domingo, 26 de maio de 2024

Homenagem

NIZINHA, SINÔNIMO DE FAMÍLIA, AMOR E ACOLHIMENTO

A celebração da vida, com agradecimento a Deus e diante da família e dos muitos amigos, é algo espetacular, maravilhoso. E é isso que fazemos neste dia, no Sítio Jatobá, em agradecimento ao Pai Todo-Poderoso pela renovação do ciclo de vida de RAIMUNDA ANÍZIA ALVES, carinhosamente conhecida como DONA NIZINHA, ou, para os seus muitos sobrinhos e sobrinhas, simplesmente TIA NIZINHA.

NIZINHA é uma das muitas filhas do casal SIRINO ANDRADE NUNES e ANA MARIA FELIPE DE ANDRADE, que teve uma família numerosa, composta dos filhos FRANCISCO, RITA, MARIA, ANTÔNIO LISBOA (popular TUZINHO) e CÍCERO ROMÃO, o popular CIÇO ARROZ. Aos filhos biológicos de SIRINO e ANA ROSA se juntou TEREZA, criada pelo casal.

NIZINHA nasceu no dia 18 de maio de 1936. Casou-se com ARLINDO ALVES, conhecido servidor da REDE FERROVIÁRIA FEDERAL – RFFSA, amigo de muitas pessoas do trecho Caraúbas-Patu.

NIZINHA se casou com ARLINDO, que era de Caraúbas, e, depois de morarem nessa região, foram residir em Mossoró, mas sem nunca abandonarem as suas origens. Aliás, o amor pelo Sítio Jatobá, pela casa de seu pai SIRINO, foi marca de NIZINHA por toda a vida, e esse amor passou para o filho SÁVIO MARCELLUS, que volta e meia está no Sítio Jatobá, convivendo com familiares e revendo os muitos amigos.

O casal NIZINHA e ARLINDO teve os filhos SÔNIA MARIA DE ANDRADE ALVES, SÁVIO MARCELLUS DE ADRADE ALVES e ANDRÉ LUIZ DE ANDRADE ALVES, este último adotado ainda nos primeiros meses de vida.

Na dureza do sertão, uma criança de pouquíssima idade, do casal NIZINHA e ARILINDO, não resistiu a um acidente doméstico e morreu muito precocemente. Era uma época dificílima, de escassos recursos de saúde e de dificuldades ainda maiores.

Mas, dona de corações bondosos, que sempre guardaram um amor imenso, NIZINHA e ARLINDO criaram em sua casa ou receberam por longo tempo debaixo do seu teto diversos parentes, a maioria da família ANDRADE, e um ou outro da família de ARLINDO, que sempre apoiou NIZINHA em tudo.

GENECI ANDRADE, filha de GENTIL, foi criada como filha por NIZINHA e ARLINDO. Saiu da casa de NIZINHA apenas para se casar, depois de concluir a graduação.

ANTONIA DE FÁTIMA ANDRADE, filha de CIÇO ARROZ, também passou longo tempo na casa de NIZINHA e ARLINDO.

MARIA DÉLIA, da família de NIZINHA, foi outra parente criada como filha pelo casal NIZINHA-ARLINDO. Saiu da casa deste casal para se casar.

Outro também criado como filho foi TEOBALDO DE ANDRADE COSTA, filho de GENTIL ANDRADE. A mãe de TEOBALDO faleceu quando ele era ainda muito jovem, e, poucos dias após o sepultamento, NIZINHA o levou consigo, e lá ele ficou até concluir a graduação e se casar. Este, por sinal, assim como DÉLIA e GENECI, continua até hoje ajudando a cuidar da tia NIZINHA, em tudo o que ela precisa.

VANDILZA, parente de ARLINDO, foi outra pessoa que passou pela casa de NIZINHA, morando ali por algum período, sendo igualmente tratada como filha.

GEDILENE, neta de TUZINHO ANDRADE, foi outra que experimentou o acolhimento fraternal de NIZINHA e ARLINDO. Ela também morou lá, em Mossoró, por longo período.

JOANA DARC, esposa de DECA PEREIRA, igualmente gozou da acolhida carinhosa de ARLINDO e NIZINHA. Esteve lá para concluir o curso superior.

ANCHIETA ANDRADE, ÉMERSON (MERCINHO) e vários outros também passaram pela casa de NIZINHA e ARLINDO, em Mossoró, recebendo ali, além do teto e do alimento, um tratamento de muita dignidade, que só as pessoas de excelente coração podem oferecer.

NIZINHA tinha uma exigência para quem ia residir com ela: tinha que estudar. Ela fiscalizava de perto. Ia às escolas e procurava saber como estavam os alunos. Sabia que, além do acolhimento habitual, deveria deixar para eles o resultado explêndido da educação na vida das pessoas.

Dentro do contexto social da época, ARLINDO não era inicialmente um pretendente bem acolhido por SIRINO ANDRADE, que era contrário ao casamento. Era apenas ciúme de pai que não quer que a filha saia de casa. Mas o amor de NIZINHA por ARLINDO e vice-versa já estava maturado, já era visível.

Foi então que, sem a concessão inicial de seu pai para o casamento, NIZNHA adotou um procedimento comum na época: fugiu com ARLINDO, e os dois constituíram a belíssima família que conhecemos. Ela foi a uma novena na casa de JOAQUIM, e de lá foi com ARLINDO para a MOLHADA DA AREIA, onde os dois inicialmente fixaram residência, e onde inclusive nasceu a filha SÔNIA ANDRADE.

Depois, porém, diante da postura absolutamente correta de ARLINDO ALVES, SIRINO ANDRADE não apenas o aceitou como genro, mas o tinha na conta de um dos melhores. Os dois passaram a se relacionar com grande respeito e carinho.

CIÇO ARROZ e NIZINHA eram os filhos caçulas de SIRINO e ANA MARIA FELIPE. Talvez por isso fossem tão ligados.

Mas NIZINHA nunca demonstrou preferência por qualquer dos irmãos. Sempre tratou com muito carinho a todos, estendendo esse amor aos parentes que, em algum momento da vida, precisaram do seu acolhimento na cidade de Mossoró.

Segundo sua filha SÔNIA, um dos desejos de NIZINHA é voltar a ter uma casa no Sítio Jatobá, próximo à casa de seus pais. Pela idade, a família reluta, porque ela precisa de cuidados na saúde que um centro urbano maior pode oferecer. Isso, porém, não a afasta dessa terra amada, seu torrão, o início de sua história. Comumente ela volta para sentir o cheiro do mato, dormir sob o sereno desse chão, contar suas histórias de vida aos seus parentes, fazer-se presente no Jatobá, que tanto lhe faz bem.

Nessa terra, quando a ela vem, NIZINHA não encontra apenas os familiares. É enorme o número de amigos e pessoas queridas de NIZINHA. Todos são a representação humana de suas raízes, de suas origens, de sua vida de criança, adolescente e adulta.

Apaixonada por sua terra, temente a Deus e devota de Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, NIZINHA se sente imensamente feliz com essa possibilidade de vir rezar coletivamente com os seus familiares e amigos nesse dia, na casa de seus pais, na presença de seus filhos e netos, na companhia de seus muitos sobrinhos e sobrinhas, amigos e pessoas do seu bem-querer.

Festejar seu aniversário de vida nessa terra, ao lado dos seus, na casa de seus pais, foi um pedido e quase uma exigência de NIZINHA a seus filhos, pedido este prontamente atendido.

Com isso, o presente de aniversário também é nosso, pois todos nós, em maior ou menor relação, devemos muito a NIZINHA, por tudo o que ela fez e ainda faz por essa família.

Parabéns, NIZINHA! Feliz aniversário! Que o Senhor Deus prolongue sua existência entre nós. E obrigado por tudo!

Alcimar Antônio de Souza

O texto foi apresentado na missa de ação de graças de RAIMUNDA ANÍZIA ALVES DE ANDRADE, celebrada no dia 18 de maio de 2024, na casa de SIRINO ANDRADE NUNES, no Sítio Jatobá, Zona Rural de Patu (RN).

O texto tem informações de SÔNIA ANDRADE ALVES (filha de NIZINHA) e MARIA DA GLÓRIA ROCHA DE ANDRADE (sobrinha de NIZINHA).


quarta-feira, 1 de maio de 2024

Origens

Dênis de "seu" Luiz

Em Messias Targino tive vários domicílios ao longo da vida. No entanto, foi na antiga Rua João Jales Dantas, atual Avenida Genuíno Fernandes Jales, bem no centro da cidade, onde passei mais tempo, desde que eu e minha mãe, Maria José de Souza, ou Maria do Junco, chegamos à cidade quando eu tinha entre quatro e cinco anos, após passagens por Patu, onde nasci e onde moramos por vários anos, e por Natal, onde residimos por algum tempo precisamente nos fundos da casa do professor Júlio Benedito, que dá nome à principal Escola da rede municipal de ensino do Município messiense.

Nessa mesma rua moravam Luiz Soares de Brito, popularmente conhecido como “seu” Luiz Vaqueiro, casado com dona Maria José Rodrigues, e sua belíssima família, da qual destaco, sem desmerecimento aos demais, o próprio “seu” Luiz, sua filha Antonia Lobato (nossa professora Antonieta ou Tieta) e outro filho de “seu” Luiz, Wendell Rodrigues de Brito.

Apesar do nome pomposo, Wendell para nós se tornou conhecido como Dênis de Luiz Vaqueiro, ou simplesmente Dênis, ou, ainda, numa simplificação mais sertaneja, Dene.

Crescemos juntos, na Rua João Jales Dantas e nos seus arredores, num tempo em que a pavimentação sequer havia chegado à nossa rua, o que nos permitia horas e mais horas de muitas brincadeiras, inclusive o tradicional joguinho de futebol.

Quando não jogávamos na própria rua, íamos bater uma bola nos fundos da casa da minha avó Noêmia e nos fundos da casa vizinha à de minha avó. Nesta casa vizinha, na época, funcionou por muitos anos um bar, que não costumava abrir cedo do dia.

Logicamente mamãe, muito severa, nem sempre permitia aquele barulho de tantos meninos tentando provar para si e para os demais que tinham algum talento para a prática desse esporte coletivo (e na verdade, não tínhamos muito).

Porém, mamãe, catequista e agente de pastoral, tinha muitos compromissos na Capela de Nossa Senhora das Graças (de Messias Targino), na Paróquia de Nossa Senhora das Dores (de Patu) e até na Diocese de Santa Luzia (de Mossoró). Não raramente se ausentava para participar de reuniões, assembleias pastorais paroquiais, assembleias pastorais diocesanas, encontros de catequistas e agentes de pastoral, e assim por diante.

Aliás, a professora Tieta teve também enorme participação, como voluntária, nos trabalhos da Capela de Nossa Senhora das Graças, além de ter sido exímia professora da rede pública de ensino.

Voltando ao nosso futebol, quando o praticávamos por trás da casa da minha avó Noêmia, contávamos com a complacência dela, que colocava em prática o jargão de que os avós gostam mais dos netos do que dos filhos, de modo que, na ausência de mamãe, nós transformávamos o quintal da sua casa num sofrido campinho de futebol.

Dênis de seu Luiz, meu primo Rondinelli Almeida, nosso amigo Getúlio Oliveira Lima (o popular Memeia de Luza de Ricardina, de saudosa memória), meu primo Vilmar de Souza (Lunga de Tronqueira) e tantos outros se juntavam nas brincadeiras diárias. Era um tempo em que não tínhamos telefone (aliás, a cidade apenas tinha o posto telefônico da TELERN, de uso coletivo), e, tirando os horários de estudo, ficávamos livres para sermos essencialmente crianças e, mais adiante, adolescentes tipicamente felizes.

O futebol, por sinal, era apenas uma das nossas atividades de passar o tempo, ou de aproveitamento da vida, ou simplesmente de fortalecimento da amizade. Tínhamos várias outras. Na adolescência, criamos uma banda musical, cujo “empresário” era Cleóbulo Ferreira (ou Cleobe de Rita de Geraldo), da qual fazíamos parte eu, Dênis e Rondinelli. Os ensaios ocorriam num prédio vazio que existia ao lado da casa de Cleóbulo, que ficava na mesma Rua João Jales Dantas, próximo à minha casa e à casa de “seu” Luiz.

O tempo passou e a vida exigiu que buscássemos caminhos diferentes. Em 1990 fui morar em Mossoró, para cursar o pré-vestibular e tentar o ingresso no ensino superior.

No caso de Wendell Rodrigues, ou Dênis de seu Luiz, ele acompanhou a sua irmã Antônia (Tieta) no rumo das Minas Gerais. Ela havia ido para aquele Estado em 1983, fixando-se em Juiz de Fora, e Dênis foi para lá, para morar, em 1992.

Depois que ele se foi para Minas Gerais, praticamente perdemos o contato, que, contudo, foi restabelecido anos mais tarde por via remota, após o surgimento das redes sociais da internet. Passei a segui-lo em suas páginas virtuais e ele também passou a me seguir. Vez por outra dizíamos alguma coisa um ao outro, mas sempre de forma concisa e com a frieza das palavras digitadas, que continuam longe de traduzir ou substituir uma conversa presencial, um abraço amigo, um aperto de mão.

Pelas redes sociais, e também por informações de sua sobrinha Regivânia Rodrigues de Almeida, que continua residindo em Messias Targino, fiquei sabendo que Dênis estava bem, havia constituído família, e se tornou pai de dois filhos (Nicolly e Luigi). E isso me deixava imensamente feliz, porque um amigo sempre fica feliz quando sabe que o outro, mesmo distante, encontra-se bem, no rumo certo.

Todavia, no último dia 14 de abril, fui surpreendido pela trágica notícia da morte do amigo Wendell Rodrigues, ou Dênis de seu Luiz. Vi a trágica notícia em página pessoal da professora Regivânia, e ela também foi informada pela professora Tieta em grupo de mensagens do qual fazemos parte.

Dênis nos deixou cedo, pois tinha apenas quarenta e nove anos de idade. No entanto, não gosto nem me atrevo a questionar os desígnios de Deus. Talvez seja verídico aquele dito popular de que “Deus leva primeiro os melhores”, pois certamente Dênis estava entre os melhores aqui na terra.

Infelizmente, a vida não nos deu a chance da última conversa presencial, de um último abraço. A distância que gera o progresso pessoal é também a distância que faz nascer a saudade.

Mesmo assim, Dênis, gostaria de lhe prestar essa última homenagem, simplória, porém cheia de sinceridade. Orgulha-nos o homem que você se tornou: responsável, trabalhador, pai exemplar.

Através de sua irmã Tieta e da sua sobrinha Regivânia, gostaria que essa singela homenagem chegasse aos seus filhos, para que eles também soubessem um pouco que, antes de partir para Minas Gerais, Wendell, ou Dênis, havia deixado raízes bem fincadas nesse solo nordestino e em terras messienses. E, mais que isso, que deixou também amigos e pessoas que gostavam muito de Dênis de seu Luiz Vaqueiro.

O pedido a Deus é para que receba Dênis de seu Luiz no Reino do Céu!

Alcimar Antônio de Souza

Um amigo

sábado, 16 de março de 2024

Origens

O Ofício

27 de novembro é o dia dedicado a Nossa Senhora das Graças, uma das muitas denominações dadas pela Igreja Católica a Maria, a Mãe de Jesus Cristo. Ela é a Padroeira de diversos Municípios do Rio Grande do Norte, incluindo-se Messias Targino, além de dar o nome a diversas Paróquias espalhadas pelo Estado.

Em 2023, a festa cristã-católica alusiva à Maria Santíssima trouxe-me uma recordação de infância, que graças a Deus nunca me saiu da lembrança. Pela correria do cotidiano, fui adiando o dia do registro, até que, nesses dias, novamente diante da Capela de Nossa Senhora das Graças, senti que preciso compartilhar essa recordação.

Em Messias Targino, meu principal ponto de moradia foi a casa de minha avó materna Noêmia Maria de Almeida, ou Noêmia de Soro (apelido de seu pai Manoel Fernandes Jales), ou Noêmia da Igreja (referência ao seu trabalho de zeladora da Capela de Nossa Senhora das Graças, por décadas).

A minha casa, na antiga Rua João Jales Dantas, agora Avenida Genuíno Fernandes Jales, estava localizada em frente à Praça Central João Jales Dantas e a poucos metros da Capela de Nossa Senhora das Graças.

Nessa época eu ainda dormia cedo, e, por consequência, também acordava mais cedo.

Em todos os dias da semana, eu geralmente acordava instigado pelo cheiro do café que a minha avó fazia, num fogão a base de lenha, encravado na arquitetura rústica e simplória da cozinha, que ficava a poucos metros da sala onde eu costumava espichar a minha rede, bem ao lado da rede da minha avó, a quem sempre fui muito apegado e por quem sempre fui muito protegido.

O café da minha avó era aquele comprado em grãos, que ela pisava num pilão de madeira de cerca de um metro de altura e depois torrava num grande tacho, no velho fogão a lenha.

Mas, aos sábados, eu era acordado por outro motivo. Não era o aroma do café que me puxava da surrada rede.

Dormindo a uma curta distância da Igreja de Nossa Senhora das Graças, de lá eu ouvia uma música lindíssima, uma entoação afinada, uma prece em forma de cânticos. Eram a minha avó Noêmia, minha mãe Maria do Junco, minha tia Rita, minhas tias-avós Áurea, Antônia e Sebastiana, minha “tia” Basta (Basta de Tonho de Rafael), minha “tia” Zira e várias outras mulheres da comunidade cantando o Ofício de Nossa Senhora das Graças.

Sim, o Ofício de Nossa Senhora das Graças, cantado, era uma tradição bastante comum na época.

Se atentarmos para o entendimento de que Canto Gregoriano é o canto litúrgico próprio da Igreja Católica, ou um gênero de música sacra cristã que tem suas raízes em tradições musicais judaicas de recitação salmódica, então podemos dizer que estávamos diante (ou a poucos metros, no meu caso) de autênticos cânticos gregorianos, entoados por pessoas humildes, de religiosidade e fé inabaláveis.

Cantavam mais com a alma do que com a voz, de tão linda que era aquela entoação. Brincavam de fazer primeira e segunda vozes, com estilo inigualável. Minha tia-avó Antônia Almeida (Toinha de Soro), por sinal, fazia uma segunda voz de causar inveja a muitos cantores profissionais.

Numa cidade pequena, de quase nenhum movimento urbano nas primeiras horas da manhã, os cânticos entoados no Ofício de Nossa Senhora transpunham as paredes bem fornidas da Capela, e, entre janelas e portas, espalhavam-se suavemente por todo o Centro da cidade.

O espanto é que grande parte do Ofício era entoado em Latim, sendo que algumas das cantoras daquele belíssimo coral sabiam pouco até mesmo de Português, a nossa língua.

Não era apenas a tradição do uso do latim pela Madre Igreja Católica que “ensinava” aquelas mulheres a cantar o Ofício de Nossa Senhora na “língua-mãe”. Acredito – e isso é convicção minha – que Deus lhes tocava profundamente o coração e a alma, e lhes dava o dom de cantarem com tanta maestria o Ofício dedicado à Mãe de Jesus Cristo, a quem Deus, através do Anjo, confiou a missão de gerar seu Filho Unigênito.

Essa lembrança me traz muitas saudades, de um tempo de vida maravilhoso (apesar das dificuldades da época) e de pessoas que nos amaram e às quais nós amamos, talvez sem nunca termos dito isso uns aos outros.

A execução do Ofício de Nossa Senhora das Graças durava, em cada sábado, cerca de quarenta e cinco minutos a uma hora. Porém, ainda hoje, de vez em quando, principalmente aos sábados, pego-me ouvindo aqueles cânticos, e vêm à minha lembrança as imagens de todas aquelas mulheres, principalmente da minha avó Noêmia, a quem muito devo por tudo o que me fez e me ensinou de bom.

Ave, cheia de graça!

Alcimar Antônio de Souza


domingo, 8 de outubro de 2023

Aconteceu em Messias Targino

O padre

Messias Targino sempre foi um Município de gente muito acolhedora. Hospitalidade foi e continua sendo uma marca de conduta do povo messience.

Outra característica de Messias Targino é que, desde a sua fundação, ainda como Povoado do Junco, o lugar nunca foi sede de Paróquia. Mesmo após a emancipação política e administrativa do solo messiense em relação ao Município de Patu, a cidade de Messias Targino, na organização pastoral da Madre Igreja Católica Apostólica Romana, continuou vinculada pastoralmente ao Município-mãe de Patu, sendo assim parte da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, sediada na terra do Santuário do Lima.

Todavia, nem por isso a Capela de Nossa Senhora das Graças, padroeira do povo messience, deixou de ter a sua enorme relevância para a vida religiosa, social e comunitária do lugar. Inclusive ela continua sendo o seu principal cartão-postal, juntamente com a Praça Central João Jales Dantas, que lhe está à frente.

De maioria cristã-católica ainda hoje, nos idos dos anos setenta e oitenta do século passado essa maioria era ainda mais expressiva no Município de Messias Targino.

Nesse cenário, o respeito à pessoa do padre e ao seu ministério sempre foi muito grande por parte do povo cristão-católico de Messias Targino.

Pois bem, nos anos setenta e oitenta do século passado, estávamos em um tempo de pouquíssimas tecnologias na área de comunicação social. Telefone móvel não existia. Computador era algo ainda desconhecido.

Tínhamos, mesmo, o bom e velho rádio, que nos mantinha informado, e a televisão, que, na ausência de uma antena repetidora local, exigia dos poucos proprietários desse aparelho na comunidade a habilidade de girar a antena caseira (aquela em forma de T) em busca de um sinal proveniente de Martins, Brejo do Cruz ou outro local que tivesse uma antena de captação e distribuição mais potente.

Existia também o posto comunitário da TELERN (sigla da empresa estatal Telecomunicações do Rio Grande do Norte), que dispunha de duas linhas de telefone fixo para ligações telefônicas de toda a comunidade.

Nesse contexto, de costumes sertanejos feitos à base da humildade, da hospitalidade e da boa-fé das pessoas, sem muitas formas de checagem instantânea de certos fatos, surgiu em Messias Targino, lá pelos anos oitenta do século passado, um novo padre. Não era o padre que estava em atuação na Paróquia de Nossa Senhora das Dores, de Patu, nem também era conhecido do povo.

Mas, chegando o sacerdote à cidade, ele se identificou, disse pertencer à Santa Igreja Católica, e logo passou a celebrar. Anunciou que ficaria na comunidade por um certo período, numa missão de evangelização.

Sem um padre constante na cidade, pois o pároco de Patu atendia a pelo menos cinco ou seis Municípios diferentes, a chegada desse sacerdote foi até festejada. Com área pastoral enorme para cuidar, o padre de Patu somente ia a Messias Targino no último domingo de cada mês e, excepcionalmente, se houvesse algum fato a ensejar a sua presença. Logo, a chegada de um padre para ficar dias seguidos na cidade parecia ser uma boa notícia.

De fato, com a chegada desse novo padre, a Capela de Nossa Senhora das Graças estava lotada, todos os dias, durante as celebrações.

Nessa época, a minha avó materna, Noêmia Maria de Almeida, era a zeladora da Igreja de Nossa Senhora das Graças, e a minha mãe, Maria José de Souza (Maria do Junco), era catequista e agente de pastoral. Muitos da família Almeida e de outras tradicionais famílias messienses tinham ativa participação no dia a dia da Capela de Nossa Senhora das Graças, como ainda acontece hoje.

O novo padre se instalou na Casa Paroquial, que fica ao lado da Capela de Nossa Senhora das Graças, e as suas refeições (café da manhã, almoço, jantar) ficaram por conta da enorme hospitalidade do povo messiense. Nesse período, é possível que ele tenha engordado bastante, diante da grande generosidade do povo, que não se cansava de fazer doações de alimentos ao novo pastor do rebanho. Frutas e queijos chegavam bastante à sede da Casa Paroquial.

Logo nas primeiras celebrações da Santa Missa, presididas pelo novo padre, perceberam-se pequenas alterações no rito. Não era nada tão destoante do que já se conhecia, mas eram mudanças.

Até aí, nenhum problema!

Problema mesmo foi quando se descobriu que o novo padre reunia jogadores de baralho habituais da cidade para sequências de partidas no interior da Casa Paroquial, todas as noites. A comunidade passou a estranhar. Um padre viciado em baralho?

Como o padre era novato, foi convidado e aceitou a missão para lhe fazer companhia na Casa Paroquial o então jovem Genésio Francisco Pinto Neto, o popular Pôla de Edite de Nejo, que anos à frente viria a se tornar líder sindical, vereador e vice-prefeito.

Certo dia, Pôla deixou vazar a informação que o novo padre guardava uma arma de fogo entre os seus pertences.

A informação não foi amplamente divulgada, mas chegou aos ouvidos das pessoas que estavam no dia a dia da Igreja de Nossa Senhora das Graças.

Sem nada dizer a ninguém, a catequista Maria do Junco procurou a sede da Diocese de Santa Luzia, em Mossoró, para colher informações desse padre.

Ao retornar à cidade, com a informação que foi buscar, Maria do Junco se deparou com a notícia da saída repentina e desavisada do novo padre. Foi embora de Messias Targino, sem mais nem menos, ou, anoiteceu e não amanheceu, como se diz popularmente.

A fuga tinha razão de ser. Realmente ele era padre, porém era sacerdote da Igreja Católica Apostólica Brasileira, que não é a mesma Igreja Católica Apostólica Romana, na qual professamos a nossa fé.

As celebrações na Capela de Nossa Senhora das Graças diminuíram, a Casa Paroquial deixou de servir de casa de jogo de baralho e a vida religiosa do lugar voltou ao normal.

Quanto ao “padre”, nunca mais ouvimos falar a respeito dele.

Alcimar Antônio de Souza

sábado, 19 de agosto de 2023

Direito e Cidadania

 Mudanças no Código Civil: Bellizze destaca pontos que merecem atenção

Em entrevista à TV Migalhas, o ministro Marco Aurélio Bellizze, do STJ, disse que após 20 anos de vigência é hora de repensar o Código Civil. Na avaliação do ministro, dois pontos que demandam atenção são a realidade digital e os novos arranjos familiares.

Segundo Bellizze, essas alterações são necessárias para que todos os campos da vida civil estejam cobertos por esse estatuto que S. Exa. considera fundamental, uma "constituição do cidadão comum".

Ainda de acordo com o ministro, é uma coincidência feliz que o legislador ordinário esteja disposto a estudar uma proposta de atualização da lei civil, tratando de situações e temas que naquele momento de concepção do Código sequer eram imagináveis.

Fonte: migalhas.com.br

domingo, 11 de junho de 2023

Poesia

Respeitemos o forró do meu Nordeste


Sem o samba não existe carnaval

Na cidade do Rio de Janeiro.

Na Bahia se executa o ano inteiro

O axé, seu estilo musical.

Se a festa tem a cara de rural

Lá no Sul, Centro-Oeste ou Sudeste,

Sertanejo é o único som que preste

E por lá não se tem um forrozeiro.

POR AQUI, NO SÃO JOÃO DE BERADEIRO,

RESPEITEMOS O FORRÓ DO MEU NORDESTE.


"Funk" e "rap" falam da periferia,

São também um protesto dessa gente.

No Pará, carimbó é ritmo quente

Que a gente dançava quando ouvia.

"Pancadão" pode até ser alegria,

Se espalhou pelos bares como peste,

Outros ritmos tem sempre quem ateste

São da moda e pra uns geram dinheiro.

POR AQUI, NO SÃO JOÃO DE BERADEIRO,

RESPEITEMOS O FORRÓ DO MEU NORDESTE.


Alcimar Antônio de Souza

Apologista da poesia popular e advogado


sexta-feira, 28 de abril de 2023

Agradecimento

Obrigado, meu Deus!

Temos um Deus bondoso, misericordioso, que nunca abandona um filho seu. Fico a imaginar a quem se socorrem em suas aflições os ateus, agnósticos e descrentes. Particularmente, encontro sustentação em Deus, o Deus de Isaac, Jacó, José, Abraão, Moisés, Davi, Maria; o Deus Pai Todo-Poderoso, que nos deu Seu Filho Jesus Cristo, o Deus Filho.

Hoje senti vontade de agradece a Deus mais efusivamente. Sim, sei, as orações devem ser feitas preferencialmente quando estamos sozinhos. Todavia, vejo que não há problema nessa oração através deste espaço, pois o Blog quase não é visitado. Além disso, entendo que, se usamos a internet para tantas atividades do dia a dia, também podemos utilizá-la para fazer um agradecimento ao nosso Deus, único e verdadeiro, aquele que tirou seu povo das garras da tirania do faraó do Egito, que o fez atravessar o Mar Vermelho e que o ajudou (e ainda ajuda) em todos os momentos.

Obrigado, Senhor! Louvado seja! Perdoe este seu filho pecador! Muito obrigado pela vida, pela família, pelos amigos, pelo trabalho!

Alcimar Antônio de Souza

Filho da catequista Maria do Junco ("in memorian")

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Tragédia em SP

Algumas pessoas se aproveitam da desgraça alheia

O litoral norte do Estado de São Paulo continua sofrendo com as consequências das fortes chuvas que castigaram São Sebastião e outros Municípios dessa parte do Brasil. Até aqui, são mais de quarenta mortos e muitas famílias desabrigadas e/ou desalojadas.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos) e prefeitos dos Municípios atingidos pelas enchentes trabalham juntos no enfrentamento a essa crise social e humanitária de proporções gigantescas.

No entanto, no Brasil há sempre alguém querendo ser mais esperto. E existe sempre quem queira tirar proveito em momentos de desgraças como essa. E também se viu essas pessoas no litoral norte de São Paulo.

A imprensa noticiou que, em meio à crise do desabastecimento de água, provocada pelas enchentes, havia gente vendendo um litro de água ao preço exorbitante de noventa reais e até mesmo cem reais.

Para o bem de todos, o abastecimento de água vai sendo retomado aos poucos nas áreas atingidas pelas cheias.

E, pior do que isso, foi a constatação de que algumas pessoas estavam saqueando as cargas com mantimentos que haviam chegado ao litoral norte de São Paulo. Estavam levando - furtando, provavelmente - os produtos que, via ajuda humanitária, haviam sido destinado às vítimas de mais essa tragédia anunciada.

Agora, diante disso, agentes de segurança farão a escolta dos produtos doados até o destino final.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

De Fato

Concurso da Polícia Militar do Rio Grande do Norte já tem mais de 35 mil inscritos

Faltando pouco mais de um dia para o fim do prazo de inscrição, o concurso público para provimento de vagas nos quadros da Polícia Militar do Rio Grande do Norte já tem mais de 35 mil inscritos, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC), contratado para realizar o certame. São 1.128 vagas para ingresso no Curso de Formação de Praças (CFP) e 30 para o Curso de Formação de Praças Músicos, totalizando 1.158 vagas.

As inscrições podem ser feitas até as 23 horas de quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023, pela internet, no endereço eletrônico do IBFC www.ibfc.org.br, na aba “Inscrição e 2ª via do Boleto”. O concurso terá sete etapas, seis delas eliminatórias: Exame Intelectual (Prova Objetiva); Exame de Habilitação Musical, no caso de Aluno Músico; Exame de Avaliação de Condicionamento Físico; Exame de Avaliação Psicológica; Inspeção de Saúde; Procedimento de Heteroidentificação (Negros), e Investigação Social.

O Exame Intelectual será realizado nas cidades de Caicó, João Câmara, Natal, Mossoró, Nova Cruz e Pau dos Ferros no dia 26 de março. As demais etapas serão na cidade de Natal e poderão ocorrer em dias úteis, aos finais de semana ou feriados, exceto a investigação social.

A prova objetiva terá caráter eliminatório e classificatório e será constituída das seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Raciocínio Lógico, Noções de Informática, Noções de Direito Constitucional, Noções de Direito Penal Militar, Noções de Direito Penal, Legislação Extravagante e Legislação da PMRN. O prazo de validade é de 2 anos, a contar da data da publicação da homologação do resultado final, podendo ser prorrogado, uma vez, por igual período.

Nos últimos quatro anos, o Governo do RN nomeou aproximadamente 2 mil agentes - entre PMs, Bombeiros, Policiais Civis e Peritos do ITEP -, ampliando o efetivo para melhorar a segurança pública do Rio Grande do Norte.

RESUMO
Total de vagas: 1.158
Curso de Formação de Praças: 1.128
Curso de Formação de Praças Músicos: 30
Inscrição: 22 de fevereiro de 2023, até as 23h
Taxa de inscrição: R$ 122,50
Data limite de pagamento das inscrições: 23/02/2023
Aplicação das provas objetivas: 26 de março de 2023
Prazo de validade: 2 anos

Texto: Redação do Jornal de Fato

Fonte: www.defato.com

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Da Folia à Quarta-feira de Cinzas

País começa a realizar a sua maior festa popular

Oficialmente o carnaval começaria neste sábado, 18 de fevereiro. No entanto, em muitos lugares do País a folia de momo efetivamente já teve início.

O período carnavalesco segue até o dia 21 de fevereiro (terça-feira).

O samba, o frevo e o axé ainda são os principais ritmos sonoros de vários centros carnavalescos do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo (samba, principalmente), Pernambuco e parte do Nordeste (frevo) e Bahia (axé).

No entanto, outros ritmos se incorporaram ao carnaval brasileiro em razão da enorme diversidade musical brasileira, e até os insuportáveis paredões de som agora fazem parte dessa festa.

Muitos passarão da folia ao período quaresmal

No dia 22, a Igreja Católica e Apostólica Romana celebrará em todo o mundo a Quarta-feira de cinzas, que marca o início da Quaresma.

Para cristãos-católicos, o período quaresmal representa o tempo de preparação para a Semana Santa, quando se relembra e também se celebra a Paixão e a Morte de Jesus Cristo.

Será feriado ou ponto facultativo no serviço público na Quarta-feira de Cinzas

No Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte não haverá expediente regular na Quarta-feira de cinzas (22 de fevereiro). Durante todo o Carnaval e também na Quarta-feira de Cinzas, o atendimento urgente e emergencial ocorrerá na forma de plantões judiciários.

Vários Municípios decretaram que, no dia 22, Quarta-feira de Cinzas, será facultativo o comparecimento de seus servidores aos seus locais de trabalho, sendo mantidas, sempre, as atividades mais essenciais, como setores do serviço de saúde pública, limpeza pública e Guarda Civil Municipal, onde esta existe.