Quero o carnaval de volta
Dizem que no Brasil o ano realmente só começa depois do carnaval. Parece ser uma verdade.Para mim, porém, o ano está começando mais cedo.
De fato, ando desanimado com esses carnavais que nos são ofertados por essas plagas do interior do Rio Grande do Norte, e não tenho - e nunca tive - recursos financeiros para ver de perto os grandes carnavais de Recife e Olinda, com muito frevo e maracatu, ou de Salvador, com uma boa dose do melhor e mais autêntico axé, ou com a música contagiante de astros como Gilberto Gil, Daniela Mercury e Margarete Menezes.
Por aqui, durante os dias de carnaval, nada de tocarem marchinhas, frevo, um axé de qualidade, ou algo que possa realmente lembrar os carnavais de outros tempos.
Agora, se quisermos ir a um baile de carnaval, temos que aturar esses cantores e bandas de - falso - forró (chamado de forró eletrônico), que repetem no carnaval as mesmas pseudo-músicas que entoam durante todo o restante do ano.
São "músicas" que juntam o nada com nada e geralmente vêm acompanhadas daquelas chamadas do cantor, do tipo "tem cachaceiro aí?", "tem rapariga aí?", "tem corno aí?".
No carnaval de agora, ao menos por essas bandas do Rio Grande do Norte, os nomes são "não sei quem do forró" ou "não sei quem estourado". E ainda tem os que pagam fortunas para se tornarem "aviãoseiros" ou "safadões" em pleno período de carnaval.
Nessa aridez de música carnavalesca de qualidade ainda se tem, por bem, o excelente som da Orquestra de Frevo do Magão, de Caicó, um oásis de boa música durante a festa de Momo.
Roberto (ex-Terríveis) e sua banda Maior Expressão, e Feras, de Parelhas, são também exceções nesse universo perdido de música ruim. Mas têm perdido espaço justamente para os "forrozeiros eletrônicos", mesmo em períodos de carnavais.
No carnaval de 2016, a tal da "Metralhadora", que mais parece incentivo para quem já vive atolado em violência do que música propriamente dita, foi o "hit" da folia.
Em 2017, parece que uma tal "Onda" irá invadir os bailes de carnaval. Além dela, os já conhecidos e surrados forrós eletrônicos serão a tônica de uma festa que, para mim, infelizmente, já parece ter acabado.
Esperançoso por algo melhor, passei o olho em blogues e portais de notícias do Rio Grande do Norte e da Paraíba. De cara, vi o anúncio de uma prévia carnavalesca numa cidade do Oeste potiguar. Mas logo me desanimei: Zé Sanfoneiro, Zé Filho Sanfoneiro e Pé de Ferro do Forró são as através da "prévia de carnaval".
Se a prévia será assim, imagine como não será o carnaval propriamente dito...
Alcimar Antônio de Souza
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