mãe naquele mocinha – e, também olhando para o ventilador que nos soprava um pouco de vento, perguntou:

- Papai, o vento leva a esperança?

Logo compreendi que a sua preocupação era saber se o vento do ventilador levaria para longe de nós o louva-a-deus, a esperança. Também compreendi de imediato que a opção de Maria Rita por mim naquela noite, e não pela mãe, decorria justamente do seu temor de receber a visita da esperança, pois comigo, naquela rede, ela se sentiria mais protegida.

Como a indagação me chegou de surpresa, demorei para responder e nós acabamos voltando a dormir de imediato. Maria Rita, agora sabedora de que nenhum louva-a-deus havia chegado ao recinto, logo me abandonou e voltou ao aconchego protetor da mãe.

A pergunta, carregada de ingenuidade e da pureza da alma das crianças, pôs-me a refletir por dias seguidos. Pus-me a pensar na esperança, não no inseto louva-a-deus, mas naquele sentimento que ainda nos move diante das muitas adversidades diárias.

Para mim, em particular, essa esperança vem acompanhada da fé em Deus, porque assim fui educado por minha mãe Maria do Junco, cristã-católica fervorosa que nunca me permitiu – graças a Deus – pensar diferente.

E, somente dias depois, dando à pergunta uma resposta diferente daquela que Maria Rita gostaria de ouvir, concluí, também meio que ingenuamente, mas já sem a pureza da alma das crianças, que: Não! O vento não leva a esperança.

Alcimar Antônio de Souza

sábado, 27 de maio de 2017

Do Blog Patunews

Cavalgada na Rota do Trem foi adiada para o dia 16 de junho


Reunião de integrantes da Comissão Organizadora com representantes das secretarias de Agricultura e Cultura de Mossoró definiu nova data para a realização da 1ª Cavalgada na Rota do Trem.


A 1ª Cavalgada na Rota do Trem (Patu/Mossoró), que estava previsto para sair de Patu no dia 09 de junho, foi adiada para sair no dia 16 do mesmo mês, a pedido dos representantes das secretarias de agricultura e cultura de Mossoró, as quais estão organizando a recepção em Mossoró dos vaqueiros e amazonas que participarão dessa grande cavalgada.
 
O adiamento se deu em virtude da abertura do Mossoró Cidade Junina que ocorrerá no sábado, dia 10, com a realização do tradicional Pingo da Mei Dia, e como a cavalgada chegaria no domingo, dia 11, ficaria cansativo para as equipes das duas secretarias prepararem a recepção e toda programação que será desenvolvida logo após a chegada da cavalgada em Mossoró.

Ficou acertado pelos membros da comissão organizadora que a 1ª Cavalgada na Rota do Trem partirá de Patu às 4 horas de sexta-feira, dia 16, e após paradas para descanso nos municípios de Caraúbas e Governador Dix-Sept Rosado, a cavalgada deverá chegar por volta das 12 horas do domingo, dia 18, em Mossoró.

Este será o maior desafio já enfrentado pelos amantes das cavalgadas da região, superando a cavalgada das serras de Patu a Martins. 

Preparem as montarias e vamos reviver os desafios enfrentados por nossos antepassados.

Texto e foto: www.patunews.com.br

Do Blog da Cia. Cultural Ciranduís

Gestores articulam Fórum de Cultura no interior do RN

Reunião em 17 de março de 2017 - Janduís/RN (foto: Ciranduís)
Gestores de diferentes cidades do interior do Rio Grande do Norte estão articulando debates em redes para viabilizar uma política cultural colaborativa em diversas linguagens.

A discussão vendo sendo feita a partir de um grupo numa rede social, após primeiro encontro presencial realizado no mês de março de 2017, com pelo menos 8 municípios, em Janduís/RN.

O Fórum inclui vereadores, secretários, coordenadores, chefes de departamentos, produtores, conselheiros de cultura, assessores parlamentar e demais militantes da área cultural.

Uma proposta de encontro vem sendo debatida para que o próximo encontro presencial aconteça no mês de julho, no município de Patú/RN, onde serão debatidas possibilidades de circulação, gestão, agenda positiva e o aprofundamento sobre um possível Consórcio Intermunicipal de Cultura.

A adesão ao Fórum é livre e no momento, enquanto não se escolhe uma comissão de frente, a articulação vem acontecendo por Berg Bezerra, Diretor Presidente da Fundação Cultural Mestre Dadá de Janduís/RN.

Os contatos podem acontecer via e-mail (cultura.funcult@gmail.com) ou no contato celular/WhatsApp (84) 99975 1320.

Fonte: www.ciranduis.blogspot.com.br

Pragmatismo Político

Procurador da Lava Jato ironiza absolvição de Cláudia: "Generosidade de Moro"
Texto publicado no portal Pragmatismo Político em 26/05/2017

O Procurador do Ministério Público Federal Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou nesta sexta-feira (26) que o órgão vai recorrer da decisão do juiz federal Sérgio Moro, que absolveu a jornalista Cláudia Cruz, esposa do ex-deputado Eduardo Cunha, do crime de lavagem de dinheiro.
De acordo Lima, parte dos valores de propina denunciados na 41ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada hoje, chegou indiretamente à jornalista devido ao dinheiro destinado para Cunha.
Nós sabemos que parte desses valores [propina recebida por Cunha] foi utilizado por Cláudia para comprar bens de alto valor”. “Acredito que isso [a absolvição] decorre muito mais do coração generoso de Moro, que a absolveu por ser esposa de um criminoso, ligado a corrupção”, apontou durante coletiva de imprensa.
Lima defendeu a condenação da jornalista. “É ausente qualquer justificativa de ganhos desses valores do marido, que nada mais era do que deputado federal, com ganhos limitados. Ela tinha indicativos e conhecimentos culturais para saber que os valores eram frutos de dinheiro ilícito”, defendeu. “O gastá-lo ela cometeu o crime de lavagem. O ato dela não é justificável, é criminoso”, ressaltou.

Acusação

De acordo com o MPF, a jornalista também recebeu no exterior dinheiro de outras contas controladas pelo ex-deputado. O valor do contrato investigado era de US$ 34,5 milhões. A denúncia está vinculada a outra ação penal, remetida pelo Supremo Tribunal Federal (MPF) ao Paraná depois que Cunha perdeu a prerrogativa de foro privilegiado. O ex-deputado foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão. Na ação correlata, Cláudia Cruz foi acusada de ser beneficiária das contas atribuídas a Cunha na Suíça.
Os procuradores apontam que Cláudia tinha consciência dos crimes que praticava e controlava uma conta para pagar despesas variadas no exterior, incluindo gastos em restaurantes badalados e com objetos de grife.
Em depoimento, em novembro, a jornalista confirmou que usava um cartão de crédito internacional entre 2008 e 2015, mas alegou que só soube que era vinculado a uma conta no exterior, não declarada à justiça, quando as investigações da operação Lava Jato vieram a tona.
Na última terça-feira (16), a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o recurso impetrado pela defesa de Cláudia Cruz e manteve o julgamento da ação penal. A defesa argumentou que as provas enviadas pelo Ministério Público da Suíça não seriam válidas.
No entendimento do relator, ministro Felix Fischer, que foi acompanhado pelos demais, as informações são lícitas e que o processo deveria continuar. “Analisando os autos, constata-se que na Suíça foi instaurada investigação contra Cunha. Após trocas de informações entre os Ministérios Públicos da Suíça e do Brasil, e por considerarem que no Brasil processo teria mais êxito, houve concordância da remessa ao Brasil”, destacou o ministro.
Fonte: www.pragmatismopolitico.com.br.

Fauna ameaçada

Deputado nega, mas quer legalizar a caça no país, denunciam ambientalistas
Eduardo Maretti, da RBA
São Paulo – Está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 6268/2016, do deputado federal Valdir Colatto (PMDB-SC), que reintroduz no país a caça de animais silvestres, o que é proibido no Brasil desde 1967. Embora revestido de retórica legislativa, ambientalistas consideram o projeto uma brutal violência ao meio ambiente e à fauna. Não apenas abre brechas para a caça, mas a torna legal, além de introduzir a comercialização de animais oriundos de áreas de preservação.
"Não tem nada a ver com a caça. Tem a ver com controlar animais que viraram praga. Precisa fazer uma legislação para controlar", defende Colatto. O parlamentar cita morcego, barata, rato, escorpião e javali, para justificar seu projeto. Segundo ele, são "animais que prejudicam a economia e trazem problemas de doença. O javali traz raiva, peste suína e aftosa, não tem controle nenhum, está solto e entrando nas propriedades". Pela atual legislação, apenas o javali europeu tem caça permitida no Brasil pelo Ibama, pois o animal não é nativo e é considerado uma praga.
Para ambientalistas, o PL 6268 vai muito além do que diz o deputado. Por exemplo, cria as chamadas reservas cinegéticas, ainda inexistentes no país. "Isso nada mais são do que lugares autorizados para a caça esportiva de animais", explica Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil.
Em seu artigo 20, o PL de Colatto diz expressamente que "a eutanásia e o abate de animal silvestre só são admissíveis quando o animal for considerado nocivo às atividades agropecuárias e correlatas, mediante apresentação de laudo comprobatório pelo órgão competente". Em outras palavras, se uma onça for considerada uma ameaça por agricultores, o abate do animal será respaldado pela lei.
Segundo Colatto, a campanha contra seu projeto "aconteceu porque o Greenpeace colocou (a foto de) uma onça atravessando um lago e dizendo que estou autorizando a caça à onça. Não sabem o que estão falando".
"O que o deputado tenta é culpar o termômetro pela febre", diz Astrini. "Mas foi ele quem escreveu o PL. Ele deveria assumir o que escreve e dizer que escreveu porque pensa assim. Ele escreve e quer no discurso enganar as pessoas dizendo que o que escreveu não existe."
Colatto também nega a interpretação de que a "bancada da bala" estaria articulada com a sua, a ruralista, na defesa do projeto, já que o PL incentivaria a venda de armas. "Eu sou favorável à liberação das armas", reconhece. "Mas dizer que é por causa disso e que estamos trabalhando para liberar as armas... Fazem isso para enganar a população."
Para Mariana Napolitano Ferreira, coordenadora do programa de ciência da WWF Brasil (ONG que atua pela conservação da natureza), a proposta de Colatto, além de ser clara em seus propósitos, não representa o brasileiro de modo geral. "Quem esse projeto de lei representa? Não representa a sociedade brasileira. É um retrocesso em relação a uma sociedade preocupada com a questão ambiental, que respeita os animais e vê a natureza como um patrimônio do país." 
Mariana destaca o fato de que o PL 6268 regulamenta a caça de animais silvestres, proibida desde 1967, sem um amplo debate com a sociedade. A autorização do abate de animais que supostamente ameacem a produção agropecuária é uma inversão de valores. "Temos que reverter essa lógica: a produção é que está ameaçando as espécies", afirma.  "Hoje, a produção agropecuária se expande cada vez mais, o desmatamento cresce, a fronteira de expansão das atividades humanas deixam animais como as onças cada vez mais isolados. Confinada a uma área pequena, quando chegar perto das propriedades rurais, ela poderá ser abatida."

Tramitação

O PL 6268/2016 está na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara. Seu relator é o deputado Nilto Tatto (PT-SP), também presidente do colegiado. Segundo ele, pela legislação atual, o Estado tem a prerrogativa de liberar ou não a caça, como ocorre no caso do javali. "Isso é uma coisa dos últimos 50 anos. Antes disso, era privado, quem quisesse caçar era livre para isso. O que Colatto quer é voltar no tempo, tirar do controle do Estado a capacidade de regular a caça", diz Tatto.
"O pensamento do projeto é o próprio pensamento da bancada ruralista para o conjunto das suas proposições na Casa", prossegue o relator. De acordo com ele, o PL de Colatto é fruto de "um pensamento articulado entre bancada ruralista e bancada da bala". 
Marcio Astrini, do Greenpeace, destaca o simbolismo do projeto e de sua ideologia. "Esse  PL e o comportamento do deputado são simbólicos da bancada ruralista: escrevem coisas e dizem que não é aquilo que escreveram, promovem legislações absurdas em benefício dos amigos e financiadores de campanha. Infelizmente, têm grande participação no caos político que acontece hoje no país e são responsáveis pelo Brasil estar perdendo a crença na política."
O PL de Colatto é alvo de um ofício da vereadora de Itajaí (SC) Renata Narcizo (SD), enviado à presidência da Câmara dos Deputados. Ela solicita a retirada urgente do projeto, que classifica como "terrível". "Trata-se de uma imensa agressão contra a fauna silvestre e uma afronta à Constituição", completa.
Fonte: www.redebrasilatual.com.br

Brasil 247

Kakay defende internação compulsória de Doria

SP 247 – O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos principais criminalistas do Brasil, defende que o prefeito de São Paulo, João Doria, seja internado compulsoriamente para exames de sanidade mental.

Kakay fez essa declaração ao regir à iniciativa do prefeito, que defende internar compulsoriamente usuários de drogas da Cracolândia, em São Paulo, mesmo que não haja autorização dos dependentes químicos nem de suas famílias.
"É um escândalo", diz Kakay, que diz nunca ter visto nada tão teratológico.
A ação desastrada de Doria na Cracolândia já provocou a demissão de sua secretária de Direitos Humanos, Patrícia Bezerra, e foi amplamente criticada por especialistas.
"Precisamos fazer um exame de sanidade mental neste prefeito", diz Kakay.
Doria, por sua vez, tenta "limpar" a área para facilitar empreendimentos imobiliários na região da Luz.
Fonte: www.brasil247.com

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Do Blog A Voz de Janduís

Mandato do Vereador Jozenildo Morais realizará em Janduís palestra com o atleta Neto Caraúbas, da seleção brasileira de futsal clássico

O mandato do vereador Jozenildo Morais realizará uma importantíssima palestra com o atleta da seleção brasileira de futsal clássico, "Neto Caraúbas", no próximo dia 1º de junho (quinta-feira), a partir das 16 horas, na Câmara Municipal de Vereadores.



A palestra que terá acesso grátis e será direcionada aos admiradores do esporte, adolescentes, jovens e adultos, abordará os seguintes temas: "A importância do esporte na escola, na saúde e na formação do cidadão", e "A trajetória do atleta Neto Caraúbas em mais de 10 anos de profissionalismo." 

"Neto Caraúbas é simples e uma capacidade de pessoa. Mantive contato com ele que está de férias em nossa região. O atleta me falou de um projeto social voltado para conscientização das pessoas através do esporte. Fiz o convite para que viesse a nossa cidade e, gentilmente, ele aceitou. É uma oportunidade única que temos de conhecer de perto a história de quem venceu na vida pelo caminho do bem", relatou o vereador Jozenildo, realizador do evento.

Fonte: www.avozdejanduis.blogspot.com.br

sábado, 20 de maio de 2017

Opinião

"Tio Colorau" analisa momento político nacional

áudio da conversa gravada entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista foi revelado ontem. Com duração de 38 minutos, o ponto crucial é quando a maior autoridade do país diz: “Tem que manter isso”. A frase é curta, mas tem um significado mastodôntico.

O “isso” seria a manutenção de uma propina semanal de R$ 500 mil para manter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, atualmente condenado e preso.

Após a divulgação do conteúdo a imprensa se dividiu. Há quem defendeu a configuração explícita de um crime, o de prevaricação; outra parte defendeu que Temer sorriu aliviado, vez que o diálogo é inconclusivo.

Vale frisar que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment por algo muito menos relevante, umas tais de “pedaladas fiscais”, que nem sabemos se são ou se não são crimes.

No entanto, como sabemos, a decisão é política, não é jurídica. É hora de testar a força do atual presidente. A pressão nas ruas já começou.

Desde que assumiu o cargo, o presidente Michel Temer vem tomando medidas que prejudicam aos mais pobres e favorecem a classe empresarial, norte este que poderá lhe salvar, já que a maioria dos congressistas é do ramo empresarial, ou então por ele financiado.

Uma dessas medidas é o novo Refis, que praticamente anistiará as dívidas dos empresários. O projeto prevê descontos de até 90% nas dívidas e refinanciamento do valor remanescente em parcelas ilimitadas (20, 30, 50, 100 anos). Enquanto o trabalhador e o aposentado veem um futuro sombrio, a classe empresarial vislumbra um Éden. Isso faz toda a diferença.
Tio Colorau é o codinome usado por Erasmo Firmino em seu blog.
Fonte: www.tiocolorau.com.br

Desmonte do Judiciário

Quanto custam a cidadania e o acesso à Justiça?

Com a promulgação da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, batizada desde logo de Constituição Cidadã, os instrumentos de garantida da cidadania, nesta compreendidos os direitos individuais e coletivos, foram trazidos no âmbito do Texto Constitucional em vários dos seus dispositivos.

Num desses dispositivos, precisamente no seu artigo 5º, inciso XXXV, a Constituição da República preceituou que "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito".

Na esteira da Constituição, foram instalados os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, tanto no âmbito da Justiça Estadual como no seio da Justiça Federal, e houve um aumento significativo do número de Varas da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal em todo o País, tudo isso acontecendo no intuito de se tornar realidade a tão sonhada cidadania, parte indissolúvel da democracia.

Brasil afora se multiplicaram as instituições de ensino superior que ofertam a formação acadêmica em Ciências Jurídicas, ou Direito, num claro reflexo dessa nova temática da vida nacional inaugurada a partir da primavera de 1988.

Com o Código de Defesa do Consumidor e outras normas jurídicas nascidas após o advento da Constituição Federal de 1988, a judicialização dos conflitos sociais se tornou ainda maior. A cidadania passou a ser buscada ou ao menos questionada diante de quem tem o poder de decidir, de bater o martelo, de resolver os litígios e trazer de volta a paz social.

No entanto, seguindo a onda de retrocessos por que passa o País, envolto numa crise política, moral e econômica sem precedentes, o Poder Judiciário também vem adotando medidas que efetivamente lhe colocam mais distante da população, principalmente daquela parcela do povo que mais necessita da prestação jurisdicional.

Dessas medidas, a mais drástica é a de fechamento ou desativação de unidades jurisdicionais, causando dificuldade para que se cumpra aquele princípio constitucional do livre acesso ao Poder Judiciário, para que se busque efetivar os muitos instrumentos de defesa de direitos e de busca da tão propalada cidadania.

No âmbito da Justiça Eleitoral, por exemplo, há alguns anos houve, por determinação do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, um rezoneamento eleitoral. No Rio Grande do Norte, várias Zonas Eleitorais foram desativadas, e comunidades inteiras que precisam dos serviços da Justiça Eleitoral foram redirecionadas para outras Zonas, mais das vezes sediadas longe do local onde estão fincadas tais comunidades.

Um exemplo disso se deu no Município de Janduís, que teve fechada a sua Zona Eleitoral e o Município passou a ser jurisdição eleitoral da 37ª Zona, sediada em Patu, que já tinha como área de jurisdição os Municípios de Patu e Messias Targino. Em Janduís restou apenas um moderno prédio que abrigava o Fórum Eleitoral, que lá está entregue às baratas, sem qualquer uso.

Agora, o Tribunal Superior Eleitoral - TSE anuncia um novo rezoneamento eleitoral, e novamente algumas Zonas Eleitorais serão desativadas. Uma dessas unidades que podem ser afetadas é a 31ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Norte, sediada em Campo Grande, com jurisdição eleitoral sobre este Município e sobre os Municípios de Triunfo Potiguar e Paraú.

Se pouco mais de cem pessoas não se tornarem eleitores da 31ª Zona Eleitoral do RN, ela fatalmente será fechada, com a transferência do eleitorado dos seus três Municípios para outra Zona Eleitoral.

Adotando proceder idêntico, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte - TJRN quer fechar, ou desativar, sete de suas Comarcas, entre as quais as de São Rafael, Serra Negra do Norte e Janduís.

No caso da Comarca de Janduís, que também tem um novíssimo prédio que abriga o Fórum Municipal Desembargador Olavo Maia, com a sua desativação o Município passará a ser Termo Judiciário da Comarca de Patu, que já tem no território de jurisdição, além do Município-sede, o Município de Messias Targino.

Autoridades e lideranças de Janduís têm se movimentado no sentido de tentar frear o ímpeto do TJRN de desativar a sua Comarca. Para tanto já houve audiência pública e têm sido mantidos contatos com autoridades do próprio Tribunal de Justiça e do Poder Legislativo, já que a transformação da organização judiciária estadual somente se dá por lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Como solução apontada para que não se feche a Comarca de Janduís há a de transferência do Termo Judiciário de Messias Targino da Comarca de Patu para a comarca de Janduís.

Com a iminente desativação de sete Comarcas no interior do Rio Grande do Norte, também sete Promotorias de Justiça deixarão de existir, pois a existência de uma representação do Ministério Público Estadual num Município que é sede de Comarca somente se justifica se estiver em funcionamento a própria Comarca.

No caminho das desativações, o Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região, com jurisdição no Rio Grande do Norte, já informou que em breve irá desativar a Vara do Trabalho de Pau dos Ferros, que tem como jurisdição o território de mais de trinta Municípios das regiões do Alto Oeste e Médio Oeste do Rio Grande do Norte.

A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, em movimento iniciado a partir da sua Subseção de Pau dos Ferros, sugeriu ao TRT-RN que transfira para a jurisdição da Vara do Trabalho de Pau dos Ferros o Município de Apodi, que atualmente integra a área de jurisdição trabalhista de Mossoró. Nem isso, porém, parece demover os desembargadores do TRT da ideia de fecharem a Vara de Pau dos Ferros.

Em todos os casos, a alegação é meramente econômica, financeira, capítalista. Para justificar o fechamento de unidades judiciárias estão calculando o custo de funcionamento dessas unidades e sustentando que ele é elevado, caro aos cofres públicos e aos orçamentos do Poder Judiciário.

Essa alegação, todavia, é totalmente inobservada quando se trata de garantir os muitos benefícios remuneratórios dos magistrados, e também quando se trata de construir as suntuosas sedes dos Tribunais em geral. Num e noutro caso não se fala de relação custo-benefício nem se alega falta de dinheiro.

Em verdade, a mensuração do valor de uma Vara da Justiça ou de uma Zona Eleitoral jamais poderia ser financeira. O ganho é social, institucional, republicano. O fechamento continuado das unidades do Poder Judiciário, como vem sendo posto em prática, atenta contra o princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal, e atenta também contra todos os preceitos constitucionais que asseguram a cidadania como fundamento da República, tal como está no artigo 1º, inciso II, da Lei Fundamental do País.

Os dirigentes do Poder Judiciário, trancados em pomposas salas e longe da realidade do povo, não podem, via canetadas, atingirem tão cruelmente a vida de pessoas humildes que necessitam cada vez mais de baterem à porta da Justiça para postularem direitos, para obterem socorro, para resolverem litígios.

Infelizmente, com raras exceções, o povo assiste a tudo isso passivamente, inerte, sem esboçar qualquer reação.

Direito e Cidadania

Pleno do TJ determina que Estado pague militares até o último dia de cada mês
O Tribunal Pleno, à unanimidade de votos, em sessão plenária realizada nessa quarta-feira (17), determinou que o Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria da Administração e dos Recursos Humanos, realizem o pagamento de todos os Subtenentes e Sargentos Policiais Militares e Bombeiros Militares do RN até o último dia de cada mês, corrigindo monetariamente os valores, caso o pagamento se efetive além desse prazo.
A determinação parte do julgamento do Mandado de Segurança com Liminar nº 2016.011784-7, que teve a relatoria do desembargador Amílcar Maia, manejado pela Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais Militares e Bombeiros Militares do RN – ASSPMBM/RN, que representou os servidores judicialmente.
No entanto, a decisão da Corte de Justiça excluiu do seu alcance os servidores policiais militares inativos ou da reserva remunerada, assim como os beneficiários de pensão previdenciária, tendo em vista não constar o Presidente do IPERN como réu da ação, na condição de autoridade coatora (alvo do Mandado de Segurança).
No MS, a ASSPMBM/RN afirmou que é fato público e notório o contínuo atraso nos pagamentos dos vencimentos dos servidores públicos estaduais ativos, inativos e pensionistas, por parte do governo do Estado.
Defendeu a entidade que o Estado do RN vem descumprindo reiteradamente, mês a mês, as diretrizes da Constituição Estadual que assegura aos servidores o pagamento dos seus vencimentos até o último dia de cada mês, corrigindo-se monetariamente os seus valores, no caso do pagamento se dar além desse prazo.
Problemas financeiros
A ASSPMBM/RN esclareceu que os vencimentos dos servidores são verbas de caráter alimentar e possuem importância assegurada constitucionalmente e em diversas normas da legislação infraconstitucional, ante a sua imprescindibilidade para o sustento e a garantia de um patamar mínimo civilizatório aos servidores.
Argumentou que o ato praticado pelos entes públicos afronta de forma direta e literal o disposto no artigo 28, § 5.º, da Constituição Estadual, causando prejuízo a toda a categoria e aos associados que não conseguem honrar seus compromissos financeiros anteriormente assumidos.
Lembrou que o Tribunal de Justiça do RN já reconheceu a ilegalidade de tal prática pelo Estado em outras oportunidades e que, por sua natureza alimentar, a verba salarial goza de preferência em relação às demais obrigações do Estado, inclusive por força de disposição constitucional.
Precedentes
Em seu julgamento, o relator verificou que a matéria não é nova na Corte de Justiça estadual, havendo diversos precedentes no sentido da concessão da segurança, para que as autoridades responsáveis realizem o pagamento dos servidores representados pela ASSPMBM/RN até o último dia de cada mês, corrigindo monetariamente os valores, caso o pagamento se efetive além desse prazo, em conformidade com o determinado pelo art. 28, § 5º da Constituição Estadual.
Amílcar Maia registrou ainda que realmente não se pode desprezar por completo as razões de cunho financeiro mencionadas pela autoridade impetrada. No entanto, se acostou ao que mencionou o Desembargador Ibanez Monteiro, quando do julgamento do MS n.º 2016.011492-0, “[o] gestor público não pode pretender o equilíbrio das contas públicas com os salários dos servidores, que possui caráter alimentar, resultando no enriquecimento sem causa da Administração em detrimento do prejuízo causado ao servidor”.
“A par dessas premissas, diante da natureza alimentar de que se reveste a verba em comento, deve prevalecer o princípio da dignidade da pessoa humana, em detrimento do alegado déficit financeiro e orçamentário”, decidiu.
Texto: Assessoria de Imprensa do TJRN.
Fonte: www.tjrn.jus.br