Chegou a hora. Vamos votar
Alcimar Antônio de Souza
Neste domingo, 5 de outubro, mais uma vez voltamos às urnas em mais um amplo processo de eleições gerais. Com cinco digitações diferentes na urna eletrônica, elegeremos deputados estaduais, deputados federais, um senador da República, governador do Estado, vice-governador, presidente da República e vice-presidente.
Bastante criticada, a nossa democracia ainda é uma das melhores de todo o mundo. Aqui, a urna eletrônica é confiável e nem a votação nem a apuração demora o desnecessário e prolongado tempo que se vê demorar em países chamados de Primeiro Mundo, onde os eleitos nem sempre parecem ter sido realmente os eleitos.
Para os parlamentos brasileiros, é bem verdade que o sistema adotado muitas vezes acarreta injustiças para candidatos e para os eleitores em si, pois é comum que candidatos menos votados sejam eleitos pelo sistema de coeficiente eleitoral vigente, em detrimento de candidatos até mais festejados nas urnas.
Mas, com acertos e desacertos, o nosso regime democrático ainda é, de longe, bem melhor do que o de dezenas de outros países que arrotam democracia.
O negro período da ditadura militar, tão fortemente combatido por políticos e cidadãos mais comuns que, na época, foram perseguidos, presos e até mortos, não foi capaz de tirar de nós o desejo de liberdade.
Infelizmente, alguns algozes e comparsas daquele regime de exceção aproveitaram o bonde da democracia e atualmente vestem a falsa indumentária de democratas, como se por mais de duas décadas não foram responsáveis por todo o terror vivido pela parte do povo brasileiro que não se resignava com o sistema ditatorial.
Na luta contra aquele regime opressor, pudemos contar com o batimento forte e decisivo de corações corajosos, humanistas, valentes.
É bem verdade que ainda estamos aprendendo a votar. Mas estamos fazendo isso a largos passos, inclusive porque os nossos políticos nos impõem o comparecimento às urnas a cada dois anos.
E, de tanto votarmos, estamos melhorando os nossos critérios de escolha. Os nossos erros do passado vão ficando para trás e agora estamos avaliando melhor aqueles e aquelas que usam os programas eleitorais e as tribunas de palanques para pedirem o nosso voto.
Em alguns casos, já sabemos discernir quem é mais preparado para este ou aquele cargo público eletivo, e também já sabemos quem realmente trabalha e quem realmente nada fez quando teve a oportunidade.
Também não nos engana mais tão facilmente aquele discurso de auto-piedade, de querer que, por dó, elejamos alguém, afinal, quem se propõe a nos representar nos diversos níveis de representação popular tem que ser alguém forte, com determinação, com ideias bem construídas, com ideal público e, principalmente, com sentimento capaz de enxergar na erradicação da pobreza a principal bandeira de qualquer eleito.
As nossas seculares desigualdades sociais e econômicas; a cultura equivocada de que os provenientes das "senzalas" e dos guetos não podem dividir os mesmos sonhos dos senhores de engenho e dos magnatas; a exclusão social e econômica à qual foram submetidos até o início deste século milhares de brasileiros; a inapropriada ideia de que o gigante bolo que são as riquezas brasileiras somente deveria ser dividido entre uns poucos; tudo isso, graças a Deus, aos poucos vai ficando para trás.
Agora, o filho do carpinteiro pode cursar a mesma universidade onde antes só estudava o filho do empresário; o pequeno produtor rural, que antes nem sabia direito onde ficava uma agência do Banco do Brasil ou do Banco do Nordeste, agora pode requerer e obter pequenos financiamentos para a sua atividade campesina; o pequeno empreendedor já sabe que, em algum banco oficial, há uma linha de crédito com taxas relativamente pequenas, para o projeto que lhe trará, além do sustento, maior dignidade; o rapaz e a moça de classe média ou baixa ou mais humildes podem se casar com uma preocupação a menos: com pouco esforço e um nome limpo na praça, poderão obter o financiamento para uma moradia digna, ou até mesmo poderão recebê-la sem qualquer ônus, o que se dá preferencialmente entre os economicamente menos favorecidos.
A significativa melhora de vida para a nossa gente, sobretudo para a sua camada mais sofrida, caminha na mesma proporção em que vamos aperfeiçoando o nosso regime democrático.
Mas, muita coisa ainda há de ser feita, tanto para o aperfeiçoamento da democracia, como para o aperfeiçoamento das nossas conquistas sociais, afinal, democracia e cidadania são conceitos bem próximos, certamente irmãos siameses, de coexistência sempre necessária.
Portanto, neste domingo, 5 de outubro, use o silêncio da urna para pôr em prática o silêncio da sua consciência. Estando só você e a maquininha eletrônica, escolha bem, pensando não apenas em você, mas também nos seus descendentes e na sociedade como um todo.
E que Deus nos dê um dia tranquilo de domingo de eleições.
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