Viúva de militar pede perdão a ex-preso por tortura no DOI-Codi, no Rio
Maria Helena Souza, viúva do médico psicanalista Amilcar Lobo --morto em em 1997--, que servia ao DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) durante o regime militar, pediu perdão ao ex-preso político Cid Benjamin durante audiência da CEV (Comissão Estadual da Verdade), nesta quarta-feira (2), no auditório da Caarj (Caixa de Advogados Aposentados do Rio), no centro do capital fluminense.
Emocionada, Maria Helena foi a única depoente que aceitou responder aos
questionamentos feitos pelos membros da Comissão da Verdade no decorrer
da sessão. Antes dela, os militares da reserva Luiz Mário Correia Lima e
Dulene Garcez, suspeitos de terem participado das sessões de tortura
que levaram à morte o jornalista e dirigente do PCBR (Partido Comunista
Brasileiro Revolucionário) Mário Alves, em janeiro de 1970, se
mantiveram em silêncio.
A testemunha disse que o marido participou "involuntariamente" das
sessões de tortura. Sua função era analisar as condições físicas e
psicológicas dos presos políticos submetidos às agressões dos
torturadores, e atestar se eles poderiam ou não continuar no DOI-Codi.
"Eu não o inocento. Ele teve sua participação involuntária, mas teve",
afirmou a viúva em referência a Lobo.
Ao se dirigir a Cid Benjamin, que hoje trabalha no setor de comunicação
da CEV, Maria Helena disse que o marido era obrigado a lidar com ameças
de represália, principalmente em relação aos filhos e à família. "A
vida do Amilcar foi marcada por muitas coisas que não batem uma com a
outra. Descrever essa história é extremamente importante para mim e para
o Brasil", disse ela.
Texto e foto: UOL
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