segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Opinião

O Brasil atrasado dos Maias e dos Neves

Crispiniano Neto*

José Agripino, em um dos seus mais irresponsáveis e “porraloucas” dos seus quase sempre inconseqüentes depoimentos, afirmou que Aécio ganhou no “Brasil moderno e que produz”. A afirmativa, ao positivar o Sul e São Paulo como o Brasil moderno e produtivo, traz em si uma negativa em relação ao Nordeste, Norte, Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde Dilma ganhou. Desqualifica estas regiões, quanto à modernidade e à capacidade produtiva, o que implica em capacidade e coragem de trabalho do nosso povo. Do dizer de Agripino depreende-se que estas regiões são atrasadas e improdutivas. Ou seja, o nordestino, além de atrasado, é preguiçoso e incompetente. Esse é o texto que Agripino, não falou, mas disse.

Porém... Esqueceu-se Agripino que, além da região Norte, onde as vitórias de Dilma e Aécio foram divididas, com uns Estados para um e outros Estados para a outra, foi o Nordeste que fechou questão, dando vitória em todos os Estados a Dilma Rousseff, e, em Minas Gerais, dos 835 municípios do Estado, Aécio perdeu em 608, sendo que em vários deles por mais de 80%. Diga-se de passagem que na capital e no Triângulo Mineiro, regiões mais ricas do Estado, Aécio perdeu feio.

O discurso de José Agripino exige também uma leitura sobre a competência dele, da família oligárquica a que pertence a ao próprio Aécio Neves. Comecemos por Minas Gerais, onde Aécio sofreu uma derrota acachapante. Trata-se de um Estado que sempre teve grande peso na economia e na política nacional. E que nas últimas décadas, desde o fim da ditadura, vem sendo governado por políticos apoiados por Aécio, como o seu avô Tancredo, Nilton Cardoso, Hélio Garcia, Itamar Franco, o próprio Aécio e o seu pimpolho, Anastasia.Portanto, se Minas é um atrasado, debite-se ao próprio aecismo.

Na banda de cá, temos um Rio Grande do Norte que foi governado pelo próprio, por oito anos, pelo seu pai e seu primo Lavoisier por dez anos, por sua ex-parente Vilma por oito anos e por seu correligionário Garibaldi e Geraldo Melo por mais doze anos, a vizinha Paraíba vem da tradição de ser governada por seu tio João Agripino Maia e seus sucessores, com toda a força que ele tinha na ditadura como ministro por duas vezes. Quanto ao Rio de Janeiro, sofreu a liderança do seu primo de Catolé do Rocha, César Maia. E lá pelo Norte também tem uns Maias metidos na política, sem nada digno de nota que tenham feito em prol do modernismo político e econômico.

Crispiniano Neto é agrônomo, jornalista, bacharel em Direito, poeta e escritor.

Fonte: Coluna Prosa & Preso (www.crispinianoneto@blogspot.com.br) 

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