OAB homenageará abolicionista que libertou mais de 500 escravos
Brasília – Ao longo dos seus 85 anos de história, a OAB presta homenagem aos
grandes juristas que se destacaram em sua atuação. Este é o caso de Luiz Gama
(1830-1882), negro liberto que se tornou libertador de negros, e foi responsável
por alforriar, pela via judicial, mais de 500 escravos.
“Ele era um grande defensor da abolição e sua atuação como rábula livrou
inúmeras pessoas dos grilhões escravistas”, destaca o presidente nacional da
OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.
Sua importante atuação foi lembrada pela Ordem recentemente, num livro
editado pela entidade, chamado Advogados
Abolicionistas, que homenageou também Francisco Montezuma, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa. “Trata-se de uma justíssima homenagem a quem tanto lutou
pela liberdade, igualdade e respeito”, ressalta Marcus Vinicius.
Na noite da próxima terça-feira (3), em cerimônia na Universidade
Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, Luiz Gama será simbolicamente homenageado
como Advogado Brasileiro, 133 anos após a sua morte.
"No atual modelo da advocacia brasileira, é a primeira vez que tal homenagem
é conferida", afirma o presidente acional da OAB, Marcus Vinicius Furtado
Coelho.
Autodidata
Nascido em Salvador, filho de um português com uma escrava liberta, foi
vendido como escravo pelo próprio pai quando tinha dez anos. Alforriado sete
anos mais tarde, estudou direito como autodidata e passou a exercer a função,
defendendo escravos. Também foi ativista político, poeta e jornalista.
Ele bem que tentou cursar direito no largo São Francisco. "Mas a aristocracia
cafeeira da época não permitiu, porque ele era negro", atesta Câmara. "Mesmo
assim, era assíduo frequentador da biblioteca de lá." No prefácio do livro, o
jurista Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça, afirma que Gama foi "o
negro mais importante do século 19".
Por complicações da diabete, o abolicionista Gama, entretanto, morreria seis
anos antes de a Lei Áurea ser promulgada. Dez por cento da população paulistana,
de acordo com estimativas da época, compareceu ao seu enterro - São Paulo
contava então com 40 mil habitantes.
A multidão começou a chegar ao Cemitério da Consolação, onde ocorreu o
sepultamento, ao meio-dia - o enterro estava marcado para às 16h. Não houve
transporte oficial para o cortejo fúnebre. Do bairro do Brás, onde ele morava, o
caixão foi passando de mão em mão até chegar à sepultura, num gesto
coletivo.
Com informações do jornal O Estado de São Paulo.
Fonte: www.oab.org.br
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