A direita quer Marina para tentar tirar Dilma a qualquer custo
Por Crispiniano Neto
O que me parece que vai se desenhando no cenário da eleição presidencial
é exatamente o que previ no primeiro momento, quando me comunicaram que
Eduardo Campos teria morrido em um desastre aéreo. Como animal político
que sou, além do choque natural pela tragédia, pensei nas consequências
políticas do fato.
Choque porque, pois uma vida humana que se vai dói
em qualquer alma sensível e ainda mais quando se trata de uma vida de
destaque como a do ex-governador e mais ainda por lembrar-me da sua
presença no lançamento do meu livro sobre Lula em Brasília e pelo fato
de ter perguntado por mim ao encontrar-se com o cordelista Paulo de
Tarso, de Tauá, coisa que eu nem esperava, pois não imaginei que tivesse
ficado me conhecendo a este ponto.
Pensei que seria natural a
substituição do seu nome pelo da sua vice, Marina da Silva, e que isto
viabilizaria um segundo turno, o que se configura como uma notícia ruim
para a candidatura Dilma, que marchava de rota batida para ganhar no
primeiro diante da estagnação de Aécio Neves, do esgotamento da
capacidade de inventar escândalos, com o murchamento da CPI da Petrobras
e o besteirol da Wikipedia que prova como o estoque de balas de prata
andava escasso.
Imaginei que, se a possibilidade era ruim para o PT por
viabilizar o segundo turno, pior seria para o PSDB, pois a insossa
candidatura de Aécio não resistiria a uma candidatura com mais apelo do
novo, por mais falso que isto me pareça e com o ingrediente da comoção,
que agora ela, mesmo dizendo que não quer falar de política, está
costurando a mil por hora, tentando carregar a viúva de Campos, como
vice, num gesto que demonstra o sentimento demagógico que invadiu aquela
Marina com cara de pura de antigamente.
O que quero dizer é que tendo o
segundo turno, quem vai é Marinha e não Aécio, mas a direita está se
lixando para Aécio que não vem demonstrando bom desempenho, mesmo depois
de passado o estágio probatório da sua candidatura. Muito pelo
contrário, todo dia é alvo de um novo escândalo, denunciado até mesmo
pela mídia direitosa.
Restrições, Marina tem muitas. Seja dentro do PSB
onde tem muitas antipatias, seja no meio empresarial, com especialidade
do agronegócio pelo seu perfil de ecochata, mas já sem muita convicção.
O
problema é que a direita nacional e internacional sabem que Marina não é
ameaça nenhuma ao capitalismo neoliberal. E não precisa esperar ser
eleita para mostrar isto. Na tentativa de ganhar, ela já começará a
passar recibo na semana que vem “tranquilizando o mercado” de que será
bem menos incômoda ao capital financeiro, aos interesses dos
investidores estrangeiros e do agronegócio, que Dilma Rousseff vem
sendo.
Resta saber o que vai pensar um imenso contingente de eleitores
do povão, que não costuma raciocinar com base nos argumentos da mídia.
Não se celebrará a missa de sétimo dia, sem que se conheça a nova
Marina, que já está se pintando...
Crispiniano Neto é jornalista, poeta, escritor, agrônomo e bacharel em Direito
Fonte: www.crispinianoneto.blogspot.com.br
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