O Brasil atrasado dos Maias e dos Neves
Crispiniano Neto*
José Agripino, em um dos seus mais irresponsáveis e
“porraloucas” dos seus quase sempre inconseqüentes depoimentos, afirmou que
Aécio ganhou no “Brasil moderno e que produz”. A afirmativa, ao positivar o Sul
e São Paulo como o Brasil moderno e produtivo, traz em si uma negativa em
relação ao Nordeste, Norte, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde Dilma ganhou.
Desqualifica estas regiões, quanto à modernidade e à capacidade produtiva, o
que implica em capacidade e coragem de trabalho do nosso povo. Do dizer de Agripino
depreende-se que estas regiões são atrasadas e improdutivas. Ou seja, o
nordestino, além de atrasado, é preguiçoso e incompetente. Esse é o texto
que Agripino, não falou, mas disse.
Porém... Esqueceu-se Agripino que, além da região Norte, onde
as vitórias de Dilma e Aécio foram divididas, com uns Estados para um e outros
Estados para a outra, foi o Nordeste que fechou questão, dando vitória em todos
os Estados a Dilma Rousseff, e, em Minas Gerais, dos 835 municípios do Estado,
Aécio perdeu em 608, sendo que em vários deles por mais de 80%. Diga-se de
passagem que na capital e no Triângulo Mineiro, regiões mais ricas do Estado,
Aécio perdeu feio.
O discurso de José Agripino exige também uma leitura sobre a
competência dele, da família oligárquica a que pertence a ao próprio Aécio
Neves. Comecemos por Minas Gerais, onde Aécio sofreu uma derrota acachapante.
Trata-se de um Estado que sempre teve grande peso na economia e na política
nacional. E que nas últimas décadas, desde o fim da ditadura, vem sendo
governado por políticos apoiados por Aécio, como o seu avô Tancredo, Nilton
Cardoso, Hélio Garcia, Itamar Franco, o próprio Aécio e o seu pimpolho,
Anastasia.Portanto, se Minas é um atrasado, debite-se ao próprio aecismo.
Na banda de cá, temos um Rio Grande do Norte que foi
governado pelo próprio, por oito anos, pelo seu pai e seu primo Lavoisier por
dez anos, por sua ex-parente Vilma por oito anos e por seu correligionário
Garibaldi e Geraldo Melo por mais doze anos, a vizinha Paraíba vem da tradição
de ser governada por seu tio João Agripino Maia e seus sucessores, com toda a
força que ele tinha na ditadura como ministro por duas vezes. Quanto ao Rio de
Janeiro, sofreu a liderança do seu primo de Catolé do Rocha, César Maia. E lá
pelo Norte também tem uns Maias metidos na política, sem nada digno de nota que
tenham feito em prol do modernismo político e econômico.
Crispiniano Neto é agrônomo, jornalista, bacharel em Direito, poeta e escritor.
Fonte: Coluna Prosa & Preso
(www.crispinianoneto@blogspot.com.br)
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