domingo, 7 de dezembro de 2014

Opinião

A história real da velhinha do Congresso que 'poderia ser sua mãe'

Crispiniano Neto

O site Diário do Centro do Mundo traz um artigo de Paulo Nogueira bem esclarecedor sobre a “vovozinha” que se uniu com “lobão mau” para comerem juntos todos os que ousam usar chapeuzinho vermelho. E eis que descobrimos que a pobre velhinha, aquela senhora que poderia ser a mãe ou a avó de qualquer um de nós, mataria todos os comunistas bolivarianos lulodilmistas do Brasil e do mundo se lhe dessem armas para isso. Durou pouco, bem ao estilo da Era Digital, a farsa montada em torno de Ruth Gomes de Sá depois que ela foi fotografada quando um segurança a continha no Congresso.

A revista Fórum fez o que nenhum repórter das grandes companhias fez: foi checar a acurácia das declarações da idosa no Facebook. E então descobriu, primeiro, que a “aposentada” se apresentava como servidora pública. Depois, que é integrante de um grupo de extrema direita que prega não apenas o impeachment de Dilma, mas uma intervenção militar nos moldes da de 64. Rapidamente, ela retirou seu perfil no Facebook do ar. Não sem antes, é claro, ser objeto de simulada comoção entre direitistas como ela.

Lobão, que caminha para ser igual a ela no futuro não tão remoto, retuitou uma frase que dizia o seguinte: “Podia ser sua mãe.” Bem, poderia, mas só se sua mãe quisesse ver esquerdistas pendurados no poste por todo o país. O Facebook da doce velhinha tinha uma foto reveladora, na qual ela aparecia ao lado de Aécio, não o de papelão, mas o real. Isso mostra o quanto o PSDB se misturou com a extrema direita. Também aí o PSDB repete a UDN: na proximidade com quem quer dar um golpe. Antes, era Jango o alvo. Agora, é Dilma. Mudaram os tempos e os nomes, mas não a estratégia.

Falar obsessivamente em “mar de lama”, com a ajuda infinita dos barões da imprensa. No mundo fantasioso que se tenta criar, Dilma, Lula e o PT inventaram a corrupção no Brasil. Ou reinventaram, uma vez que Jango já tinha feito isso na década de 1960, e antes dele Getúlio. No caso Petrobras, por exemplo, não é um problema estrutural e velho, ainda que o delator diga que desde Sarney – incluído FHC, claro – cargos altos tinham origem política.

Também não vale nada que o delator tenha afirmado que o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, já morto, tomou 10 milhões da Petrobras para evitar uma CPI. É em meio a isso tudo que surgem, abraçados ao PSDB, figuras como a pobre senhora que poderia ser sua- mãe se sua mãe quisesse matar todos os bolivarianos. A imagem dela ao lado de Aécio, os dois num sorriso histérico, conta muito sobre ambos e o ambiente político que os cerca.

Crispiniano Neto é agrônomo, jornalista, bacharel em Direito, poeta e escritor.

Fonte: www.crispinianoneto.blogspot.com.br

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