quarta-feira, 5 de março de 2014

Opinião

A Senzala e a Casa Grande, de ontem e de hoje

Alcimar Antônio de Souza

Aboliram-se as senzalas há mais de cem anos, mas ainda há quem se comporte como se elas existissem, infelizmente. Os senhores da Casa Grande mudaram de nomes, mas continuam, no geral, com o mesmo perfil de antes: arrogantes, prepotentes, indiferentes à dura realidade social de uma parcela significativa da sociedade.

Os senhores da Casa Grande, de ontem e de hoje, continuam raivosos quando constatam que alguém resolveu dividir melhor o "bolo" da riqueza desse imenso País. Preferiam os tempos em que só eles desfrutavam da nossa riqueza. Preferiam os tempos da chibata que levava à opressão e à submissão.

Hoje, ficam raivosos quando constatam que não há mais espaço para discriminações motivadas por etnia, cor da pele, razão social ou outro critério igualmente repugnante. Torcem o nariz, por exemplo, quando o filho do pobre chega a uma universidade, ou adquire uma profissão por um curso técnico que lhe garantirá dignidade e respeito.

O pior é quando enxergamos que existem aqueles que há mais de um século atrás habitariam ou a senzala (pela cor da pele, o que seria o meu caso) ou algum grotão de miséria (pelo critério de renda social), mas que ignoram a História e passam a se comportar como se fossem também da Casa Grande, e, assim como os herdeiros da Casa Grande, também torcem o nariz para as conquistas das camadas sociais menos favorecidas, agora melhor lembradas.