No mesmo dia, ladrões assaltam em duas agências do Correio de cidades do Oeste potiguar
Por volta das 9 ou 10 horas da manhã desta sexta-feira, 30 de janeiro, ladrões chegaram à agência do Correio de Paraú, localizada na Rua Capitão Manoel Martins, no Centro, e novamente anunciaram mais um assalto.
Como a mesma agência tinha sido assaltada não faz tanto tempo, a movimentação de banco ainda não havia sido retomada. O Correio, como sabido, funciona como Banco Postal, como um correspondente do Banco do Brasil.
Sem dinheiro no Correio, os ladrões então levaram telefones celulares e outros objetos de pessoas que se faziam presentes na agência.
No Município de Upanema, que territorialmente se limita com Paraú, o dia também foi de assalto à agência do Correio.
No início da tarde desta sexta-feira, 30, Rondinélio Oliveira Medeiros, 20 anos, residente no Bairro Alto Sumaré, Mossoró-RN, e um comparsa de nome ainda não revelado - mas segundo a Polícia, já identificado - assaltaram funcionários e usuários da agência do Correio de Upanema, segundo informações do Blog O Câmara (clique aqui).
A Polícia Militar aguardou os assaltantes saírem da agência, para evitar confronto que pudesse vitimar inocentes, e os perseguiu quando eles empreenderam fuga. A cerca de dois quilômetros da cidade, Rondinélio caiu da motocicleta e foi preso pela Polícia, que porém não conseguiu capturar de imediato o outro assaltante, que continuou em fuga.
Violência torna-se rotina na região Oeste do Estado, uma "terra sem Lei"
A cidade de Paraú tem sido palco de vários assaltos ao Correio e à agência local do Bradesco, que por sinal foi explodida por quadrilha fortemente armada no último dia 22 de janeiro de 2015 (clique aqui).
Upanema também tem sido cenário constante de assaltos à agência do Correio e também de explosões aos Bancos do Brasil (clique aqui) e Bradesco (clique aqui), além de outras formas de violência.
Diversos outros Municípios da região Oeste do Rio Grande do Norte passam pelo mesmo problema, sendo palcos até repetidos de assaltos a agências do Correio e a explosões de estabelecimentos bancários. Exemplo mais recente disso se deu em Messias Targino, onde a agência do Bradesco foi explodida por uma quadrilha fortemente armada no último dia 25 de janeiro, domingo (clique aqui).
Nessas explosões e bancos e caixas eletrônicos, geralmente acontecidas durante as madrugadas, as quadrilhas causam verdadeiro terror. Posicionam-se em frente às unidades locais da Polícia e noutros pontos estratégicos e disparam suas armas de grosso calibre, quebrando, além do silêncio da noite, a paz e o sossego dessas comunidades.
Em cidades como Upanema, Paraú, Campo Grande, Janduís, Messias Targino e tantas outras do interior do Rio Grande do Norte, o efetivo policial militar diário é de dois ou três policiais, havendo dias e casos em que apenas um policial militar se encarrega da segurança de determinados Municípios.
Delegado de Polícia Civil? Anda-se quilômetros para se encontrar um. O Estado não os dispõe em todos os Municípios, e mantém a vergonhosa prática de um mesmo delegado de Polícia Civil responder por várias Delegacias e Municípios, quando não tem condições de desenvolver um trabalho decente nem mesmo na Delegacia onde é titular, pois de tudo falta muito.
Vejam o exemplo: para quem mora em Paraú, ter que registrar uma ocorrência de furto, roubo ou outro ilícito penal, significa ter que ir a Campo Grande, distante vinte e nove quilômetros de Paraú. Como em Campo Grande nem sempre há delegado de Polícia Civil lotado na Delegacia local, muitas vezes o cidadão precisa se locomover mais quarenta e tantos quilômetros até a cidade de Patu, onde está a sede da Sétima Delegacia Regional de Polícia Civil, cujo titular, Sandro Reges, muitas vezes chega a responder por mais de dez Municípios.
Nesse faz-de-conta, os assaltantes e outros cometedores de ilicitudes penais, que levam muito a sério a "arte" de furtar, roubar e matar, "pintam e bordam" sem serem incomodados.
E não existem apenas assaltos a Correios e bancos, não. Em algumas rodovias do Estado, trafegar por elas requer muita fé em Deus e também muita sorte. Na RN 117 (no trecho entre Olho D´água do Borges e Caraúbas), na RN 233 (nos trechos entre Assu e Paraú, Campo Grande e Caraúbas e Caraúbas e Apodi) e na BR 226 (nos trechos entre Messias Targino e Janduís e Janduís e Campo Grande), os assaltos são muito frequentes.
Na maioria das vezes, as vítimas sequer querem mais registrar as ocorrências, pelo tanto de descrédito que adquiriu a segurança pública do Estado, um serviço público essencial que, infelizmente, está falido há décadas.
É bem verdade que ainda é cedo para se criticar o novo governo do Estado, mas também é verdade que as medidas mais emergenciais na área de segurança pública ficaram restritas a Natal, à região metropolitana de Natal e a alguns pouquíssimos Municípios de maior porte.
Para quem vive por essas bandas do Oeste potiguar o novo governo ainda não direcionou o seu olhar no quesito segurança, e o assunto vai cada vez mais de mal a pior.
Falta mobilização social e coletiva
Em meio à crise sem fim no que diz respeito à (falta de) segurança no Oeste do Rio Grande do Norte, um fato chama a atenção: a absoluta inércia da sociedade.
Políticos, lideranças comunitárias e as instituições em geral, como igrejas, Câmaras de Dirigentes Lojistas, sindicatos, faculdades e universidades, etc., deveriam se unir e cobrar dos responsáveis uma solução mais imediata para o problema, que atinge a todos indistintamente.
Infelizmente, todos assistem passivos a esse cenário de guerra, em que a força das armas de uns poucos amedrontam, ferem e matam a sociedade como um todo.
Até quando?
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